As armas do inimigo

Se tivéssemos que eleger uma arma que representasse o séc. XX, para alem dos gostos e opiniões pessoais, ela seria sem sombra de dúvida a AK-47, mais conhecida como kalashnikov. O Sr. Kalashnikov definiu como critérios básicos para desenvolvimento da sua arma a simplicidade e a robustez. A facilidade de ser usada pelas mais variadas pessoas sem grandes requisitos prévios, incluindo o desmontar, limpar e voltar a montar novamente, associando isto à robustez de se poder usa-la nos mais variados climas, incluso após anos de maus tratos infligidos. Estas características levaram a que certas unidades militares ás quais esta arma não tinha sido distribuída a adoptassem mais ou menos clandestinamente, quer porque as capturassem ao inimigo ou por aquisição de vários lotes por corredores não oficiais.
A arma do inimigo quando comprovada a sua eficácia, pode e deve ser usada em defesa da Nossa Causa.
Quando o inimigo é declaradamente mais forte e mais bem equipado é uma estupidez atacá-lo de frente mesmo que pretensamente tenhamos uma causa muito nobre e as nossas armaduras tenham um brilho esplendoroso (mais ou menos como D. Sebastião em Alcácer-Quibir)! Esta é uma verdade que não carece de leitura da Arte da Guerra de Sun-Tzu ou Clausewitz.
A "superioridade moral" não é por si suficiente para vencer combates, talvez seja para morrer com dignidade heróica ou como mártir mas não chega para ganhar a guerra.
As forças que combatemos, criaram fortes raízes, "educam" os nossos filhos e viram-nos contra nós... Haverá por isso pior inimigo?
Vemos nas "nossas trincheiras" indivíduos que procuram legitimação para o combate nuns pressupostos passageiros ou numa realidade histórica recente com a qual se pretendem identificar, mesmo sem um conhecimento profundo da mesma...
Sempre nos meteu uma certa espécie aquela historia bíblica de povo eleito, como nos provocou a mesma sensação a raça superior de outras gentes. Daqui tiramos duas conclusões muito simples: se existe um povo eleito os outros não o são… (coitados) e se existe uma qualquer raça superior, as outras são todas obrigatoriamente inferiores.
Uns legitimam-se numa pretensa dádiva divina, num princípio mais ou menos espiritualizado de quem descobriu o Pai e Dele reclamou a sua herança. Os outros legitimam-se com a descoberta do corpo e da obra herdada!
Serão estes "princípios" válidos ou suficientes? Não, não nos parece.
Identifiquemos portanto algo que nos parece imutável, universal e não sujeito a modas. Platão fala-nos no Bom, no Justo e no Belo, esta é para nós uma espécie de Tríade Sagrada e por isso o grande filósofo dizia – O Bom é o Bom em si mesmo, o Justo é Justo em si mesmo, o Belo é o Belo em si mesmo e portanto tudo que sai desta matriz e para ela é orientada tende para a Ordem como Principio Primordial e adquire uma legitimidade superior.
O combate pragmático que se avizinha é precisamente contra quem tem andado a "construir" um pântano na tentativa de fazer dele um jardim, onde, muito embora, possam surgir flores de boa aparência elas não tem raízes profundas nem fixas, e o cheiro do local é pestilento, pejado de insectos portadores de graves enfermidades. Este tipo de beleza não provém portanto da Matriz. As forças que querem transformar o planeta numa fossa gigante têm rostos e ideologias que as sustentam. Têm nomes e marcas, têm batalhões de mercenários e o pior de tudo – trazem milhentas almas agrilhoadas a uma ilusão de modernidade e progresso. A isto chamam eles globalização, a ultima grande palavra-chave (tal abre-te sésamo) que irá salvar o homem sempre carecido de uma grande ajuda…!
Em 1939 surgiu o conflito que acabaria por enterrar a Europa… A CEE surge como uma falsa Fénix mas é ao mesmo tempo uma esperança para todos (ou quase). Em 1989 a queda do Muro de Berlim fora um grande alento para a falsa Fénix…o fim da guerra entre irmãos!
E agora?
Os irmãos estão unidos? - Não, e pior do que isso foram invadidos e o inimigo (o cavalo entrou em Tróia) deixou de ser "só" uma ideologia pela qual se combatia para ter contornos que agora chamamos identitários. Mas será essa a nossa única e principal causa, o combate pela nossa Identidade? Não, não é, porque vamos combater o efeito sem atacarmos a causa. E a causa está em pessoas idênticas (para usar o termo identitário) a nós que partilham essa visão uniforme da Coca-Cola do Mac-Donalds…e do mestiço, o desenraizado anarquicamente uniforme que alimenta e alimentará a máquina globalizadora mercantilista.
Não deixar proliferar mais esta situação é o passo que se impõe dar, e aqui voltamos à kalashnikov, e o saber usar as armas do inimigo. È necessário, portanto, uma tomada de consciência que só é possível se nos mantivermos em permanente atenção (tensão sã) perante as guloseimas globalizantes.
O método, claro, não pode aqui ser divulgado, porque não temos todas as soluções e também porque cada um de vós terá a sua maneira peculiar de usar a AK-47…não fosse ela tão simples e eficaz!

1 Response to "As armas do inimigo"

  1. Anónimo says:

    E o Lança-chamas, pode-se usar o lança-chamas?... :O)

    César Augusto D.

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