«Nivelamento por baixo»
A conclusão que se deduz nitidamente de tudo isto, é que a uniformidade, para ser possível, suporia seres desprovidos de todas as qualidades e reduzidos a simples «unidades» numéricas; é por isso que uma tal uniformidade nunca é realizável de facto, e todos os esforços feitos para a realizar, nomeadamente no domínio do humano, só podem ter como consequência o desprover mais ou menos completamente os seres das suas qualidades próprias, e desse modo, fazer deles qualquer coisa parecida com simples máquinas, porque a máquina, produto típico do mundo moderno, é bem aquilo que representa, ao mais alto grau jamais atingido, a predominância da quantidade sobre a qualidade. É para isso que tendem, do ponto de vista social, as concepções «democráticas» e «igualitárias», para as quais todos os indivíduos são equivalentes entre si, o que leva à suposição absurda de que todos devem estar igualmente aptos para tudo; esta «igualdade» é algo de que a natureza não oferece nenhum exemplo, pelas razões que acabámos de indicar, já que se assim fosse, ela não seria mais do que uma completa semelhança entre os indivíduos; mas é evidente que, em nome desta pretensa «igualdade», um dos «ideais» ao invés mais caros ao mundo moderno, fazem os indivíduos o mais semelhantes que a natureza permite, e para isso, primeiro que tudo, pretendendo impor a todos uma educação uniforme. É claro que, como não se pode suprimir inteiramente a diferença das aptidões, essa educação não dá em todos os mesmos resultados; mas também é verdade que, se é incapaz de dar a certos indivíduos as qualidades que eles não têm, pelo contrário, é capaz de abafar noutros todas as possibilidades que ultrapassam o nível comum; é assim que o «nivelamento» se faz sempre por baixo.
- René Guenon, O Reino da Quantidade e os Sinais dos Tempos, Publicações Dom Quixote, 1989, p. 53
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