Resenha do livro "O Homem da Tradição" de Eduard Alcántara.
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Enquanto alguns diletantes, teóricos e os mais variados devotos dos mais diversos fideísmos reivindicam para eles próprios o "status" de tradicionalistas: algo que seguramente pertence também à crise e à confusão nas quais se encontram os espíritos e as mentes dos homens do nosso tempo, outros ousam apontar o caminho mais provável, tomando como base; não o fatalismo e a obscuridade de certos sistemas de crenças em franco declínio (alguns pelos quais até lamentamos pelas circunstâncias disparatadas, mesmo abjectas nas quais vêm atingindo esse declínio), muito menos a ligeireza pedante e desvirilizada dos "iluminados" modernos: Esses moços de recados que vendem as suas caras opiniões a soldo das "egrégoras" dominantes no seu afã de moldarem e controlarem a realidade à sua imagem e semelhança.
Dentre aqueles que impassíveis e imperturbáveis, insurgem-se contra a vulgaridade, contra o dogmatismo cego do credo liberal e contra todas as superficialidades hodiernas está Eduard Alcántara, autor tradicionalista espanhol que merece a nossa mais sincera estima e a nossa devida atenção.
Como o autor defende, o homem que pugna por ser da Tradição age sempre em sua consciência, tentando não baixar a guarda, sacralizando a quotidianidade mesmo nas coisas mais simples. Nessa fase terminal da Idade do Lobo ou Kali Yuga, esse homem não se deixará abater ou exaltar em demasia, sejam as suas acções frustradas ou bem-sucedidas. Chama ainda a atenção para o facto de que nem todos os homens que aspiram a essa transmutação interior em direcção ao Ideal lograrão alcançá-la, mas que desde que a referência permaneça viva, ao menos afastar-se-ão da condição de homens vulgares... E aqui cabe a máxima de Nietzsche: "aquele que não seja capaz de governar a si próprio, que obedeça".
O progressismo, o liberalismo e a democracia destruíram a sociedade natural, mergulharam o homem numa era de trevas, ocultaram o caminho da tradição e deixaram o homem abandonado aos seus instintos meramente animais. A vulgaridade, a baixeza e o apego doentio à matéria da qual o homem moderno é vítima (o "homem comum") distanciam as virtudes modernas das virtudes tradicionais, que constituem o antídoto ideal para a dinâmica dissoluta dos tempos que correm.
É essa carência de tradição que torna impossível para o “homem comum” perceber pura e simplesmente a harmonia, a ordem e a beleza da natureza. Para Alcántara (e também para nós), no campo oposto ao homem da tradição encontra-se o "homem fugaz" representante de nossos tempos, nos quais o relativismo surgiu como uma de suas marcas; Nada se salva de ser passível de relativismos e ambiguidades mesmo em sua própria legitimidade e essência, portanto, os novos ícones que se colocam no lugar das referências tradicionais tendem a ter uma existência efémera. Para a modernidade não existem verdades absolutas incontestáveis, nem valores que delas dependam.
Como define o autor - sabiamente - a tradição é uma forma de compreender e viver o mundo e a existência que impeliu o homem a canalizar todas as suas actividades quotidianas para fins elevados, suprasensíveis, metafísicos ... e o levou a configurar tecidos sociais, culturais , económica e políticamente guiados e impregnados até o âmago por esses valores superiores dirigidos à aspiração da realização de um fim supremo e transcendente.
É precisamente essa negação do mundo tradicional que levou o homem moderno a se encontrar perdido, desorientado e isolado em si próprio, como - tomando emprestada uma advertência do filósofo Estóico Séneca:" uma árvore que foi transplantada muitas vezes e não pôde finalmente crescer".
Alea jacta est!
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No
seu “Cavalgar o Tigre”, manual para os aristocratas de espírito numa
época de dissolução, Evola lembra-nos que os estóicos - pela voz de
Séneca - entendiam que era aos mais capazes que os deuses reservavam as
provas mais duras.
“Séneca dizia que nenhum espectáculo é mais
aprazível para os deuses do que o do homem superior a enfrentar a
adversidade. Só aí pode conhecer a sua força – e Séneca acrescenta que
são os homens de valor que são enviados para as posições mais arriscadas
ou para as missões mais difíceis, enquanto os indignos e os fracos são
deixados para trás.” (pag 58, versão inglesa, Ed. Inner Traditions)
Esta
ideia que os estóicos cultivavam e que Nietzsche - grande recuperador
da tradição europeia - retomará, com o seu conceito de amor-fati (amor
ao destino) ou com alguns dos seus conhecidos aforismos (“Da Escola de
Guerra da Vida - o que não me mata torna-me mais forte”) é, na verdade, a
expressão filosófica de uma ideia cara à tradição imemorial dos povos
europeus, manifestada desde os primórdios na sua religiosidade.
Quando
se questionavam por que razões permitiam os deuses o advento dos
infortúnios sobre os homens, os gregos lembravam os adágios da sua
tradição: é no infortúnio que os deuses vêem a grandeza dos homens e se
os homens não fossem sujeitos a enfrentá-lo, seriam incapazes de se
diferenciar, de se erguer da mediocridade.
Na antiga tradição
europeia, o que a divindade pede dos homens não é, portanto, a humildade
em troca da salvação, é que nos momentos difíceis se comportem à
altura, com coragem e dignidade. São os homens que o conseguem que são
os predilectos dos deuses. E é por isso que na antiga tradição nórdica
são os homens superiores e aqueles que tombaram em combate que ascendem
ao Valhala para junto dos deuses.
Na sua obra-magna sobre as
atitudes religiosas dos povos indo-europeus, Hans F. Gunther recorda-nos
essa característica distintiva da nossa tradição primordial:
“Faz
parte da força espiritual dos indo-europeus – e isto é testemunhado
pela grande poesia destes povos e, acima de tudo, pelas suas tragédias –
sentir profunda alegria no destino – na tensão entre as limitações do
homem e a infinidade dos deuses. Nietzsche chamou a esta alegria
amor-fati. Em especial aqueles de entre os indo-europeus com uma alma
rica sentem – precisamente no meio do turbilhão dos golpes do destino –
que a divindade lhes concedeu um grande destino perante o qual devem
provar o seu valor (…). Mas esta alegria perante o destino, sentida
pelos indo-europeus, nunca se transforma em aceitação da sorte ou em
fatalismo.” (capitulo 3)
Somos hoje as testemunhas vivas do ocaso
de uma era longa que foi marcada pela grandeza dos povos europeus e
espera-nos agora um tempo de decadência que nos colocará perante grandes
dificuldades.
É então o momento de nos lembrarmos da nossa
tradição mais profunda e nos enchermos de alegria, pois é sinal de que o
destino se prepara para nos testar e que os deuses nos escolheram e nos
concederam uma grande honra.
Não é tempo de nos ajoelharmos,
humildes e culposos, em súplicas à procura de redenção, é tempo para
agradecermos a dura prova que os deuses nos propõem, porque,
independentemente do final, o que importa é que nos mostremos à altura
do desafio, de pé, orgulhosos perante o destino e dispostos ao combate.
Alea jacta est!
Rodrigo Penedo
Mini Manual do Militante da Tradição
O presente “minimanual” foi originalmente publicado em Itália pela organização tradicionalista Raido, sob a forma de dois opúsculos dedicados à Formazione del Militante della Tradizione , intitulados Il mondo della Tradizione e Unità operanti per il fronte della Tradizione . Estes dois textos foram reunidos, em 2010, num único volume e publicados em língua inglesa pela editora Arktos Media sob o título A Handbook of Traditional Living – Theory & Practice . O texto agora apresentado corresponde à tradução da referida edição em língua inglesa, tendo-lhe sido acrescentada ainda uma terceira parte (“Anexos”) da nossa responsabilidade.
PREFÁCIO DO TRADUTOR DA EDIÇÃO EM LÍNGUA INGLESA
A publicação do presente texto serve dois propósitos complementares: a) apresentar ao leitor uma introdução acessível ao mundo da Tradição; e b) oferecer linhas de orientação àqueles que já se encontram envolvidos na arena da política revolucionária. As Partes I e II deste volume foram originalmente publicadas separadamente em Itália, sob os títulos “Il Mondo della Tradizione” e “Il Fronte della Tradizione”.
A Parte I propõe-se definir a Tradição como a fonte eterna de valores espirituais e normativos que dá sentido e dignidade aos indivíduos e à sociedade de que fazem parte. Os seus autores abordam os principais aspectos da perspectiva tradicional: as noções de metafísica, esoterismo, iniciação, casta, autoridade, declínio cíclico e renovação. Os valores tradicionais são aqui apresentados como um baluarte contra o violento ataque de forças profundamente desagregadoras: A rejeição de todas as injustiças, mentiras e ilusões dá lugar a duas frentes: se a falsidade é o instrumento da subversão, a Verdade é a arma vitoriosa da Tradição. A Verdade não é um produto humano, mas existe independentemente dos indivíduos, que no entanto têm o dever de a compreender e de a realizar por meio da acção no mundo. Essa acção é a via defendida neste volume.
O leitor deve, por isso, ter em mente que a exposição das doutrinas tradicionais apresentada está intimamente relacionada com a equação pessoal dos autores, que seguiram o exemplo legionário ao escolherem, como seu lema de vida, a máxima “Vita est militia super terram”. Dada a sua inclinação de kshatriya, a “Raido” não é uma associação de escritores, mas sim uma base militante : uma comunidade local composta por indivíduos que procuram manter os valores da Tradição através da actividade social e política. Quando este texto foi publicado pela primeira vez, há cerca de dez anos, destinava-se essencialmente a instruir os jovens militantes políticos das fileiras da direita radical italiana. A abordagem à Tradição apresentada neste opúsculo é, portanto, assumidamente evoliana.
Não há nada nestas páginas que o próprio Julius Evola não subscrevesse e, talvez, algumas coisas com que tradicionalistas de outra inclinação poderão discordar. Poderá ser esse especialmente o caso em relação à narrativa meta-histórica apresentada no Capítulo 7 da Parte I, que se baseia, quase exclusivamente, na Revolta contra o Mundo Moderno.
Longe de ser uma desvantagem, o espírito evoliano deste trabalho oferece ao leitor que só agora começa a conhecer o mundo da Tradição uma introdução concisa à Visão meta-histórica de um dos seus maiores porta-vozes do século XX. A orientação evoliana da primeira metade deste volume estabelece também o ritmo para a Parte II, na qual se faz uma tentativa de relacionar os valores da Tradição com a luta activa contra a Subversão na sociedade contemporânea.
As reflexões apresentadas na Parte II têm as suas raízes em décadas de difícil activismo político: num desejo de aprender com os erros e de cortar com ideologias estéreis. As sugestões e modelos propostos pela “Raido”, e inspirados no exemplo legionário da Guarda de Ferro romena, são aplicáveis a todas as comunidades de orientação tradicional. No entanto, se a instrução do soldado político permanece o mais explícito objectivo deste trabalho (originalmente publicado como parte de uma colecção dedicada à “Formação do Militante da Tradição”), os seus ensinamentos são aplicáveis a um âmbito muito mais vasto, já que as antiquadas noções que ele invoca – de Lealdade, Amor, Justiça e Verdade – são tão relevantes para a vida do lobo solitário como para a do homem da milícia.
A Frente da Tradição, independentemente da forma exterior adoptada, é acima de tudo um estado interior: uma grande Jihad a ser levada a cabo em cada momento contra os inimigos internos.
DO PREFÁCIO À SEGUNDA EDIÇÃO ITALIANA
Fomos muito encorajados na publicação deste pequeno, mas essencial, texto, que não procura ser exaustivo, mas apenas oferecer aos militantes uma oportunidade para a reflexão. O objectivo deste texto é despertar o entusiasmo pela Tradição entre aqueles que têm um mesmo temperamento e propiciar o tipo de desenvolvimento pessoal capaz de afastar os militantes de todas as formas de perversão moderna.
É nossa firme convicção que sem um claro ponto de referência é difícil escapar ao vórtice de decadência que, a longo prazo, poderá acabar por devorar até aqueles que em princípio se opõem à crise do mundo moderno. Frequentemente a nossa acção não dispõe de uma direcção clara; vive-se de dia em dia, ora enredado nas areias movediças do intelectualismo estéril, ora vítima sacrificial da agitação sem sentido. O militante ora fica aprisionado numa torre de marfim, ora está disposto a afrontar qualquer questão social numa tentativa de provar estar actualizado: em ambos os casos, permanece inconsciente da realidade que o rodeia.
Em Revolta contra o Mundo Moderno, Julius Evola defende que “sair da Tradição significava sair da verdadeira vida: abandonar os ritos, alterar ou violar as leis, confundir as castas, significava retroceder do cosmos para o caos” . A Tradição actua como uma norma: como uma lei interna e externa que deve ser seguida, particularmente em momentos de crise como o actual. Enquanto medida e norma, a Tradição deve acima de tudo moldar o nosso modo de vida e ajudar-nos a distinguir entre amigos e inimigos. Por este motivo, a doutrina tradicional não pode ser imposta: apenas pode ser escolhida livremente mediante um acto consciente de desenvolvimento interno.
Embora alguém se possa revelar indigno das suas aspirações ou tombar perante um obstáculo, aquilo que realmente importa é a capacidade de se erguer novamente e enfrentar as dificuldades com renovada determinação. A Tradição é o suporte necessário para que o militante enfrente os desafios da vida quotidiana. O militante deve manter-se lúcido e consciente: o respeito pela verdade e pela justiça, pela Natureza e as suas leis, serão sinais tangíveis da sua ligação à Ordem transcendente que envolve totalmente o homem.
EDIÇÃO LIMITADA
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