A propósito de Pedro Varela: Bandeiras e Etiquetas
domingo, setembro 11, 2016
11:49 da manhã
Etiquetas: Boletim Evoliano , Citações , Comentário , Documentos , Doutrina
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Voltamos
a publicar este texto, aparecido originalmente no Boletim Evoliano, porque
convém nunca esquecer que há homens que mesmo não partilhando todas as nossas
posições, nem por isso deixam de ser “um dos nossos”!
* * *
por Eduard
Alcántara
Há
pessoas que dizem hastear a mesma bandeira que a nossa. Há aqueles que dizem
fazê-lo, senão for com a mesma, com uma bandeira semelhante. Nós temos
dificuldades em identificar muitas dessas bandeiras como iguais ou semelhantes
à nossa. Nisto não reside nenhuma dificuldade. No entanto, depois de
conhecermos uns e outros não demora muito tempo até que comecemos a sentir-nos
em comunhão existencial com uns e a ver outros como estranhos. Não adianta
ostentar publicamente uma etiqueta ou outra mas sim aspirar a viver de acordo
com os princípios e a essência que a caracterizam. Não nos chega, sequer, que
nos demonstrem erudição e conhecimento dos conteúdos e objectivos contidos na
nossa bandeira. Há que exigir, no mínimo, um intento de assumpção dos seus
parâmetros vitais.
Há
indivíduos que, por muito que digam que partilham a nossa trincheira, nunca
serão dos nossos nem nunca os consideraremos como tal, pois após um breve
contacto não descortinamos na sua actuação nenhum valor entre aqueles que são
próprios do Homem da Tradição. Não identificamos nestes indivíduos nem um vestígio
de nobreza, de lealdade, de fidelidade, de valentia, de sinceridade, de
franqueza, de serenidade, de temperança, de espírito de serviço e sacrifício, de
firmeza interior, de bravura, de tenacidade, de perseverança, de laconismo, de prudência
ou de abnegação, mas pelo contrário, em pouco tempo, poderemos vislumbrar ou
perfídia, ou hipocrisia, ou egoísmo, ou individualismo, ou ânsia de
notoriedade, ou tendência para a cobardia, ou predisposição para a traição, ou
deslealdade, ou mentira, ou ligeireza para criticar ou até caluniar aqueles que
lhe são próximos, ou a inveja, ou rancor, ou o ódio, ou a incontinência verbal,
ou a charlatanice, ou a irascibilidade, ou mudanças súbitas de humor, ou a
instabilidade psíquica, ou a ruindade, ou a inconstância, ou a dissimulação, ou
a estridência e a imprudência. Para nós é, por isto, quase indiferente, se alguém
hasteia a nossa bandeira ou uma parecida, pois o que na verdade nos importa é
que o faça tentando sentir os valores que sempre foram os da Tradição e não apenas
impregnados dos contravalores do mundo moderno. A etiqueta não nos serve de
nada se o etiquetado nada faz em honra dela. Causa-nos ainda mais desagrado o indivíduo
que professa verbalmente a sua adesão a uma etiqueta semelhante à nossa e a mancha
de modo execrável do que aqueles contemporâneos nossos que se sentem
identificados com esta funesta modernidade e fazem gala do seu posicionamento.
Estes, ao menos, mostram coerência entre os seus contravalores de referência e
a etiqueta própria do mundo moderno, o qual idolatram e santificam. Os outros,
pelo contrário, traem as nobres causas com a sua maneira de ser. Sentimos camaradagem
por aqueles que mesmo não militando exactamente na nossa bandeira são fiéis na
sua existência aos valores que temos identificado como próprios da Tradição. Talvez
possamos discordar com estas pessoas em certos detalhes na hora de conceber a
existência. Embora possamos ir beber a fontes idênticas, talvez algumas das
nossas referências históricas (ou proto-históricas) ou míticas não sejam as
mesmas (ou exactamente as mesmas) mas sentimo-nos como camaradas quando conhecemos
e podemos comprovar os valores que os regem e caracterizam a sua maneira de ser.
Neste
sentido, entre estas pessoas dignas de admirar pelo exemplo que dão – ao serem
coerentes com os valores nos quais acreditam – encontramos um represaliado pelo
Sistema Dominante, Pedro Varela. Poucas pessoas como ele libertam essa espécie
de aura que é a marca da coerência, da honestidade, da tenacidade e da limpidez
de ânimo. Uma aura que move a admiração de todos aqueles que apreciam os valores
ignorados e menosprezados, pertencentes ao Mundo da Tradição. Por outro lado,
Pedro Varela apenas provocará inveja, receios e ódio entre os modernos, impotentes
para fazer seus aqueles elevados valores, pois a incapacidade e a impotência movem
a inveja dos que não são capazes de dignificar-se pela sua vontade e esforço
constante.
Que
os escassos Homens rectos propaguem seus ideais entre si, enquanto os néscios,
os desajustados, os alienados e os desequilibrados produtos da modernidade vão
merecendo o respeito do Sistema. No entanto, não nos surpreende o destino que o
mundo moderno outorga a estes tipos antagónicos de pessoas, pois aos primeiros não
os pode manipular, domesticar, hipnotizar, e aos segundos, pelo contrário,
seduz, programa e converte em seres movidos por reflexos compulsivos e
escravizados com grande facilidade.
Mesmo
que apenas exista um homem íntegro, a chama da Tradição não se extinguiu de
todo!
-- Boletim Evoliano,
nº 1, 2ª Série
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