Fabricados para não durarem
Sabemos bem que dos três factores que compõem a economia – trabalho, capital (terra e maquinaria) e dinheiro – só um deles, o dinheiro, carece de valor intrínseco e é, portanto, o menos importante de todos, porque pode ser facilmente substituído. Numa ordem subvertida, como a do materialismo em que vivemos actualmente, acontece que pelo contrário se transforma no mais importante dos factores. (...) A desordem moderna, de cuja dimensão hoje em dia cada vez mais pessoas já começam a tomar consciência plena, e que não pode já ocultar-se com todos os "avanços", "clichés" e "mentiras" da tecnologia, foi tão grande que foi desordenando paulatinamente as três dimensões próprias do humano. Assim, pois, a uma economia auto-suficiente que submete o homem erigindo-se em seu destino, sobrevém-lhe portanto a corrupção da Política e do Direito, convertendo-se em “negócios” e consequentemente a decadência também da Religião, a qual renuncia à sua função transcendente para entregar-se, tal como sucede agora, a uma tarefa puramente moralizadora.
– Marcos Ghio, «El Espíritu Legionario»
"A economia actuou na essência inferior do homem moderno e através da civilização por ele criada, tal como o fogo se transmite de um ponto para outro, enquanto não arde tudo. E a correspondente "civilização", partindo dos seus focos ocidentais, difundiu o contágio a todas as terras ainda sãs, trouxe a inquietação, a insatisfação, o ressentimento, a incapacidade de se possuir um estilo de simplicidade, de independência e de comedimento, a necessidade de avançar sem parar e cada vez mais rapidamente no seio de todas as camadas sociais e de todas as raças; ela foi empurrando o homem cada vez mais longe, foi-lhe impondo a necessidade de um número cada vez maior de coisas, tornou-o portanto cada vez mais insuficiente e cada vez mais impotente - em cada nova invenção, cada nova descoberta técnica, em vez de ser uma conquista, marca uma nova derrota, é uma nova chicotada destinada a tornar a corrida ainda mais rápida e ainda mais cega. É assim que as diferentes vias convergem: a civilização mecânica, a economia soberana, a civilização da produção e dos consumos coincidem com a exaltação do devir e do progresso, do impulso vital ilimitado – em resumo com a manifestação do "demoníaco" no " mundo moderno".
Julius Evola