O significado interior da raça
Não só a palavra “raça”, mas também a palavra “sangue”, tiveram na linguagem comum um significado vivo e preciso, longe de qualquer referência biológica ou científica. Diz-se que “o bom sangue não mente”. Fala-se de um “instinto do sangue”. Há insultos que são sangrentos. Há situações contra as quais “até o sangue” se revolta. O que significa tudo isto? Nas profundezas de cada ser humano, muito além da área dos conceitos abstractos, do raciocínio discursivo ou das convenções derivadas da vida social, existem instintos com uma forma determinada, existe a capacidade para reacções directas e absolutas, que são normais no “homem de raça” mas que se manifestam apenas esporadicamente no homem comum, em casos extremos, nas provas mais sérias da vida.
Falamos aqui de impulsos que pertencem à pura vida animal e biológica? Seria imprudente afirmá-lo. As forças em questão, os instintos do “homem de raça”, longe de serem apêndices dos instintos animais, frequentemente contradizem-nos e impõem à existência uma norma superior, tornando natural e espontânea tanto a obediência a uma certa “linha” como um certo estilo de domínio, de tensão interior, de afirmação. As reacções da raça apenas têm em comum com os instintos animais o carácter de imediatez e precisão: não decorrem do raciocínio e de considerações intelectuais, mas são pelo contrário espontâneas e manifestam a plenitude de todo um ser. De facto, elas ultrapassam o intelecto, já que se manifestam de formas especiais, directas, de sensibilidade, de juízo, de reconhecimento. O homem é conduzido pela raça, pelo sangue, a evidências inquestionáveis, que, no seu próprio plano, são tão directas como as que são proporcionadas pelos sentidos sãos e normais. Da mesma maneira que ninguém questiona porque é que a cor vermelha é vermelha, também, evidências igualmente naturais e precisas são próprias do “homem de raça”, enquanto que o homem “moderno” intelectualizado e degenerado apalpa o caminho à sua frente, por assim dizer, procurando remediar a perda da faculdade de ‘ver’ com a de ‘tocar’ socorrendo-se do intelecto discursivo, frequentemente com o único resultado de passar de uma crise para outra ou de adoptar critérios meramente conformistas.
É neste plano que a raça deve ser entendida e vivida. A raça vive no sangue, ou antes mais fundo do que o sangue, numa profundidade onde a vida individual comunica com uma vida mais do que individual, que não deve ser compreendida, no entanto, de forma naturalística, como “vida da espécie”, mas como uma ordem na qual agem forças espirituais. (…)
A ciência pode realçar a importância da raça através dos resultados alcançados pela genética e pelas teorias da hereditariedade, demografia e patologia. Tudo isto pode contribuir para o despertar do sentimento de raça, mas não o pode criar. O sentimento de raça é uma reacção interior para a ocorrência da qual um ‘mito’ – mito entendido como ‘ideia-força’ – é mais útil do que considerações científicas. E esse mito já o indicamos: raça significa superioridade, plenitude e autoconfiança da vida. Existem seres comuns e existem seres “de raça”. Qualquer que seja a classe social de que provêem, tais seres formam uma aristocracia. Uma herança remota e misteriosa vive ainda neles.
É por isso que o racismo tem o valor de um teste, de um reagente, mesmo nas suas formulações mais gerais. As reacções desta ou daquela pessoa em relação à ideia racista são uma espécie de barómetro que nos mostra a “quantidade” de raça que se pode encontrar na pessoa em questão. Dizer sim ou não ao racismo não é apenas uma divergência intelectual, não é algo subjectivo e arbitrário. Diz sim ao racismo aquele em quem a raça ainda vive; opõe-se-lhe e procura em todo o lado álibis que justifiquem a sua aversão e que desacreditem o racismo, aquele que foi internamente derrotado pela anti-raça e em quem as forças originais foram sufocadas por detritos étnicos, por processos de cruzamento e degeneração, ou por um estilo de vida burguês, débil e “intelectualoide” que perdeu por gerações qualquer contacto com tudo aquilo que é verdadeiramente originário.
– Julius Evola, “Elementos para uma educação racial”
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