Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és!

As companhias que ao longo da nossa vida tivemos e teremos, vão de algum modo influenciar o nosso comportamento presente e futuro. Recordemos a nossa meninice e as diabruras que só em grupo éramos capazes de fazer, coisas que sozinhos não faríamos por falta de coragem, motivação ou imaginação e que só no seio do grupo são realizáveis.
Quando adultos os grupos tendem, tanto para o mal como para o bem, a terem, como é óbvio, maior relevância: são conhecidos e estudados casos de massacres cometidos contra populações civis por unidades de soldados, pretensamente disciplinados, sem qualquer ordem superior, possíveis apenas pela motivação assassina que o grupo produziu.
Se queres “asneirar” a sério junta-te aos maus e serás pior do que eles. O inverso diz o povo que também é certo!
Há quem depois de experiências negativas, digamos, más companhias, que muitas vezes levaram a situações complicadas – para não usarmos outros termos –, procuram agora uma, como se diz hoje em dia sobre muitos artistas cantores, experiência a solo; fazem a sua travessia do deserto, com maior ou menor êxito. Outros já calejados pela “desgraça” são muito mais cautelosos com as novas amizades, mas como lhes está na massa do sangue o Espírito de Corpo, a Irmandade, não desarmam e procuram o “abrigo perfeito” onde possam servir e ser servidos, onde encontrem gente a quem possam… confiar os filhos. Ou como diz um amigo nosso que passou alguns anos no cárcere: “Alguém que definitivamente não me envergonhe.”
Sim, nós sabemos que não há “abrigos” perfeitos, não há homens perfeitos, não há amizades perfeitas, não há casamentos perfeitos e também não queremos esse adjectivo sobre nós. Contentamo-nos com o diferenciado que busca o aperfeiçoamento.

Como atingir o verdadeiro Espírito de Corpo?

A morte como último tabu a ser superado sempre existiu ao longo da história. O tema da morte e do renascimento sempre fez parte dos rituais de passagem nas civilizações tradicionais. Corpos militares de elite da actualidade (e do passado) por inerência às suas próprias funções guerreiras, têm este tema sempre presente… Contamos sucintamente uma prova que até há bem pouco tempo era praticada num determinado país e por uma determinada unidade: era entregue ao recruta um cachorro para ele cuidar durante os meses de duração das provas. No final dos exercícios o soldado regressava para junto do seu fiel amigo de quatro patas que efusivamente o recebia. Passados meses de duríssimas provas, quando o instruendo pensava ter superado tudo e já dava como seu o cobiçado emblema da Unidade, era defrontado com a derradeira prova: tinha que matar o seu cão, o seu fiel amigo tinha que ser estupidamente abatido por si próprio para que pudesse ser aceite na Irmandade.
Na vida temos por vezes que fazer escolhas, estabelecer prioridades, delinear objectivos e tentar atingi-los. Se a vontade for grande e persistente, sobretudo persistente, poderemos alcançá-los. Se o caminho for feito com a ajuda e a força do amigo, dos camaradas, o percurso poderá até não ser mais fácil, mas será mais completo: partilha, discussão, confronto, dádiva, ânimo, entrega… enfim todos aqueles sentimentos e emo-ções que só se vivem em comunidade.
Mas por vezes, quando pensamos estar a dar ou já ter dado muito, alguém nos ordena eliminar “o nosso cão” se queremos continuar.
Estaremos nós à altura de tal acto?

Editorial do Boletim Evoliano, nº 6 (1ª Série)

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