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Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és!

As companhias que ao longo da nossa vida tivemos e teremos, vão de algum modo influenciar o nosso comportamento presente e futuro. Recordemos a nossa meninice e as diabruras que só em grupo éramos capazes de fazer, coisas que sozinhos não faríamos por falta de coragem, motivação ou imaginação e que só no seio do grupo são realizáveis.
Quando adultos os grupos tendem, tanto para o mal como para o bem, a terem, como é óbvio, maior relevância: são conhecidos e estudados casos de massacres cometidos contra populações civis por unidades de soldados, pretensamente disciplinados, sem qualquer ordem superior, possíveis apenas pela motivação assassina que o grupo produziu.
Se queres “asneirar” a sério junta-te aos maus e serás pior do que eles. O inverso diz o povo que também é certo!
Há quem depois de experiências negativas, digamos, más companhias, que muitas vezes levaram a situações complicadas – para não usarmos outros termos –, procuram agora uma, como se diz hoje em dia sobre muitos artistas cantores, experiência a solo; fazem a sua travessia do deserto, com maior ou menor êxito. Outros já calejados pela “desgraça” são muito mais cautelosos com as novas amizades, mas como lhes está na massa do sangue o Espírito de Corpo, a Irmandade, não desarmam e procuram o “abrigo perfeito” onde possam servir e ser servidos, onde encontrem gente a quem possam… confiar os filhos. Ou como diz um amigo nosso que passou alguns anos no cárcere: “Alguém que definitivamente não me envergonhe.”
Sim, nós sabemos que não há “abrigos” perfeitos, não há homens perfeitos, não há amizades perfeitas, não há casamentos perfeitos e também não queremos esse adjectivo sobre nós. Contentamo-nos com o diferenciado que busca o aperfeiçoamento.

Como atingir o verdadeiro Espírito de Corpo?

A morte como último tabu a ser superado sempre existiu ao longo da história. O tema da morte e do renascimento sempre fez parte dos rituais de passagem nas civilizações tradicionais. Corpos militares de elite da actualidade (e do passado) por inerência às suas próprias funções guerreiras, têm este tema sempre presente… Contamos sucintamente uma prova que até há bem pouco tempo era praticada num determinado país e por uma determinada unidade: era entregue ao recruta um cachorro para ele cuidar durante os meses de duração das provas. No final dos exercícios o soldado regressava para junto do seu fiel amigo de quatro patas que efusivamente o recebia. Passados meses de duríssimas provas, quando o instruendo pensava ter superado tudo e já dava como seu o cobiçado emblema da Unidade, era defrontado com a derradeira prova: tinha que matar o seu cão, o seu fiel amigo tinha que ser estupidamente abatido por si próprio para que pudesse ser aceite na Irmandade.
Na vida temos por vezes que fazer escolhas, estabelecer prioridades, delinear objectivos e tentar atingi-los. Se a vontade for grande e persistente, sobretudo persistente, poderemos alcançá-los. Se o caminho for feito com a ajuda e a força do amigo, dos camaradas, o percurso poderá até não ser mais fácil, mas será mais completo: partilha, discussão, confronto, dádiva, ânimo, entrega… enfim todos aqueles sentimentos e emo-ções que só se vivem em comunidade.
Mas por vezes, quando pensamos estar a dar ou já ter dado muito, alguém nos ordena eliminar “o nosso cão” se queremos continuar.
Estaremos nós à altura de tal acto?

Editorial do Boletim Evoliano, nº 6 (1ª Série)

A Legião precisa de ti!

Conheci a Legião Vertical por intermédio de um camarada que me disse muito bem da Ordem e das suas actividades. Li alguns números do Boletim Evoliano e tive a certeza de que se tratava de uma iniciativa séria, tomada no momento certo, da maneira correcta. Este sentimento levou-me a estabelecer contacto com a Legião Vertical, e uma vez estabelecido o contacto, fui convidado a participar numa das suas actividades. 
Encontrei inicialmente alguma dificuldade nas actividades físicas da Legião Vertical. Eu estava fora de forma e sem praticar desporto havia quase dez anos, mas ainda assim esforcei-me para participar nas actividades. As minhas primeiras marchas foram levadas a cabo com muita dificuldade, e numa delas, por um erro de cálculo da minha parte, fiquei sem água, doze quilómetros antes do primeiro acesso a um rio, sem qualquer nascente em todo o percurso, sob um sol abrasador e num terreno difícil; mas o camarada no comando ajudou-me, partilhou comigo a sua própria água e não me deixou ficar para trás. Aqui aprendi duas das primeiras lições da Ordem: um legionário deve estar pronto e bem aprovisionado para marchar dezenas de quilómetros quando necessário, parando apenas para as refeições e para uns poucos minutos de descanso, seja sob o sol abrasador, sob a tormenta, ou sob a neve; e, por outro lado, um legionário nunca deixa um camarada ficar para trás. 
Nunca fiz parte de nenhuma sociedade iniciática, partido político ou grupo religioso, pois acredito que na sua maioria são compostos por elementos amorfos, com orientações duvidosas, nos quais as acções e o discurso não possuem a menor convergência, nobreza ou autêntica espiritualidade. No meu caso específico, eu já possuía uma orientação filosófica e ideológica mais ou menos formada, pelo que não foi complicado adaptar-me ao estilo legionário, embora se possa dizer que a adaptação do homem ao Ideal é um trabalho constante de autodisciplina e autoconhecimento, e não algo instantâneo e prático como é comum em alguns círculos, nos quais muitas vezes são os “ideais” que têm de se adaptar aos homens. Na Legião Vertical isto não é uma opção, há o Ideal Superior, da mente sã, do corpo são e do espírito impassível e imperturbável, pelo qual o Legionário se rege. 
Depois de um período de reconhecimento mútuo, fui iniciado como Protector da Ordem, numa cerimónia altiva e de elevada espiritualidade. Um legionário deve ter um rígido controlo sobre o seu espírito, treinar o seu corpo físico, e cultivar, diligentemente, o seu intelecto. Para isto, é gentilmente convidado (não desafiado ou obrigado) a transformar-se no Ideal, a viver o Ideal, antes de pretender mover uma palha que seja pelo ideal. A prática de artes marciais, o estudo literário e o cultivo de bons hábitos e costumes são fundamentais para um legionário.
Posso dizer que é para mim uma grande honra colaborar na divulgação da obra de Evola e na sua tradução para a língua portuguesa, assim como é também um orgulho ver o nosso trabalho reconhecido, prestigiado e mesmo auxiliado por camaradas de toda a Península Ibérica e de alguns países da América Latina. Ao reflectir sobre este facto, lembro-me das palavras do Mestre nas suas Orientações: “Na ideia se reconhece a nossa verdadeira Pátria. O que hoje conta, não é ser da mesma terra ou falar a mesma língua, mas pertencer à mesma ideia”, “Suceda o que suceder, o que deve ser feito será feito, pois pertencemos àquela Pátria que nenhum inimigo conseguirá ocupar ou destruir”. 
Julius Evola é um pensador cuja obra poderia representar um papel importantíssimo, senão determinante, para o renascimento e o resgate das mais genuínas e nobres tradições do Ocidente. Alguns dos seus livros, textos e ensaios nunca foram traduzidos para a língua portuguesa, ou estão permanentemente “esgotados” nas livrarias e “desaparecidos” das bibliotecas… O mundo moderno inclina-se para a supressão de tudo o que se oponha ao delírio demagógico das massas e da burguesia.
O hiperindividualismo é encorajado em todos os sectores da vida moderna, o caos, a subversão e a desordem das ideias são venenosamente ministrados aos jovens pelos media, pelos meios académicos e culturais e muitas vezes pela própria família moderna. A Legião Vertical é formada por homens que se esforçam pela convergência, enquanto outros menos dignos se esforçam pela divergência. Não queremos ser muitos, prezamos a qualidade acima de quantidade. 
Aos legionários que estão ainda adormecidos, que isto sirva como o toque da alvorada, despertai! 
A LEGIÃO TAMBÉM PRECISA DE TI! 

Telémaco
(Editorial do Boletim Evoliano - 2ª Série, Número 6

INVASIÓN



Por Walter Romero


En las últimas semanas observamos horrorizados en los informativos de televisión a multitudes desesperadas huyendo de África y de Oriente Medio hacia el Viejo Mundo. Tres análisis.
Primer análisis. Durante las décadas del 50 y 60 del siglo pasado los habitantes del Continente Negro reclamaban y luchaban por la independencia de sus respectivos países. Qué querían?  Ser gobernados por dirigentes de su propia raza y que los blancos abandonasen sus países. Lo consiguieron.
Después de tanto reclamo y lucha (con muchos muertos) los pobladores de decenas  de países africanos consiguieron ser libres de la dominación blanca. Ahora sí, podían ser gobernados por la raza mayoritaria en dicho continente: la negra.
Hasta ahi todo normal. Pero que pasó después, ya con la independencia y el poder en sus propias manos??
Comenzó una lucha sanguinaria entre tribus de distintas etnias. Torturas, violaciones, mutilaciones y asesinatos. Negros contra negros. Millones de muertos y heridos por todos lados. Y no fue solamente Tutsies contra Hutus. No. En casi todos los países africanos guerras tribales se desparramaron por todo el continente.
Y después de tantas décadas de "independencia"... la desolación total. Millones y millones de africanos muriendo de hambre o asesinados. África se convirtió -de la mano de su dirigencia nativa (léase "negra") en una especie de infierno en la Tierra.
Pero ahora no podrán responsabilizar a los dirigentes blancos. Éstos ya estan muy lejos del continente africano.
La propia raza dominante en dicho continente NO SABE GOBERNARSE en forma, más o menos, civilizada. La lucha por el poder (y el odio racial) los lleva a masacrarse entre ellos mismos. Y no se vislumbra un final feliz.
Esas guerras y esa miseria resultó en una de las mayores INVASIONES de refugiados. Los africanos de raza negra que durante gran parte de la segunda mitad del siglo XX lucharon por independizarse de los blancos (no los podían ver ni en figuritas) ahora huyen de gobiernos dirigidos por... negros!!! para buscar refugio en países europeos gobernados por... blancos!!!
Que alguien me lo explique porque yo no lo entiendo. No era que luchaban contra el "Satán blanco" que los oprimía, que los torturaba, que los maltrataba, que lo mataba de hambre, que los humillaba???? Y ahora quieren estar nuevamente bajo dominio blanco?? Y en un continente mayoritariamente blanco??
Parece que los gobiernos coloniales no eran tan perversos como nos cuenta la "historia oficial". Sino, por qué coños ahora los africanos de raza negra van a buscar refugio en gobiernos blancos de Europa... El pez por la boca muere.
Conclusión: Cientos de miles de africanos huyen para..... EUROPA !!
Segundo análisis: Estados Unidos invadió Irak mintiéndole a su pueblo y al resto del mundo. Dijo que Saddam tenía armas de destrucción en masa y que "lo lógico" era invadir Irak, desalojar el gobierno, colocar uno a "gosto y piaccere" y destruir las armas terribles que Saddam escondía. Ya todos sabemos cual fue el final de esta historia.
Estados Unidos no invadió los restantes países del Medio Oriente pero ayudó con armas y dinero a los "luchadores por la democracia" (léase "mercenarios al servicio de los yanquis") en Libia, Siria, etc.
Y también sabemos cómo terminó la historia.
Resumiendo, Estados Unidos hizo el despelote y ahora quiere que los europeos paguen el pato recibiendo a cientos y cientos de miles de refugiados. Y encima le da "aulas de moral y buenas costumbres" a los gobiernos europeos "exigiéndoles" (sic) y diciéndoles que tienen la "obligación" (sic sic sic) de recibir con los brazos abiertos a los invasores y arcando con el costo multimillonario que traerá aparejada dicha invasión.
Conclusión: Cientos de miles de refugiados escapando del hambre, la miseria y la guerra, huyen del norte de África y de Medio Oriente hacia.... EUROPA!!!
Tercer análisis: Durante las décadas de los 80' y 90' los gobiernos (tanto de derecha como de izquierda) "humanitarios", "sensibles", "acogedores", "caritativos" de Europa Occidental recibían con los brazos abiertos a los refugiados económicos y de guerras que huían del África y de Medio Oriente.
Claro, era apenas, algún par de miles de refugiados por año. Se los dividían entre Suecia, Noruega, Holanda, España, Italia, Francia y Alemania. Y chau picho. No jodía tanto. Todo para mostrar lo "bueno" que eran dichos gobiernos. Y cómo la crisis económica no había llegado a Europa, entonces "no problem".
Pero desde el crack económico del 2008, con la llegada de la crisis europea y el aumento del desempleo en la Vieja Europa, la cosa se puso negra... Con el fin del famoso "estado de bienestar" europeo, la fiesta llegó a su fin.
Desempleo creciente. Economías -antes poderosas- se cayeron como un castillo de naipes. Países, otrora poderosos económica y financieramente, quebraron: Italia, España, Portugal, etc.
Y sobre llovido, mojado... cayó la abuela.... Mejor dicho, cayeron los refugiados. Y por decenas y decenas de miles todos los meses.
Desde comienzos del 2015, el promedio de refugiados de África y Medio Oriente hacia Europa llega a 41.000 por mes !!! Sí, leyo bien amigo lector. Por mes!!!  Eso da un promedio de casi medio millón de refugiados por año !!! A los que hay que darle comida, ropa, un lugar donde vivir, etc, etc, etc.
Y con qué platita van a mantener a tantos refugiados?? (más todos los que ya entraron en los últimos años).  Con la platita de los impuestos que pagan religiosamente los ciudadanos de esos países...  Ahhh bueno!! Hasta aquí llegó mi amor!!!
Se acabó aquello de "humanitarios", "sensibles", "acogedores", "caritativos". Se acabó la joda.
No son solamente los partidos nacionalistas o anti-inmigración que van a poner el grito en el cielo. Hasta algunos sindicatos de izquierda, que supuestamente deben defender los intereses de sus trabajadores, ya reclamaron por dicha invasión y se preguntan quién o quienes va a arcar con los costos de dicha invasión.
La primera ministro alemana Angela Merkel, desesperada por "lo que se viene", le imploró a sus pares de la Comunidad Económica Europea que había que dividir "el problema" en partes iguales.
El gobierno inglés, que es pirata pero no es boludo, ya abrió el paraguas y dijo que no va a recibir ni un sólo refugiado que no pueda comprobar estudios  universitarios. Chau, ya se libró del 99% de los refugiados y les pasó el fardo a sus "socios".
Independientemente de lo que piensen los partidos nacionalistas o anti-inmigración, el pueblo europeo, sea de izquierda, de derecha, de centro, independientes, de arriba o de abajo, se deben estar agarrando la cabeza (o algún otro lugar del cuerpo humano) y poniendo el grito en el cielo. Saben que esa invasión trae aparejada más desempleo (los refugiados son mano de obra barata), más impuestos para pagar, aumento de la criminalidad, hospitales colapsados, miseria, etc, etc, etc.
Los pueblos europeos no quieren pagar el pato por guerras  en la que ellos, los europeos,  no tienen ninguna responsabilidad. Ni por guerras empezadas por los yanquis (con el beneplácito de los israelíes) y que ahora se lavan las manos.
El futuro es negro para Europa. Y más negro para los gobiernos "humanitarios" europeos que deberán ponerle coto al ingreso descontrolado de hambrientos y desesperados de África y Medio Oriente. Sino...
El "Sistema" tiembla ante la invasión. Y no tiembla solamente por las decenas de miles de refugiados que están llegando a Europa. Lo que más les preocupa es un aumento considerable de seguidores de los partidos nacionalistas europeos. Ya se vislumbra en Grecia, por donde gran parte de los refugiados están entrando a Europa.
Los partidos conservadores y de izquierda ya demostraron ser incapaces de solucionar el problema de los europeos. Y hasta le mienten a sus pueblos. Veamos el ejemplo de Syriza en Grecia donde los dirigentes de este partido de “extrema-izquierda” le mintió descaradamente a sus electores y, después de conseguir los votos necesarios en el referendum del mes pasado, se vendió a la banca internacional.
Dicha invasión traerá consigo, sí o sí, la llegada, primero a los parlamentos y luego a los propios gobiernos nacionales, de partidos nacionalistas. Ya se vislumbra en Francia donde el Frente Nacional ya es la primera fuerza francesa. Partidos como Amanecer Dorado en Grecia, Jobbik en Hungría, NPD en Alemania y otros desparramados por toda Europa están aguardando para decir PRESENTE en sus respectivos países. Y de brindar soluciones.
Vientos de cambio se avecinan en Europa. El Futuro nos pertenece !!

As crises económicas do capitalismo. A política ao serviço da economia

Por Eduard Alcántara

Hace un tiempo, coincidiendo con el punto más álgido alcanzado por la última crisis económica española, un amigo, desde allende los mares, nos pidió que le aclaráramos algunos puntos acerca de sus causas y del comportamiento y funcionamiento generales del sistema económico hegemónico en la mayor parte de nuestro planeta. Nosotros, además, le explicamos cómo la inoperancia del sistema económico capitalista no está exenta de relación con el mismo sistema liberal de partidos políticos.

Pero antes que nada le recordamos aquella máxima, como resumen de todo lo que había sucedido y sucede, de que la banca siempre gana.

Continuar a ler aqui.

Francis García faleceu



Conheci Francis García em Madrid durante uma reunião dos Círculos Doctrinales José Antonio, num escritório que tinham na calle Ferraz. Presidiu à reunião Diego Márquez e Carlos Ruiz Soto. Deve ter sido por volta de 1973. Pretendia-se preparar as “concentrações nacionais” dos Círculos. Francis estava sentado na primeira fila e, como era seu hábito, começou sussurrar-me acerca do que se dizia na mesa presidencial. Na verdade, nem ele nem eu nos encaixámos muito naquele ambiente, o qual acabámos por abandonar como uma fase não particularmente feliz da nossa vida. Mas essa primeira conversa foi o início de uma grande amizade e camaradagem que haveria de permanecer até um dia e meio antes de decidir pôr termo à vida. Na verdade, trocámos um último e-mail e a notícia seguinte que eu tive dele foi a da sua morte.
Francis era um homem especial. Todos os que o conhecemos podemos atestar isso. E era muito jovem. Não se encontra duas pessoas como ele por esse mundo fora. Intelectual tradicionalista, praticante do Budismo desde o Verão de 1978, militou no Círculo José Antonio, de Saragoça, na Frente Nacional da Juventude e na Frente da Juventude, tendo vindo a ser detido no ataque que pulverizou esta organização em Junho de 1980. Não obstante isto, continuaria ao longo da sua vida a sua busca espiritual, reunindo uma biblioteca muito extensa, provavelmente com mais de 10.000 volumes, dedicados a temas de espiritualidade que sempre constituíram o cerne da sua existência. Devido ao seu contexto familiar e ao seu talento para idiomas, essa biblioteca – que considero única em Barcelona – englobava livros em todas as línguas. No entanto, foi, sem dúvida, a biblioteca mais caótica e desorganizada que eu já conheci, mas também a mais completa: bastava pedir um título que era logo localizado em qualquer saco de plástico ou na borda de uma prateleira esquecida.
O seu mundo era a espiritualidade: dominava desde muito jovem a obra de Evola e de René Guénon. Conheceu Schuon e mestres sufis, assim como budistas e taoistas. Mantinha correspondência e amizade com intelectuais franceses desta corrente. Porém, os seus interesses intelectuais iam muito além da espiritualidade: sociologia, política internacional, estudo da modernidade, ecologia, sociedades secretas foram outros alvos da sua curiosidade. Raro era o dia em que não comprava um ou mais livros. Não há muitas pessoas assim. Sempre se interessou por pontos de vista alternativos. Quando surgiram os protestos do “não à guerra”, em 2003, Francis foi um dos que organizaram a grande manifestação pelas ruas de Barcelona, gritando contra a intervenção dos EUA no Iraque. Continuou a manter as suas opiniões políticas de sempre, mas também se aproximou do mundo alternativo.
Depois de se ter casado, passou os últimos sete anos da sua vida na China, tendo regressado um mês e meio afectado por vários problemas físicos. Ele gostava da China e eu creio que me pintou o quadro mais completo dessa sociedade, cuja evolução observava com interesse. Graças a ele, aprendi que o comunismo chinês não é diferente, ainda hoje, do pior estalinismo; e que a doutrina do marxismo-leninismo é obrigatória para todos os cursos académicos, sendo determinante a sua assimilação, sem a qual não pode haver progressão na carreira. Fiquei a saber que nos campi universitários chineses, os megafones impunham aos gritos os slogans do Partido Comunista, o que parecia ser uma situação orwelliana. Soube também, graças a ele, que o suicídio era uma situação comum na China e muitos dias se passavam em que a poluição ambiental não permitia ver a luz do Sol. Não admira que ele tenha voltado com problemas físicos. No entanto, ele gostava muito do povo chinês. Teve oportunidade, todavia, de conhecer melhor naquele país (e em todo o Sudeste Asiático) os professores de diferentes correntes espirituais. Sempre acompanhado de sua esposa, Yiffen, mulher de grande integridade, trabalhadora e culta.
Francis era uma das pessoas mais sociáveis ​​que eu conheci. Com facilidade, fazia bons amigos e sempre procurava ver as melhores qualidades das pessoas. Bastava uma frase, uma ideia simples para se interessar por alguém e, a partir daí, considerava essa pessoa um interlocutor válido. Claro está que nem sempre acertava. Às vezes deixava-se levar pelo seu entusiasmo pelas pessoas, mas, se teve decepções, também conheceu gente excepcional – alguns seriam últimos exemplos de um mundo que está a acabar, testemunhas de uma outra época, que agora vivem em auto-reclusão sem interesse em chamar a atenção, nem em expressar a sua existência.
Eu creio que fui um dos seus melhores amigos e, claro, todas as vezes que me despedia dele por e-mail, terminava com “Saudações cordiais do teu amigo e camarada”. Era um amigo e camarada. Foi alguém excepcionalmente modesto e o melhor elogio que podíamos fazer e aquilo que de facto ele queria era, mais do que tudo, ser “uma boa pessoa”.
Ficámos ambos muito satisfeitos quando, em 1988, um amigo e editor nos pediu para traduzirmos Cavalgar o Tigre. Conhecíamos o livro, o qual tínhamos lido em finais de 70, cujo texto nos havia transformado a vida, pois espiritualmente fez-nos entrar na maturidade. Nenhum de nós duvidava da superioridade intelectual de Julius Evola sobre qualquer outro da mesma corrente. Para os outros, a espiritualidade era algo que não tinha nada a ver com o mundo contingente. Para Evola, espiritualidade e vida eram dois pólos dificilmente separáveis. Muito diferente das grandes teses de Guénon, impossíveis de levar à prática, tendo conduzido os seus partidários a instituições tão contraditórias como o tradicionalismo católico, a maçonaria e o Islão, com Evola havia dois tipos de prática a eleger: uma adaptada ao homem de acção e exposta na sua obra Os Homens e as Ruínas, ideal para aqueles que acreditam poder fazer-se algo para impedir a decadência; em paralelo, para aqueles que acham que nada pode ser feito e que faz mais sentido resistirmos ao mundo onde predomina a modernidade, Evola escreveu as suas últimas reflexões no Cavalgar o Tigre. O livro, escrito na década de 60, segue todas e cada uma das correntes daquele tempo e recomenda algumas normas de comportamento frente a problemas novos. Ela diz-nos que o declínio que estamos a viver hoje não é da “sociedade tradicional”. “Assistimos sim é a uma crise da sociedade burguesa e dos valores burgueses”. Diz-nos que antes e acima de tudo, é preciso “superar o niilismo”, passando pelo mesmo, reconhecendo que não há instituições que valham a pena defender, parar de usar desculpas e esperanças vãs. O que Evola pretendia dizer é que há que iniciar uma jornada para o fim do niilismo, usando-o, para depois o superarmos e conseguirmos permanecer de pé ante o vazio e a vacuidade da sociedade moderna.
Traduzimos o livro em cerca de um mês, que, após ter sido publicado, foram feitas sucessivamente dezenas de edições e tem sido difundido à saciedade pela Internet. Aproveitamos a oportunidade para discutirmos e comentarmos a obra e respectivos temas e ampliarmos as nossas próprias conclusões.
Um dos capítulos de Cavalgar o Tigre intitulado “O direito sobre a vida: o suicídio” é das páginas mais duras que eu alguma vez li. Se a vida não é um valor supremo (e não é, pois o herói está disposto a entregar a sua vida, renunciando a ela, em defesa da sua comunidade, da sua dama, dos seus valores) e nós somos donos da nossa vida e responsáveis por tudo o que nos acontece, a morte por nossa própria iniciativa é uma opção. Mishima, Venner, Montherland, Drieu, seguiram esse caminho. Evola cita a frase de Séneca: “Se não queres lutar, podes retirar-te. Com efeito, nada te impede de morrer.” É uma opção.
Apenas duas doutrinas aceitam o suicídio como moralmente admissível: o estoicismo e o Zen. Eu e Francis sentimo-nos sempre muito próximos de ambas as correntes. Se com a primeira só poderia haver um conhecimento literário e intelectual, com o Budismo Zen, é possível encontrar “mestres espirituais” que nos demonstram os rudimentos da prática.
Houve um tempo em que os nossos caminhos espirituais se afastaram, mas nunca a nossa amizade. Sempre considerei Francis Garcia como um irmão e agora sinto a mesma dor de quando se perde um irmão de sangue. Isto para além da nossa cumplicidade e das nossas análises políticas. Francis procurava “mestres espirituais” e “sistemas de iniciação”. Eu, no final dos anos 80, fiquei convencido de que essa busca era muito problemática: nada indicava que tal ainda existisse (pelo menos digno desse nome). A partir daí, comecei a imaginar a espiritualidade como uma parede em branco e o meio mais viável para aceder a ela seria a meditação Zen. Procurar sistemas complexos de iniciação poderia representar gastar muito tempo e esperanças excessivas susceptíveis de decepcionar. E o tempo não volta para trás. Quanto à “iniciação”, tinha conhecido sistemas iniciáticos quanto bastasse para duvidar de sua eficácia nos tempos actuais: era como se as portas de outros tempos permanecessem abertas e, permitindo o trânsito do mundo do contingente para a transcendência, se tivessem depois fechado. Tal é o drama da nossa época.
Tudo isso nada mais é do que aquilo que Evola nos disse: era necessário fazer a viagem até ao fim do niilismo, apurar o niilismo em todos os seus aspectos e actuar como o cavaleiro da gravura de Anton Dürer, “O cavaleiro, a morte e o Diabo”. O cavaleiro de Dürer, sem dúvida o melhor artista alemão, ainda que assediado e seguido pelo Diabo, parece dotado de uma serenidade impassível a toda a prova. Esta é a forma como devemos actuar ante a destruição omnipresente da modernidade. Não há remédios “tradicionais” acessíveis. As portas estavam já fechadas. Somos só nós diante do vazio. Sozinhos perante nós próprios. Sozinhos ante a ilusão de um mundo impermanente e em plena desintegração. Reconhecer isso implica colocarmo-nos perante o “ponto ómega” da nossa própria existência: e então abrem-se duas vias. A de aceitar a vida, tentar tirar proveito do que ela oferece. Ou considerar a inutilidade da viagem, pois sabemos com o que nos iremos deparar e retirarmo-nos, isto é, morrer. Francis escolheu a segunda opção.


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