O posto intermédio do nacionalismo

Em muitos fenómenos políticos contemporâneos é visível uma certa ambiguidade, que os torna susceptíveis de valer tanto como formas pertencentes à direcção descendente, quer como apoios para uma reconstrução. O primeiro destes fenómenos é o nacionalismo. Indicamos já num outro artigo em que sentido a afirmação do fenómeno nacionalista constituiu uma queda: na medida em que o mesmo significou o advento do colectivo democraticamente auto-organizado, substituindo a unidade de tipo aristocrático-espiritual por uma forma totalmente laica e secularizada, colocando como supremos os valores que apenas a raça, o sangue, a terra ou a história em sentido inferior podem definir, quase que ressuscitando o totemismo: tal como no totemismo, neste nacionalismo demagógico o sujeito tem que sentir-se, acima da sua dignidade de pessoa, como grupo, colectividade, facção. (…) Tomado neste seu aspecto, o nacionalismo encontra o seu lugar no processo de queda quadripartida explicado por nós, entre a época do domínio da terceira casta (época dos “mercadores”, capitalismo, liberalismo, plutocracia) e a época do domínio da última casta (bolchevismo) (1). Mas justamente neste último é possível conceber um nacionalismo de tipo diferente que, em semelhante posto intermédio, se possa encontrar não em sentido descendente, mas voltando a ascender. Tal é o nacionalismo que tem valor não pelo aspecto de “colectivização” interna, mas sim pelo aspecto da diferenciação externa, ou seja, como força que se recupera do colapso colectivista-internacionalista, reage contra o mesmo, estabelece novas e firmes circunscrições dentro das quais deve manifestar-se uma função organizadora em sentido superior, uma força diferenciadora de tipo superior, ou seja, espiritual.

– Julius Evola, El Estado Tradicional, Ediciones Heracles, Argentina, 2002, pp. 73-75.

1. Ver “A Doutrina das Quatro Idades”, in Boletim Evoliano nº 2.

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