As máscaras caem



Pierre Vial
Terre et Peuple Magazine n° 46
Inverno/2010

(…) Chegando a ter que lamentar ter tido razão e preferiríamos ter-nos equivocado. Infelizmente… Os factos aí estão. Quando publiquei no número 44 de Terre et Peuple “Grandes manobras judaicas de sedução à extrema-direita europeia”, não quis citar certos nomes, no benefício da dúvida. Hoje, já, não há dúvida.
De facto, uma delegação de representantes de movimentos “nacionalistas europeus” fazia visita de “peregrinação” a Israel nos princípios de Dezembro. Era constituída, entre outros, por Heinz-Christian Strache, presidente do FPÖ austríaco, Andreas Moelzer, eurodeputado do FPÖ, Filip Dewinter e Frank Creyelmans, do Vlaams Belang (sendo Creyelmans presidente da Comissão de Relações Externas do Parlamento flamengo), René Statkewitz e Patrick Brinkmann (do alemão Pro NRW). Recebida no Knesset, a delegação depositou uma coroa de flores no Muro das Lamentações (vejam as fotos de Strache e Moelzer com a kippah…), depois visitaram a fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza, onde se encontraram com oficiais israelitas de alta-patente encarregados de explicarem a situação no terreno. Visitaram a cidade de Ashkelón, tiveram uma recepção pelo Presidente da Câmara de Sderot, entrevistas com o ministro Ayoob Kara, do Likud, com o rabino Nissim Zeev, deputado do movimento Shas (catalogado como de “extrema-direita”), ambos partidários do Grande Israel que implica a recusa da evacuação das colónias judaicas da Cisjordânia…
A razão oficial da presença de tal delegação era a participação num colóquio justificando a política israelita contra os palestinianos. Daí a “Declaracão de Israel” apresentada pelos visitantes europeus afirmando: “Derrotamos os sistemas totalitários como o Fascismo, o Nacional-Socialismo e o Comunismo. Agora, encontramo-nos perante una nova ameaça, a do fundamentalismo islâmico, e tomaremos parte na luta mundial dos defensores da democracia e dos direitos do homem.” Dewinter precisou: “Visto que Israel é o posto avançado do Oeste livre, devemos unir as nossas forças e lutar juntos contra o islamismo aqui e em nossa casa”. Em poucas palavras, a tramóia que já tinha denunciado anteriormente funcionou muito bem.
Esta gente, guiada pela preocupação de conseguir a qualquer preço uma carreira política, escolheu o que Marine Le Pen chama a “desdiabolização”. Dito de outra forma, pôr-se ao serviço de Telavive. Lamentável e, sem dúvida, inútil cálculo.
Nós temos uma linha clara: nem kippah, nem keffieh, nem kosher, nem hallal, nem Tsahal, nem Hamas. Não lutamos a não ser pelos nossos. Contra os invasores e os exploradores. Não, não morreremos por Telavive!

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