Templários

A Pobreza

A pobreza «é uma das essenciais colunas» da vida monástica. Ser pobre por fatalidade nunca se considera motivo de grandeza, mas de misericórdia. O pobre que é pobre por não conseguir ser rico padece de uma carência, espécie de moléstia, que pode resultar incurável. A pobreza é então moléstia, sem mérito, salvo o que decorre do que, possuído de caridade, ajuda essa pobreza a suavizar-se, ou mitiga o sofrimento do pobre mediante a esmola, a caridade, ou o serviço social. Neste caso verifica-se a realeza do prolóquio: «há males que vêm por bem»…

Ser pobre por eleição eis um motivo de grandeza e de glória… O voto de pobreza é um carisma, exprime a grandeza da alma que se aposta num despojamento das coisas e dos bens materiais, para concentrar a alma no que mais importa. Na vida monástica, a pobreza, além de carisma essencial, releva do benefício de cada um nada ter, em favor da comunidade que tudo possui.

O Silêncio

O silêncio constitui, na vida de uma comunidade religiosa, uma forma tácita de palavra de vida. Quando a boca e os lábios se calam é porque o dono da casa entrou na sua mansão. A regra do silêncio institui-se como bem da vida comum, do património da corporação.

A Obediência

A clave da Regra é o voto de obediência… Obedecer é viver conforme a Regra: cumpri-la, letra a letra. Ao prometer os votos o cavaleiro deixa de ter vontade própria. Nada fará do que lhe possa apetecer, ou do que achar por bem planear, mesmo que seja uma boa acção. O cavaleiro vive o caminho da perfeição, obedecendo. A Regra, é apresentada aos que «proprias voluntates sequi contemnunt», aos que têm a generosidade de renunciar à própria vontade, para fazerem a dos Irmãos em comunidade. Não há obediência ao Mestre se não houver obediência à Regra; obedecer à Regra significa obedecer ao Mestre, aos Irmãos, à Ordem.

O Irmão que cumpre o voto de obediência cumpre por concomitância os demais votos, porque só a obediência é englobante.

Extraído do livro, A Regra Primitiva dos Cavaleiros Templários, de Pinharanda Gomes (Hugin Editores).
Imagem: Il Sangue contro l’oro de Franco Cenerelli.

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