Evola e o cristianismo (citações)

“A onda obscura e bárbara, inimiga de si própria e do mundo, que na subversão frenética de toda a hierarquia, na exaltação dos débeis, dos deserdados, dos sem nascimento e sem tradição, agitados pela necessidade de “amar”, de “crer”, de abandonar-se, no rancor contra tudo o que é força, suficiência, sabedoria, aristocracia, no fanatismo intransigente e proselitista constituiu um veneno para a grandeza do Império Romano, e a causa máxima da decadência do Ocidente. O cristianismo não é o que hoje subsiste como religião cristã – tronco morto carente de um impulso mais profundo. Depois de ter desagregado o conjunto de Roma, com a Reforma passou a infectar a raça dos bárbaros louros germânicos para logo penetrar também mais acima, tenaz e invisível: o cristianismo hoje está em acção no liberalismo e no democratismo europeu, e em todos os outros frutos da Revolução Francesa, até ao anarquismo e o bolchevismo; o cristianismo de hoje está activo na própria estrutura da sociedade moderna-tipo – a anglo-saxónica – e na ciência, no direito, na ilusão de poder da tecnologia. Em tudo isto conserva-se igualmente a vontade niveladora, a vontade do número, o ódio contra a hierarquia, a qualidade e a diferença, e o vínculo colectivo, impessoal, feito de mútua insuficiência, próprio das organizações de uma raça de escravos em plena revolta.”

“Falando de tradição referimo-nos a algo mais amplo, austero e universal que não seja o simples catolicismo, de forma que somente integrando-se nele o catolicismo possa reivindicar um carácter de verdadeiro tradicionalismo. Deve-se pois permanecer firme a ideia que ser tradicional e ser católico não é necessariamente o mesmo. E não só: ainda que pareça paradoxal para alguns, quem é tradicional sendo somente católico no sentido corrente e ortodoxo, mais não é do que tradicional pela metade. Repitamo-lo: o verdadeiro espírito tradicional é uma categoria bastante mais ampla do que o simplesmente católico.”

“O cristianismo, com o transcendentalismo dos seus pseudo-valores gravitando à espera do «Reino», que «não é deste mundo», rompe a síntese harmoniosa de espiritualidade e politização, de realeza e sacerdócio, que o mundo antigo conhecia. O embrutecimento político moderno não é mais do que uma consequência extrema desta antítese e desta cisão criada pelo cristianismo primitivo e contida na sua própria essência. Tomada em si mesma, no seu subtil bolchevismo e no seu profundo desprezo pelo mundano, a pregação de Jesus poderia tornar impossível não só o Estado, mas também a sociedade. Mas para chegar ao que constituía o cerne animador de tal ensinamento – o advento do «Reino» – o espírito e a intransigência da pregação primitiva foram traídos, e como que uma pioria e uma «normalização» voltaram a fixar um posto neste mundo àquilo que «não é deste mundo», surgiu, como um compromisso híbrido entre cristandade e paganismo, a Igreja Católica e o cristianismo. Fixemos sem dúvidas este ponto: uma coisa é o cristianismo e outra o catolicismo. O cristianismo enquanto cristianismo é anti-imperial, é análogo à Revolução Francesa de ontem e ao bolchevismo e ao comunismo de hoje. O cristianismo quando é diferente da Igreja Católica não é mais que uma sombra do paganismo, sombra sumamente contraditória, porque se reflecte sobre um conteúdo, sobre um sistema de valores ou pseudo-valores, que são a antítese do paganismo.”

“Embora não se deva ignorar a complexidade e a heterogeneidade dos elementos presentes no cristianismo e ainda mais no catolicismo, não é possível desconhecer o sentido da força dominante, a clara oposição entre esta e o que uma análoga redução ao elemento central, constituiu o espírito da romanidade. Isto sobretudo quando se contempla o corpo doutrinário e mitológico que pouco a pouco, a nova crença construiu e na qual aparecem elementos aparentemente esotéricos que, em abstracto, poderiam seguir os passos tradicionais; mas contudo, é essencialmente o «pathos» que a tudo tem dominado, actuando formativamente na ordem concreta da história como «civilização cristã».”

2 Response to "Evola e o cristianismo (citações)"

  1. Anónimo says:

    Camaradas,
    Só a voz da Tradição para colocar os párias, independente da classe social que ocupam, no seu lugar.

    \o

    Anónimo says:

    "Só a voz da Tradição para colocar os párias, independente da classe social que ocupam, no seu lugar"

    NEM MAIS!


    \o


    Intrepidvs legionarivm, evge dictvs!



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