Resenha do livro "O Homem da Tradição" de Eduard Alcántara.

        



  Enquanto alguns diletantes, teóricos e os mais variados devotos dos mais diversos fideísmos reivindicam para eles próprios o "status" de tradicionalistas: algo que seguramente pertence também à crise e à confusão nas quais se encontram os espíritos e as mentes dos homens do nosso tempo, outros ousam apontar o caminho mais provável, tomando como base; não o fatalismo e a obscuridade de certos sistemas de crenças em franco declínio (alguns pelos quais até lamentamos pelas circunstâncias disparatadas, mesmo abjectas nas quais vêm atingindo esse declínio), muito menos a ligeireza pedante e desvirilizada dos "iluminados" modernos: Esses moços de recados que vendem as suas caras opiniões a soldo das "egrégoras" dominantes no seu afã de moldarem e controlarem a realidade à sua imagem e semelhança.

   Dentre aqueles que impassíveis e imperturbáveis, insurgem-se contra a vulgaridade, contra o dogmatismo cego do credo liberal e contra todas as superficialidades hodiernas está Eduard Alcántara, autor tradicionalista espanhol que merece a nossa mais sincera estima e a nossa devida atenção.   

      Como o autor defende, o homem que pugna por ser da Tradição age sempre em sua consciência, tentando não baixar a guarda, sacralizando a quotidianidade mesmo nas coisas mais simples. Nessa fase terminal da Idade do Lobo ou Kali Yuga, esse homem não se deixará abater ou exaltar em demasia, sejam as suas acções frustradas ou bem-sucedidas. Chama ainda a atenção para o facto de que nem todos os homens que aspiram  a essa transmutação interior em direcção ao Ideal lograrão alcançá-la, mas que desde que a referência permaneça viva, ao menos afastar-se-ão da condição de homens vulgares... E aqui cabe a máxima de Nietzsche: "aquele que não seja capaz de governar a si próprio, que obedeça".

     O progressismo, o liberalismo e a democracia destruíram a sociedade natural, mergulharam o homem numa era de trevas, ocultaram o caminho da tradição e deixaram o homem abandonado aos seus instintos meramente animais. A vulgaridade, a baixeza e o apego doentio à matéria da qual o homem moderno é vítima (o "homem comum") distanciam as virtudes modernas das virtudes tradicionais, que constituem o antídoto ideal para a dinâmica dissoluta dos tempos que correm.

 É essa carência de tradição que torna impossível para o “homem comum” perceber pura e simplesmente a harmonia, a ordem e a beleza da natureza. Para Alcántara (e também para nós), no campo oposto ao homem da tradição encontra-se o "homem fugaz" representante de nossos tempos, nos quais o relativismo surgiu como uma de suas marcas; Nada se salva de ser passível de relativismos e ambiguidades mesmo em sua própria legitimidade e essência, portanto, os novos ícones que se colocam no lugar das referências tradicionais tendem a ter uma existência efémera. Para a modernidade não existem verdades absolutas incontestáveis, nem valores que delas dependam. 

Como define o autor -  sabiamente - a tradição é uma forma de compreender e viver o mundo e a existência que impeliu o homem a canalizar todas as suas actividades quotidianas para fins elevados, suprasensíveis, metafísicos ... e o levou a configurar tecidos sociais, culturais , económica e políticamente guiados e impregnados até o âmago por esses valores superiores dirigidos à aspiração da realização de um fim supremo e transcendente. 

   É precisamente essa negação do mundo tradicional que levou o homem moderno a se encontrar perdido, desorientado e isolado em si próprio,  como - tomando emprestada uma advertência do filósofo Estóico Séneca:" uma árvore que foi transplantada muitas vezes e não pôde finalmente crescer". 


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Alea jacta est!

     

 


 No seu “Cavalgar o Tigre”, manual para os aristocratas de espírito numa época de dissolução, Evola lembra-nos que os estóicos - pela voz de Séneca - entendiam que era aos mais capazes que os deuses reservavam as provas mais duras.

“Séneca dizia que nenhum espectáculo é mais aprazível para os deuses do que o do homem superior a enfrentar a adversidade. Só aí pode conhecer a sua força – e Séneca acrescenta que são os homens de valor que são enviados para as posições mais arriscadas ou para as missões mais difíceis, enquanto os indignos e os fracos são deixados para trás.” (pag 58, versão inglesa, Ed. Inner Traditions)

Esta ideia que os estóicos cultivavam e que Nietzsche - grande recuperador da tradição europeia - retomará, com o seu conceito de amor-fati (amor ao destino) ou com alguns dos seus conhecidos aforismos (“Da Escola de Guerra da Vida - o que não me mata torna-me mais forte”) é, na verdade, a expressão filosófica de uma ideia cara à tradição imemorial dos povos europeus, manifestada desde os primórdios na sua religiosidade.

Quando se questionavam por que razões permitiam os deuses o advento dos infortúnios sobre os homens, os gregos lembravam os adágios da sua tradição: é no infortúnio que os deuses vêem a grandeza dos homens e se os homens não fossem sujeitos a enfrentá-lo, seriam incapazes de se diferenciar, de se erguer da mediocridade.

Na antiga tradição europeia, o que a divindade pede dos homens não é, portanto, a humildade em troca da salvação, é que nos momentos difíceis se comportem à altura, com coragem e dignidade. São os homens que o conseguem que são os predilectos dos deuses. E é por isso que na antiga tradição nórdica são os homens superiores e aqueles que tombaram em combate que ascendem ao Valhala para junto dos deuses.

Na sua obra-magna sobre as atitudes religiosas dos povos indo-europeus, Hans F. Gunther recorda-nos essa característica distintiva da nossa tradição primordial:

“Faz parte da força espiritual dos indo-europeus – e isto é testemunhado pela grande poesia destes povos e, acima de tudo, pelas suas tragédias – sentir profunda alegria no destino – na tensão entre as limitações do homem e a infinidade dos deuses. Nietzsche chamou a esta alegria amor-fati. Em especial aqueles de entre os indo-europeus com uma alma rica sentem – precisamente no meio do turbilhão dos golpes do destino – que a divindade lhes concedeu um grande destino perante o qual devem provar o seu valor (…). Mas esta alegria perante o destino, sentida pelos indo-europeus, nunca se transforma em aceitação da sorte ou em fatalismo.” (capitulo 3)

Somos hoje as testemunhas vivas do ocaso de uma era longa que foi marcada pela grandeza dos povos europeus e espera-nos agora um tempo de decadência que nos colocará perante grandes dificuldades.

É então o momento de nos lembrarmos da nossa tradição mais profunda e nos enchermos de alegria, pois é sinal de que o destino se prepara para nos testar e que os deuses nos escolheram e nos concederam uma grande honra.

Não é tempo de nos ajoelharmos, humildes e culposos, em súplicas à procura de redenção, é tempo para agradecermos a dura prova que os deuses nos propõem, porque, independentemente do final, o que importa é que nos mostremos à altura do desafio, de pé, orgulhosos perante o destino e dispostos ao combate.

Alea jacta est!

 

Rodrigo Penedo

Mini Manual do Militante da Tradição

            O presente “minimanual” foi originalmente publicado em Itália pela organização tradicionalista Raido, sob a forma de dois opúsculos dedicados à Formazione del Militante della Tradizione , intitulados Il mondo della Tradizione e Unità operanti per il fronte della Tradizione . Estes dois textos foram reunidos, em 2010, num único volume e publicados em língua inglesa pela editora Arktos Media sob o título A Handbook of Traditional Living – Theory & Practice . O texto agora apresentado corresponde à tradução da referida edição em língua inglesa, tendo-lhe sido acrescentada ainda uma terceira parte (“Anexos”) da nossa responsabilidade.

  PREFÁCIO DO TRADUTOR DA EDIÇÃO EM LÍNGUA INGLESA 

A publicação do presente texto serve dois propósitos complementares: a) apresentar ao leitor uma introdução acessível ao mundo da Tradição; e b) oferecer linhas de orientação àqueles que já se encontram envolvidos na arena da política revolucionária. As Partes I e II deste volume foram originalmente publicadas separadamente em Itália, sob os títulos “Il Mondo della Tradizione” e “Il Fronte della Tradizione”. 

    A Parte I propõe-se definir a Tradição como a fonte eterna de valores espirituais e normativos que dá sentido e dignidade aos indivíduos e à sociedade de que fazem parte. Os seus autores abordam os principais aspectos da perspectiva tradicional: as noções de metafísica, esoterismo, iniciação, casta, autoridade, declínio cíclico e renovação. Os valores tradicionais são aqui apresentados como um baluarte contra o violento ataque de forças profundamente desagregadoras: A rejeição de todas as injustiças, mentiras e ilusões dá lugar a duas frentes: se a falsidade é o instrumento da subversão, a Verdade é a arma vitoriosa da Tradição.  A Verdade não é um produto humano, mas existe independentemente dos indivíduos, que no entanto têm o dever de a compreender e de a realizar por meio da acção no mundo. Essa acção é a via defendida neste volume. 

    O leitor deve, por isso, ter em mente que a exposição das doutrinas tradicionais apresentada está intimamente relacionada com a equação pessoal dos autores, que seguiram o exemplo legionário ao escolherem, como seu lema de vida, a máxima “Vita est militia super terram”. Dada a sua inclinação de kshatriya, a “Raido” não é uma associação de escritores, mas sim uma base militante : uma comunidade local composta por indivíduos que procuram manter os valores da Tradição através da actividade social e política. Quando este texto foi publicado pela primeira vez, há cerca de dez anos, destinava-se essencialmente a instruir os jovens militantes políticos das fileiras da direita radical italiana. A abordagem à Tradição apresentada neste opúsculo é, portanto, assumidamente evoliana. 

    Não há nada nestas páginas que o próprio Julius Evola não subscrevesse e, talvez, algumas coisas com que tradicionalistas de outra inclinação poderão discordar. Poderá ser esse especialmente o caso em relação à narrativa meta-histórica apresentada no Capítulo 7 da Parte I, que se baseia, quase exclusivamente, na Revolta contra o Mundo Moderno. 

    Longe de ser uma desvantagem, o espírito evoliano deste trabalho oferece ao leitor que só agora começa a conhecer o mundo da Tradição uma introdução concisa à Visão meta-histórica de um dos seus maiores porta-vozes do século XX. A orientação evoliana da primeira metade deste volume estabelece também o ritmo para a Parte II, na qual se faz uma tentativa de relacionar os valores da Tradição com a luta activa contra a Subversão na sociedade contemporânea. 

    As reflexões apresentadas na Parte II têm as suas raízes em décadas de difícil activismo político: num desejo de aprender com os erros e de cortar com ideologias estéreis. As sugestões e modelos propostos pela “Raido”, e inspirados no exemplo legionário da Guarda de Ferro romena, são aplicáveis a todas as comunidades de orientação tradicional. No entanto, se a instrução do soldado político permanece o mais explícito objectivo deste trabalho (originalmente publicado como parte de uma colecção dedicada à “Formação do Militante da Tradição”), os seus ensinamentos são aplicáveis a um âmbito muito mais vasto, já que as antiquadas noções que ele invoca – de Lealdade, Amor, Justiça e Verdade – são tão relevantes para a vida do lobo solitário como para a do homem da milícia. 

    A Frente da Tradição, independentemente da forma exterior adoptada, é acima de tudo um estado interior: uma grande Jihad a ser levada a cabo em cada momento contra os inimigos internos. 

 DO PREFÁCIO À SEGUNDA EDIÇÃO ITALIANA 

    Fomos muito encorajados na publicação deste pequeno, mas essencial, texto, que não procura ser exaustivo, mas apenas oferecer aos militantes uma oportunidade para a reflexão. O objectivo deste texto é despertar o entusiasmo pela Tradição entre aqueles que têm um mesmo temperamento e propiciar o tipo de desenvolvimento pessoal capaz de afastar os militantes de todas as formas de perversão moderna. 

    É nossa firme convicção que sem um claro ponto de referência é difícil escapar ao vórtice de decadência que, a longo prazo, poderá acabar por devorar até aqueles que em princípio se opõem à crise do mundo moderno. Frequentemente a nossa acção não dispõe de uma direcção clara; vive-se de dia em dia, ora enredado nas areias movediças do intelectualismo estéril, ora vítima sacrificial da agitação sem sentido. O militante ora fica aprisionado numa torre de marfim, ora está disposto a afrontar qualquer questão social numa tentativa de provar estar actualizado: em ambos os casos, permanece inconsciente da realidade que o rodeia. 

    Em Revolta contra o Mundo Moderno, Julius Evola defende que “sair da Tradição significava sair da verdadeira vida: abandonar os ritos, alterar ou violar as leis, confundir as castas, significava retroceder do cosmos para o caos” . A Tradição actua como uma norma: como uma lei interna e externa que deve ser seguida, particularmente em momentos de crise como o actual. Enquanto medida e norma, a Tradição deve acima de tudo moldar o nosso modo de vida e ajudar-nos a distinguir entre amigos e inimigos. Por este motivo, a doutrina tradicional não pode ser imposta: apenas pode ser escolhida livremente mediante um acto consciente de desenvolvimento interno.

     Embora alguém se possa revelar indigno das suas aspirações ou tombar perante um obstáculo, aquilo que realmente importa é a capacidade de se erguer novamente e enfrentar as dificuldades com renovada determinação. A Tradição é o suporte necessário para que o militante enfrente os desafios da vida quotidiana. O militante deve manter-se lúcido e consciente: o respeito pela verdade e pela justiça, pela Natureza e as suas leis, serão sinais tangíveis da sua ligação à Ordem transcendente que envolve totalmente o homem. 

 

 

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Texto Evocativo - Solstício de Inverno 2019

D. Duarte de Almeida:
o exemplo do herói solar entre o nevoeiro de Toro

            Um mundo individualista como o de hoje, mentalmente colonizado pelas “auto-determinações”, pautado pela comodidade e frivolidade do consumismo, parece esquecer-se das virtudes edificantes análogas aos princípios da heroicidade. A inversão dos valores e dos princípios, a corrupção do corpo, alma e espírito, pesam sobre o Homem, condenando-o a tornar-se num pálido reflexo dos seus ancestrais. O herói torna-se traidor, o traidor torna-se herói. O santo torna-se assassino, o assassino torna-se santo. Um santo patrono dos assassinos. 
Quando confrontados com a História e até com os mitos que a ela subjazem, os nossos contemporâneos sentem-se esmagados pelo peso do exemplo, envergonhados pela própria queda ou precipitação na decadência. É, precisamente, essa vergonha que leva alguns à glorificação dos princípios motores da degenerescência bem como à guerra contra os valores fundacionais da nossa tradição e civilização, ou seja, os reis do nigredo procuram tornar-se “reis do mundo”. Trata-se de um nivelamento por baixo, com recurso ao paradigma moderno e aos dogmas do seu falso deus da igualdade.
             Habitualmente, perante a proximidade ameaçadora da morte, o instinto de sobrevivência física sobrepõe-se à razão e a outras matérias do espírito. Uma reacção natural do ser humano quando confrontado com a ameaça do fim. Por esse motivo são tão admiráveis os esforços exemplares de todos aqueles que afrontam a sua efémera natureza e existência, em glorificação ou até sacrifício em honra de um bem comum.
            Guerra Junqueiro dividia os homens superiores em três planos: herói, sábio e santo. Três categorias dialogantes que permitem forjar uma aura mitificante em torno das grandes personalidades que encarnam os princípios basilares das figuras ou agentes arquetípicos do inconsciente colectivo das comunidades humanas. Para além das suas implicações nos domínios do Sagrado e do espírito, a cosmologia solar desempenha aqui um papel simbólico e definitivo.
            O Solstício de Inverno marca, contrariamente ao de Verão, um triunfo da Luz sobre as trevas. A inversão da roda solar resgata-nos dos domínios saturninos da alma humana. Um facto ao qual nenhuma tradição religiosa fica indiferente, seja ela natural, ou revelada. Nietzsche associaria este momento com o regresso de Apolo; Jung com o triunfo do Cristo ariano. Em resumo, o triunfo do Sol invencível.
            A sagrada linhagem da monarquia portuguesa incorpora todos estes pressupostos, em particular as dinastias Afonsina, Avis e Avis-Beja. Aos monarcas, infantes, nobres e infanções, juntam-se os homens comuns que, lutando no anonimato da sua existência, tombaram no campo de batalha, sagrando a terra com o seu sangue quente. Desde o nosso pai-fundador ao lendário Martim Moniz, de D. Nuno Álvares Pereira ao Infante Santo, ou de D. Francisco de Almeida a Afonso de Albuquerque, indo desembocar no sacrifício sacro-teleológico do Desejado, muitas foram as figuras que, irrompendo das trevas, desafiaram a vida e a morte em nome de algo maior e Sagrado: a Fé em Deus, o dever para com a Pátria e o amor para com o Povo e suas gentes. 
D. Duarte de Almeida, alferes-mor de D. Afonso V durante a Batalha de Toro, foi uma dessas muitas figuras solares que integram a nossa História e cujos feitos, ou exemplos, os imortalizam, tornando-os mito e símbolo de uma espiritualidade pátria. Nascido em Vila Pouca de Aguiar, em Trás-os-Montes, em inícios do século XV, fez parte de uma família que há muito servia a coroa Portuguesa e os interesses militares de Portugal. A sua educação terá, por certo, pesado nos momentos altos de uma vida que encontrou o seu corolário no dia 1 de Março de 1476.
Nessa data, travou-se em Castela uma das mais inusitadas batalhas entre portugueses e castelhanos. D. Afonso V, protegendo os interesses da sua sobrinha, protagonizou um dos vários episódios em que a coroa portuguesa aspirou ao sempre tentador domínio sobre a união das coroas ibéricas.
Era um dia de nevoeiro e combatia-se de forma aguerrida. Até o Infante D. João, futuro D. João II, lutava, corajosamente, entre os seus homens. Um momento de desorientação resultante da reduzida visibilidade no campo de batalha levou a que um ataque concertado dos castelhanos deixasse o pavilhão real português exposto. Perante a oportunidade de derrubar o estandarte português, confiado a D. Duarte de Almeida, os espanhóis concentraram todos os seus esforços no ataque a esse cavaleiro. Rodeando-o, procuraram derrubá-lo para lhe tomarem a relíquia sagrada que protegia. Envolto pelas lanças inimigas, defendeu a bandeira portuguesa com heróica bravura. Um golpe inimigo cortou-lhe a mão direita. Indiferente à dor, segurou estoicamente o sagrado estandarte com a mão esquerda que acabaram também por lhe decepar. Determinado em proteger a bandeira que jurou defender com a sua vida, honra e fiel lealdade, procurou mantê-la erguida, segurando-a entre os braços, com a ajuda dos seus dentes.
Resistindo de forma heróica contra as investidas castelhanas, D. Duarte de Almeida acabou por cair por terra, inanimado. Contudo, não seria por sua culpa que a batalha se traduziria numa derrota. Entre as fileiras portuguesas outros homens de igual bravura e com o mesmo espírito de abnegação tomaram o lugar do camarada caído. Gonçalo Pires foi outro desses portugueses que, nesse dia, conquistou o respeito de todos no campo de batalha, após conseguir reconquistar o estandarte português tomado pelos castelhanos. Portugal retomou as rédeas da contenda e voltou a superiorizar-se perante os exércitos antagonistas. O desfecho da Batalha de Toro continua hoje a ser um mistério entre os estudiosos da História Militar. Porém, ditou o destino que os feitos e conquistas desse dia estivessem para lá das glórias alcançadas em honra de Marte.          
Conforme defenderam Thomas Carlyle e Álvaro Ribeiro, admirar os exemplos excelsos e superiores revela uma inteligência e boa-formação moral. Talvez por esse mesmíssimo princípio ou, simplesmente, marcados pelos valores do seu tempo, os inimigos castelhanos souberam admirar a grandeza do gesto heróico de D. Duarte de Almeida. O seu corpo moribundo foi recolhido pelos espanhóis no campo de batalha e transportado para junto das suas hostes onde foi tratado e cuidado com o respeito e a compaixão que todos os heróis e justos combatentes merecem. Assim ensinam os manuais e códigos de cavalaria europeus, cuja principal lição está longe de se esgotar na prática da arte da guerra.
O seu sacrifício, apesar de não lhe haver ceifado a vida, expropriou-o. D. Duarte de Almeida, o homem de trabalho e de guerra perdera ambas as mãos na defesa do sagrado estandarte. O cognome “O Decepado” talvez seja, a par de “O Lavrador” atribuído a D. Dinis, um dos mais injustos e redutores da História de Portugal. Não obstante, homens da sua estirpe não esperam honrarias e muito menos se compadecem com os nomes aos quais ficarão para sempre associados nos anais da História. Afinal, os seus feitos de armas e os princípios que os moveram, cobrem estes homens de uma glória eterna, conduzindo-os até ao altar de Pátria onde, perenemente, custodiarão o fogo sagrado de Portugal.
A armadura de D. Duarte de Almeida encontra-se, ainda hoje, exposta no interior da Catedral de Toledo, como uma relíquia de um combatente cujo exemplo o fez sair dos domínios humanos da História, inscrevendo-o na tradição solar da mitografia portuguesa e europeia. D. Duarte de Almeida: Presente!      

José Almeida
Porto, 21 de Dezembro de 2019

Há que salvar os Hobbits

Hay que salvar a los Hobbits

El valor del relato fantástico reside en su capacidad para trasladarnos símbolos y metáforas. En su capacidad entonces para convertirse en “leyenda y mito” y a través de un lenguaje sugestivo de personajes y episodios de resonancias arquetípicas, darnos lecciones de vida.
Nosotros humildemente pensamos que eso es lo que ocurre con el universo de Tolkien. Siendo así, de todos los errores que comete Sauron en la Guerra del Anillo Único, quizás el más importante sea el de haber menospreciado a los hobbits…
Que los sencillos, pequeños e “insignificantes” hobbits, tengan un papel fundamental en la Guerra del Anillo Único, es algo que Sauron parece incapaz de imaginar.
Y sin embargo, resultará que son los hobbits, los pequeños e “insignificantes” hobbits, esos que Sauron despreció y ni si quiera contempló en sus planes de guerra, los que terminaron por ser su talón de Aquiles…
*

De todos los errores que comete Sauron en la Guerra del Anillo Único, quizás el más importante es el de haber menospreciado a los hobbits…
Forja anillos para corromper y someter a hombres, elfos y enanos, pero los humildes hobbits, pareciera que le resultan tan insignificantes y simples que no hace cuenta de ellos en su estrategia general por dominar la Tierra Media. Como si pudiera ignorarlos sin más contando con que su sometimiento a la Sombra será cosa segura, y que su papel en la Guerra del Anillo será nulo.
Por el contrario, quizás el mayor acierto de Gandalf y Aragorn, es fijarse precisamente en los hobbits y contar con ellos. Especialmente Gandalf, que desde el principio se siente intrigado por la sencillez y aparente mundanidad de sus vidas, como si detrás de ellas, pudiera encontrarse una fuente de fortaleza y bondad imprescindible para los días oscuros que estaban por llegar…
Y es que podemos suponer que Sauron, en las cuentas generales que hace de su estrategia de guerra, cuenta con que quizás aún corrompiendo a Saruman, alguno de los subordinados de éste (como Gandalf), sea capaz de resistir y hacerle frente. Y del mismo modo, aún contado con alienar o desesperar a los senescales de Rohan y Gondor, posiblemente cuenta con que pueda surgir un líder capaz de aunar a los hombres en su lucha contra Sauron (obviamente aquí hablamos de Aragorn). Es decir, que “un mago y un rey” puedan estar en el tablero de juego, aún a pesar del poder de Sauron para corromper, alienar o desesperar a los habitantes de la Tierra Media, parece que hace parte de los planes del Señor Oscuro. Por decirlo así, cuenta con ello…
Ahora, que los sencillos, pequeños e insignificantes hobbits, tengan un papel fundamental en la Guerra del Anillo Único, es algo que Sauron parece incapaz de imaginar. Cabe pensar en una soberbia tan demoniaca, que frente a los humildes hobbits, solo contempla desprecio. Siendo entonces que su arrogancia, le impide ver cómo detrás de esa sencillez, se esconde esa fuente de fortaleza y bondad que sí que supo ver Gandalf, y que los convierte en pieza fundamental de la lucha contra Sauron.
Hasta tal punto es así que Sauron, desconociendo las potencialidades que podía guardar el alma de un buen hobbit, “ni se le pasa por la cabeza” la posibilidad de que haya alguien capaz de cargar con el Anillo hasta el Monte del Destino y destruirlo. Sea lo que sea lo que hagan aquellos que encuentren el Anillo Único, más tarde o más temprano éste los corromperá y sin apenas percatarse de ello, terminarán por servir al Señor Oscuro. Es así como piensa Sauron, y por eso, aún sabiendo que el Anillo Único ha sido encontrado, no protege ni guarda el acceso al Monte del Destino. Como si ese flanco en cualquier caso, estuviera cubierto…
Obviamente estaba equivocado y todos sabemos que es así. Que esa fue su perdición. Que si en lugar de despreciar a los hobbits hubiera hecho por conocerlos, se habría dado cuenta que si había alguien capaz de sobreponerse al poder corruptor del Anillo y cargar con él hasta Amon Amarth, ese alguien, sería un buen hobbit…

As três provas legionárias


A vida legionária é bela, mas não é bela pela riqueza, pelas diversões e luxos, mas pelo grande número de perigos que oferece ao legionário; é bela pela nobre camaradagem que une os legionários de todo o país numa santa irmandade de luta; é bela, de modo sublime, pela inflexível e viril atitude perante sofrimento.
Quando alguém entra na organização legionária, deve saber desde o princípio a vida que o espera, o caminho que deverá percorrer.
Este caminho passará pela montanha do sofrimento, depois pela floresta das feras selvagens e finalmente pelo pântano do desalento.

A Montanha do Sofrimento
Depois de alguém se ter inscrito como legionário com o amor à sua terra no coração, não o espera uma mesa posta, senão que tem de aceitar sobre os ombros o jugo do nosso Redentor Jesus Cristo: ‘Ponho o meu jugo sobre ti…’
E o caminho legionário começa a escalar-se por um monte que o mundo chamou ‘a montanha do sofrimento’.
Ao início, parece fácil escalá-la. Mas pouco depois, a subida torna-se mais difícil, o sofrimento maior. As primeiras gotas de suor começam a cair da face dos legionários.
Então um espírito impuro, infiltrando-se entre os legionários que a escalam, lança pela primeira vez a pergunta: ‘Não seria melhor voltar atrás? O caminho legionário sobre o qual caminhamos começa a tornar-se difícil e a montanha é larga e alta, tanto que não vemos o fim’. Mas o legionário não presta atenção, segue adiante e escala sem dificuldade. Mas, sempre subindo pelo monte sem fim, começa a cansar-se, parece que as forças começam a abandoná-lo.
Felizmente para ele, encontra uma fonte, límpida como o coração de um amigo. Refresca-se, limpa os olhos, respira um pouco e de pronto retoma a ascensão da montanha do sofrimento. Ultrapassa metade do caminho, e ali começa a montanha sem água, sem erva, sem sombra, onde apenas se encontram pedras e penhascos. E o legionário, ao ver aquilo, diz: ‘Até aqui muito sofri. Senhor, ajuda-me a chegar ao cume’. Mas o espírito do mal lança-lhe a pergunta: ’Não seria melhor voltar atrás? Deixa o amor pela tua terra. Não vez que deves falecer se amas a Pátria, a Estirpe e a Terra? E, depois, que vais aqui ganhar? Não é melhor que fiques tranquilo em tua casa?’
Sobre a pedra desnuda, ele sobe com fé infinita. Agora está cansado. Cai. Resvalam as suas mãos e vê correr o sangue pelos seus joelhos. Levanta-se como um valente e sobe de novo. Falta-lhe pouco. Mas a pedra é agora empinada e angulosa, o sangue flui-lhe do peito e goteia sobre a pedra inclemente. ‘Não seria melhor que regresses?’, pergunta de novo a voz do espírito imundo. Ele parece ficar pensativo. Mas de improviso ouve uma voz que grita das profundezas dos séculos: ‘Adiante, rapazes! Não vos desalenteis!’ Um último esforço. E a valorosa frente chega ao cimo triunfante, sobre o alto da montanha do sofrimento, com o espírito cristão e romeno cheio de felicidade e satisfação.
‘Sereis felizes quando vos persigam e apenas digam más palavras contra vós… E eles partiam, alegrando-se de terem sido golpeados em nome de Jesus’.
Muito padecem os legionários subindo por esta montanha do sofrimento. Necessitaríamos um livro inteiro para descrever o seu sofrimento.

A Floresta das Feras Selvagens
Quem desejar tornar-se legionário não deve imaginar que tudo aqui terminou, no cimo da montanha do sofrimento. Está bem que cada um saiba desde o princípio o que o espera e conheça o caminho para o qual se encaminha.
Segunda prova: não decorre muito tempo e o caminho legionário entra por uma floresta à qual o mundo deu o nome de ‘floresta das feras selvagens’.
Desde as margens da floresta escutam-se os gritos destas feras selvagens, que esperam apenas que alguém entre no bosque para despedaçá-lo.
Depois da montanha do sofrimento, esta é a segunda prova pela qual os legionários devem passar. Quem seja medroso, que se fique pelas margens da floresta. Quem possua um coração valoroso, nela entra, luta com valor e afronta mil perigos, dos quais se poderia escrever, e se escreverá, um livro inteiro. Nesta luta, o legionário não foge do perigo, não se esconde por detrás das árvores. Pelo contrário, faz-se presente onde o perigo é maior. Depois de haver atravessado a floresta e ter vencido todos os perigos, uma nova prova espera-o.

O Pântano do Desalento
O caminho perde-se, e os legionários devem atravessar um pântano. Chama-se o ‘pântano do desalento’ porque aquele que nele entra, antes de chegar ao outro extremo do pântano, é presa do desalento. Alguns não têm a coragem de entrar, começam a duvidar do bom êxito da luta, porque este encontra-se demasiado distante e pensam que não chegarão à vitória. Assim, muitos deles que atravessaram a floresta das feras e escalaram a montanha do sofrimento, naufragam neste pântano do desalento. Outros entram e logo retornam, outros afundam-se. Mas os verdadeiros legionários não perdem o ânimo, superam também esta última prova e chegam à outra margem cobertos de glória.

Ali, no final do difícil caminho das três provas, começa a obra bela, a obra bendita para construir os fundamentos da nova Roménia.

Apenas aquele que superou as três provas, ou seja, apenas aquele que escalou a montanha do sofrimento, atravessou a floresta das feras selvagens e superou o pântano do desalento, e triunfou, somente este é um verdadeiro legionário.
Quem não passou através estas provas não pode chamar-se legionário, ainda que esteja inscrito na organização, carregue o distintivo e pague as quotas. Quem teve a habilidade de sempre as evitar e, em três ou quatro anos da vida legionária não tenha conhecido e não tenha dado nem o exame da dor, nem o exame da virilidade e nem sequer o exame da fé, pode ser um homem ‘hábil’, mas não pode ser um legionário.
O Chefe da Legião, quando avalia a pessoa de um legionário, não se baseia nem na sua idade, nem na sua popularidade (isto é, o número de homens que o rodeiam), nem na sua habilidade, mas apenas nestes três exames.

Corneliu Codreanu, O Manual do Chefe

Livros

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Audiolivros

Revolta contra o Mundo Moderno

A Crise do Mundo Moderno

OTTO SKORZENY ENTREVISTADO PELO RIVAROL


OTTO SKORZENY ENTREVISTADO PELO RIVAROL

Do magnífico semanário francês RIVAROL vamos transcrever, com a devida vénia, a entrevista publicada no seu número de 24 de Março último, com o coronel Otto Skorzeny, o quase lendários libertador de Mussolini e autor de muitos outros extraordinários feitos.

In Agora, nº 268, pág. 3/4, 09.04.1966

“Tenho 1,95m de altura de manhã e um 1,94 à noite”, responde com humour o antigo coronel das Waffen SS cujos livros, hoje traduzidos para hebreu, estão inscritos no programa da Escola de Guerra em Israel. Mas o señor Skorzeny (madrileno de adopção) calunia-se. Com 57 anos, continua a ser aquele desportista completo cuja silhueta foi vista, em tempos idos, em todas as frentes. Entre duas viagens, entre dois encontros de negócios, joga ao ping-pong, nada, treina-se à pistola, instala-se nos comandos dos aviões.
Até à data, Otto Skorzeny nunca tinha concedido uma entrevista a um jornalista francês. O antigo oficial, que combateu na frente do Leste com os “Sete Alicerces da Sabedoria” do inglês T.E. Lawrence nas suas bagagens, não tinha contudo preconceitos contra o nosso país. Deu provas disso na semana passada. Respondendo com prazer a todas as nossas perguntas. No quadro dum aeroporto internacional que poderia ter sido o de Orly.

O Reacionário Autêntico

A existência do reacionário autêntico tende a escandalizar o progressista. A sua presença incomoda-o vagamente. Ante a atitude reacionária, o progressista sente um pequeno desprezo, acompanhado de surpresa e inquietação.

Para apaziguar as suas dúvidas, o progressista costuma interpretar essa atitude intempestiva e chocante como um disfarce de interesses ou como um sintoma de estupidez; mas sozinhos, o jornalista, o político e o tolo não se surpreendem, secretamente, com a tenacidade com que as inteligências superiores do Ocidente, desde há cento e cinquenta anos, acumulam objeções contra o mundo moderno. Um desdém complacente não parece, com efeito, a resposta adequada a uma atitude em que um Goethe pode irmanar-se com um Dostoiévski.

Mas se todas as teses do reacionário surpreendem o progressista, a mera postura reacionária desconcerta-o. Que o reacionário proteste contra a sociedade progressista, que a julgue e que a condene, mas que se resigne, sem embargo, ao seu atual monopólio da história, parece-lhe uma posição extravagante.

O progressista radical, por um lado, não compreende como o reacionário condena um facto que admite, e o progressista liberal, por outro lado, não entende como ele admite um facto que condena.

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Aristides de Sousa Mendes: falsificação e mentira


Escrito por Miguel Bruno Duarte

Fonte: [link]

Veio finalmente a lume, numa edição de autor, o livro intitulado O cônsul Aristides de Sousa Mendes: a Verdade e a Mentira, assinado pelo embaixador Carlos Fernandes. Trata-se, na sua essência, de uma desmitificação da figura de Sousa Mendes enquanto herói salvador de milhares de refugiados no eclodir da Segunda Guerra Mundial, entre os quais um grande número de judeus, bem como da reposição da verdade histórica falseada no plano de uma campanha interna e internacional que não poupa a pessoa impoluta e aristocrática de Oliveira Salazar, assim como membros do Ministério dos Negócios Estrangeiros e outras figuras no contexto afim (1).
De resto, num livro de José-Alain Fralon sobre A. de Sousa Mendes (2), constam igualmente alguns elementos que nos ajudam a compreender até que ponto se fabrica, insinua e propala a mentira enganosa sobre tão desditosa personagem, a saber:

Solstício de Inverno

À semelhança do que todos os anos acontece, a Legião Vertical celebrou mais um Solstício de Inverno evocando a memória de uma camarada caído.
Aqui fica o texto lido durante a cerimónia deste ano.

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François Duprat
François Duprat nasceu a 26 Outubro de 1940 em Ajaccio, na Córsega, embora tenha passado grande parte da sua juventude em Baiona, no País Basco francês.
Proveniente de uma família comunista, a sua primeira militância política foi num grupo trotskista.
No entanto, em 1958 adere ao grupo Jeune Nation de Pierre Sidos, e depois ao Parti Nationaliste, tornando-se o responsável pela zona de Baiona e mais tarde por todo o sudoeste.
Em 1959 muda-se para Paris, para prosseguir os seus estudos de história, tornando-se um dos membros fundadores da Fédération des Étudiants Nationalistes.
A sua actividade, bem como as suas ligações à OAS, fizeram com que fosse preso por “atentado à segurança do Estado” no início dos anos 60.
Em 1964, participou na criação do movimento Occident e entre Outubro de 1964 e Outubro de 1965 foi o responsável pela propaganda do Estado do Catanga de Moise Tshombe.
De regresso a França, colabora com o jornal Rivarol e torna-se membro do Secretariado Político do movimento Occident, coordenando a sua propaganda e assumindo o cargo de redactor-chefe do seu órgão: Occident-Université.
No entanto, em Março de 1967 demite-se, em desacordo com a direcção do movimento.
Passa então a colaborar estreitamente com Maurice Bardèche, tornando-se o redactor-chefe oficioso da revista Défense de l’Occident.
François Duprat fez também parte do grupo que em 1970 fundou o movimento Ordre Nouveau, fazendo parte do seu Secretariado Político e ocupando-se, naturalmente, da sua propaganda, criando o chamado “estilo Ordre Nouveau: provocador, belicoso, violento”.
Em 1972 o movimento Ordre Nouveau, muito por influência de Duprat, cria a Frente Nacional, concebida como uma plataforma eleitoral para o movimento.
Em Dezembro de 1973 publica o primeiro número de Les Cahiers Européens e em 1974 cria os Comités d’Union des Nationaux, tendo em vista apoiar a primeira campanha presidencial de Jean-Marie Le Pen.
No seio da Frente Nacional, Duprat é o responsável pela Comissão Eleitoral, ou seja, é ele o responsável pelas questões estratégicas e de propaganda.
Paralelamente, Duprat desenvolve a sua própria tendência no seio da FN, criando em 1976 os Groupes Nationalistes Révolutionnaires, cuja influência no seio da FN é ilustrada pelo facto de o seu número dois – Alain Renault – ser também o secretário-geral da Frente Nacional.
De entre as várias publicações que fundou e em que colaborou, destaca-se a Revue d’Histoire du Fascisme. Segundo Duprat, “não devemos deixar aos nossos adversários, marxistas e regimistas, o monopólio da apresentação histórica dos homens, dos factos e das ideias. A história é um extraordinário instrumento de combate e uma das mais importantes razões das nossas dificuldades políticas reside na exploração histórica e na deformação sistemática das experiências nacionalistas do passado”.
François Duprat teve também um papel importante na divulgação das correntes revisionistas em França, tento publicado, em 1967, um artigo na revista Défense de l'Occident intitulado “O Mistério das Câmaras de Gás”; a partir de 1976, utiliza os seus Cahiers Européens para divulgar várias traduções de obras revisionistas, tais como The Hoax of the Twentieth Century do americano Arthur Butz ou Did Six Million Really Die? do britânico Richard E. Harwood.
Em Março de 1978, pela manhã, uma violenta explosão destrói o carro em que seguia com a sua mulher, quando se deslocava para a escola em que dava aulas de história. Duprat morre de imediato mas a sua mulher sobrevive, apesar de gravemente ferida.
O atentado foi, à época, reivindicado por dois grupos sionistas até então desconhecidos, embora a polícia tenha descartado tal possibilidade. Muitas outras teorias foram avançadas acerca do seu assassinato. Alguns acusaram a Mossad, devido ao apoio que Duprat sempre deu à causa palestiniana; outros apontaram o dedo a grupos de extrema-esquerda ou ainda a grupos nacionalistas rivais. A aparente falta de interesse em investigar o atentado, levou também a especulações acerca do envolvimento dos serviços do Estado no atentado.
Seja como for, a verdade é que as investigações levadas a cabo não levaram a qualquer acusação e até hoje desconhecem-se os verdadeiros responsáveis pelo atentado.
François Duprat foi um intelectual e um militante, um homem de pensamento e de acção. Esteve sempre na linha da frente do combate político e ideológico, e, em última análise, pagou a sua militância incansável com a própria vida.

François Duprat – Presente!

Traduzido e adaptado de: www.jeune-nation.com/culture/francois-duprat-6-octobre-1940-18-mars-1978.html
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