O Filósofo Estóico e o Guerreiro Samurai
Os princípios ou fundamentos sob os quais agem quer o estóico quer o samurai são idênticos, senão iguais; prova disso é o caminho interior que cada um deve trilhar nesse conhecimento de si mesmo, que se encontra ao alcance, não só, do que teve coragem para se iniciar no caminho, como também, naquele que persevera no caminho sabendo de antemão que o Ideal pelo qual vive e morre se encontra num pedestal inatingível. Para retermos tais princípios, um pequeno quadro sinóptico ajuda-nos no estudo e na compreensão das filosofias de vida dos dois homens verticais em questão:
Segundo ele, não é suficiente nomear o bem, fazendo por vezes o oposto. Há que o praticar, independentemente da situação e provação que a vida nos coloca. Por isso, o estóico era enciclopédico, modelo de vida, realizava em si a transformação do homem. O exame de consciência diário, ou seja, o meditar sobre os actos punham em evidência um espírito crítico, de auto-superação-realização. A disciplina intelectual, o controlo físico e o treino mental são utensílios que o filósofo usava nesse combate diário que o homem tem diante si: o de viver por si, com os outros e sob o desígnio divino o melhor que sabe e de acordo com o bem moral.
O guerreiro Samurai, à semelhança do filósofo estóico, tentava evitar as flutuações de ânimo, que o obrigaria a recompor-se, desviando-se assim da tarefa principal: servir o seu senhor com absoluta lealdade em qualquer circunstância e a todo o instante.
Tal como o estóico, o samurai “tardio”, em períodos de maior acalmia, era enciclopédico; a sua formação visava o homem total e consistia em: ler os textos clássicos, caligrafia, tiro com arco, equitação, artes marciais, esgrima, teatro Nô, cerimónia do chá… A este caminho, chamou-se de Bushido, que significa, o Caminho do Guerreiro.
O Bushido era um código de honra e de comportamento social, onde o samurai deveria observar alguns preceitos, tais como: Piedade filial (ensinava-se ao senhor, que procurasse homens fieis entre aqueles que eram filiais, pois só estes saberiam ter uma autêntica fidelidade), Fidelidade e Lealdade.
As obrigações do Samurai eram de duas espécies: Militares e de Construção, o que significava, que este estava sempre activo, quer prestando serviço ao seu senhor, quer auxiliando e protegendo a sua família. O Samurai deveria ter presente que a sua vida pertencia ao seu senhor, a sua lealdade para com ele deveria ser total, esta deveria estar alicerçada no dever, na coragem e na fé. Diz-se que só havia uma lealdade superior à do samurai – a lealdade do senhor para com este.
Para se entender este verdadeiro espírito de coragem e de abnegação do guerreiro samurai, devemos recordar que a sua formação, estava assente em parte no budismo, que no Japão alguns mestres “simplificaram” e lavaram ainda mais longe, passando a designar-se por Zen.
Como se pode ver, estes dois homens verticais, homens da Tradição, fiéis a princípios, mas de tempos e lugares diferentes, comungam do mesmo.
O seu labor diário, o seu conhecimento e a sua espiritualidade têm o mesmo fim: o de servir, o de estar disponível, o de viver a vida plenamente aqui e agora, como que num eterno presente. Estes são os verdadeiros guerreiros, que à guerra externa, preferem a interna, pois só esta é constante e os obriga a manter a vigilância como se o inimigo estivesse sempre presente.
Citando o poeta Teitoku (1570-1653):
“Amanhã vai ser assim, pensamos no dia anterior
Mas hoje damo-nos conta de que tudo mudou
É assim a marcha do Mundo”
Gostei.
Precisamos de mais homens compromissados com o espírico estóico e com o comportamento do Samurai. Vivemos num mundo de epicuristas (petistas) descompromissados com a virutde que leva à verdadeira natureza do homem. Lindo texto. Parabéns.
Ambos se assemelham ao guerreiro medieval que o humanismo renascentista destruiu.
Bom estudo, parabéns.
Cumprimentos.
O ano é 2020 e este blog ainda se faz muito útil!!!! Obrigado!!!