Última entrevista com Erich Priebke


Sr. Priebke, há alguns anos você disse que não iria negar seu passado. Aos 100 anos, você ainda pensa desta forma?
Sim.
O que você quer dizer exatamente com isso?
Eu decidi ser fiel a mim mesmo.
Então você se sente ainda hoje como um nacional-socialista?
A lealdade ao seu próprio passado é algo que tem a ver com nossas convicções. É o meu jeito de ver o mundo, meu ideal, aquilo que foi a cosmovisão para nós, alemães, e que ainda está ligado ao amor próprio e ao sentimento de honra. A política é uma outra coisa. O Nacional-Socialismo caiu com a derrota e hoje não há qualquer perspectiva de ele se restabelecer.
Essa cosmovisão, a qual você se refere, compreende também o antissemitismo?
Se você quiser realmente reconhecer a verdade com sua pergunta, é necessário abrir mão de alguns clichês próprios e preconceitos: criticar não significa que você queira destruir alguém. Desde o início do século XX, na Alemanha, o comportamento dos judeus era criticado abertamente. O fato dos judeus terem angariado para si um enorme e crescente poder econômico e, consequentemente, poder político, enquanto perfaziam apenas uma pequena parcela da população mundial, foi considerado uma grande injustiça. Ainda hoje é um fato que, se tomarmos as mil pessoas mais ricas e poderosas do mundo, nós teremos que reconhecer que uma significativa parcela delas são judeus, banqueiros ou acionários de multinacionais. Principalmente após a derrota na Primeira Guerra Mundial e sob o julgo do Tratado de Versalhes, a imigração judaica proveniente do leste europeu levou a uma situação catastrófica na Alemanha, precipitada por um enorme acúmulo de capital dentro de poucos anos, enquanto neste mesmo período, na República de Weimar, a grande maioria dos alemães vivia na penúria. Neste ambiente, os agiotas multiplicaram seu patrimônio e cresceu o sentimento de frustração contra os judeus.
É uma velha história, segundo a qual é permitido aos judeus a prática da usura, enquanto esta é proibida aos cristãos. Qual é verdade para você?
Certamente não é minha ideia. Basta ler Shakespeare ou Dostoievski para reconhecer que de fato havia um problema semelhante com os judeus dentro da perspectiva histórica, de Veneza até São Petersburgo. Isso não significa que naquela época os judeus eram os únicos agiotas. Eu compartilho uma citação do poeta Ezra Pound: “Eu não vejo qualquer diferença entre um agiota judeu e um agiota ariano.”
Por causa de tudo isso você acha justificável o antissemitismo?
Não, veja que isso não significa que não exista entre os judeus, pessoas decentes. Eu repito, antissemitismo significa ódio, ódio indiscriminado. Mesmo também nos últimos dias de minha perseguição, como idoso e privado da liberdade, eu sempre evitei o ódio. Eu nunca quis odiar, nem mesmo aqueles que me odiaram. Eu falo apenas do direito à crítica, e tento explicar os motivos. Eu ainda que lhe dizer mais uma coisa: você deve refletir que uma grande parcela dos judeus, devido à sua particular concepção religiosa, se consideram superiores e melhores que todas as outas pessoas. Eles se identificam com o “povo escolhido por Deus” da Bíblia.
Hitler também falava da superioridade da raça ariana.
Sim, Hitler também caiu na ideia da superioridade. Isso foi a razão para erros, de onde não há mais volta. Todavia, você deve considerar que o racismo era algo normal naquela época. E não foi apenas uma questão da vontade popular, mas era parte integrante de governos e até mesmo do ordenamento jurídico.
Mesmo depois que os norte-americanos haviam se tornado mercadores de escravos e tinham deportados os povos africanos, eles permaneceram racistas e mantiveram um comportamento discriminatório frente aos negros. As primeiras leis raciais de Hitler não restringiram mais os direitos dos judeus do que as restrições legais impostas aos ex-escravos africanos em muitos estados dos EUA. O mesmo pode ser dito de grupos populacionais da Índia discriminados pelos britânicos, e também os franceses não se comportaram de forma diferente frente a seus súditos das colônias. Sem mencionar o tratamento das minorias étnicas na antiga União Soviética da época.
E segundo sua opinião, como você acha então que a situação se escalou na Alemanha?
O conflito se radicalizou, cada vez mais foi se aguçando. Os judeus alemães, os americanos, os britânicos e o judaísmo internacional de um lado, contra a Alemanha do outro. Naturalmente os judeus alemães se encontravam numa situação cada vez mais difícil. A decisão resultante, aplicar leis mais duras na Alemanha, tornou a vida dos judeus cada vez mais difícil. Então, em novembro de 1938, um judeu, um tal de Grünspan, assassinou, em protesto contra a Alemanha, um funcionário da embaixada na França, chamado Ernst von Rath. Sucedeu a famosa “Noite de Cristal do Reich”. Grupos de demonstrantes quebraram por todo o Reich janelas das lojas de judeus. A partir de então, os judeus foram vistos apenas como inimigos. Após conquistar o poder, Hitler tentou encorajar os judeus a deixarem a Alemanha. Em seguida, diante de um clima de desconfiança crescente frente aos judeus alemães, causado pela guerra, boicote e conflito aberto com as mais importantes organizações judaicas mundo afora, eles foram confinados em campos de concentração como um inimigo normal. Naturalmente isso foi catastrófico para muitas famílias inocentes.
Então, para você, tudo o que os judeus sofreram, foi culpa própria deles?
Culpa existe um pouco em ambos os lados. Também do lado dos aliados que declaram a guerra contra a Alemanha, após a entrada das tropas na Polônia. Um território onde um grande número de descendentes de alemães estava sob constante ataque, e foi colocado sob o controle do recém-criado Estado polonês concebido em Versalhes. Contra a Rússia de Stalin e sua invasão no restante da Polônia, ninguém mexeu um dedo. Ao contrário, ao final do conflito, para defender a independência da Polônia contra os alemães, toda a Europa Oriental, incluindo a própria Polônia, foi dada a Stalin.
Excetuando a questão política, então você se simpatiza com as teorias do revisionismo histórico?
Eu não entendo muito bem o que se quer dizer com Revisionismo. Quando conversamos sobre o Processo de Nuremberg de 1945, posso lhe dizer que se tratou de um processo inacreditável, um grande circo com o único propósito de estampar o povo alemão e seus líderes, diante da opinião pública mundial, como desumanos e desprezíveis. Para humilhar os vencidos que não estavam mais em condições de se defender.
Onde você baseia esta afirmação?
O que dizer de um tribunal que se autodeterminou, que condena apenas os crimes dos vencidos e não dos vencedores; onde os vencedores são simultaneamente os acusadores, os juízes e a parte prejudicada, e leis especiais são criadas a posteriori para o processo, apenas para conseguir uma condenação? Até mesmo o presidente dos EUA, Kennedy, condenou este processo como “repugnante”, pois ele “feria os princípios da constituição norte-americana, (e foi feito) para punir um adversário derrotado”.
Também quando você afirma que o delito “crime contra a humanidade”, que foi aplicado em Nuremberg, não existia anteriormente, mas sim foi criado para este tribunal internacional, temos que admitir que as acusações se referiam a crimes horríveis.
Em Nuremberg, os alemães foram culpados pelo massacre de Katyn, mas em 1990 Gorbachow admitiu que foram os próprios russos acusadores que tinham assassinado vinte mil oficiais poloneses na floresta de Katyn com um tiro na nuca. Em 1992, o presidente Jeltzin apresentou o documento original da ordem assinada por Stalin.
Os alemães foram também acusados de terem feito sabão de judeus. Exemplares destes sabões foram parar até em museus nos EUA, Israel e outros países. Somente em 1990, um professor da universidade de Jerusalém teve que admitir que se tratava de um engodo.
Sim, mas os campos de concentração não são invenções dos juízes de Nuremberg.
Nos terríveis anos da guerra, tratava-se de uma necessidade natural, prender a população civil que representava uma ameaça para a segurança nacional. Durante a Segunda Guerra Mundial, tanto os russos, como também os EUA fizeram isso. Principalmente este último prendeu nos campos os norte-americanos de origem asiática.
Mas na América não havia câmara de gás nos campos de concentração para os japoneses.
Como eu já disse, muitas acusações foram inventadas pelos acusadores. No que concerne à existência de câmaras de gás nos campos de concentração, nós ainda estamos esperando pelas provas. Nos campos, os detentos eram obrigados a trabalhar. Muitos deixavam o campo durante o dia e retornavam à noite. A necessidade de força de trabalho durante uma guerra é incompatível com a acusação de que simultaneamente pessoas estavam em fila em algum lugar do campo, para encontrar a morte nas câmaras de gás. O funcionamento de uma câmara de gás interfere no seu arredor, é extremamente perigoso também para o exterior, mortal. A ideia em mandar para a morte milhões de pessoas desta forma é loucura, e isso no mesmo local onde outras pessoas vivem e trabalham, sem que saibam. E difícil de colocar em prática.
Quando você ouviu pela primeira vez sobre o plano de extermínio dos judeus e as câmaras de gás?
Quando eu ouvi essas coisas pela primeira vez, eu me encontrava como prisioneiro em um campo de concentração inglês, juntamente com Walter Rauff. Nós dois estávamos chocados. Nós não podíamos acreditar em tais coisas: câmara de gás para exterminar homens, mulheres e crianças. Durante todo o dia nós conversamos com o coronel Rauff e outros detentos. Todos nós fazíamos parte da SS, cada um em seu nível com uma determinada posição no regime NS, mas ninguém nunca havia ouvido algo assim.
Pense apenas que eu soube anos depois, que meu amigo e superior Walter Rauff, que compartilhou comigo no cativeiro alguns pedaços de pão duro, foi acusado de ser o inventor deste misterioso carro a gás. Algo assim somente poderia sair da mente de alguém que nunca conheceu Walter Rauff.
E todos os testemunhos sobre a existência das câmaras de gás?
Nunca foi encontrada câmara de gás nos campos, exceto aquela que foi construída depois da guerra pelos norte-americanos em Dachau. Provas de câmaras de gás que possam ser confiáveis no sentido jurídico e histórico, não existem; da mesma forma não são confiáveis os depoimentos do último comandante de Auschwitz, Rudolf Höß. Independente das grandes contradições de seus relatos, ele foi torturado antes de seu testemunho em Nuremberg e posteriormente enforcado a mando dos russos com a boca cheia. Para estas testemunhas consideradas extremamente importantes pelos vencedores, foram inúmeros os caso de uso do terror físico e psíquico caso houvesse pouca cooperação; as ameaças se estendiam também aos familiares. Eu sei de experiência própria durante minha prisão e também por parte de meus colegas, como os depoimentos dos detentos obtidos pelos vencedores foram forçados, os quais nem dominavam o idioma inglês. O tratamento dos prisioneiros nos campos russos da Sibéria já é de domínio público; eles deveriam apenas assinar qualquer tipo de declaração, mais nada.
Então para você os milhões de mortos são apenas uma invenção?
Eu vi e conheci pessoalmente os campos. A última vez eu estive em Mauthausen, em maio de 1944, para interrogar, por ordem de Himmler, Mario, o filho de Badoglio. Eu permaneci por dois dias no campo. Havia ali uma imensa cozinha para os detentos e até um bordel para saciar suas necessidades. Nenhuma câmara de gás.
Infelizmente muitas pessoas morreram nos campos, mas não por vontade de matar. A guerra, as duras condições de vida, a fome, a falta de cuidados adequados foram responsáveis pelas mortes. Mas essa tragédia dos civis não aconteceu apenas nos campos, mas se estendeu por toda Alemanha, principalmente por causa do bombardeamento indiscriminado das cidades alemãs.
Então você ameniza a tragédia dos judeus, o holocausto?
Há pouco para amenizar: uma tragédia é uma tragédia. Aqui trata-se mais da problemática da verdade histórica.
O interesse dos vencedores da Segunda Guerra era de não ser responsabilizados pelos seus crimes. Eles destruíram por completo algumas cidades na Alemanha, onde não havia qualquer soldado, apenas para matar mulheres, crianças e idosos e com isso tentar quebrar o espírito de luta de combater o adversário. Este destino foi compartilhado por Hamburg, Lübeck, Berlim, Dresden e outras cidades. Eles aproveitaram a superioridade de seus bombardeios para matar impunemente a população civil, em um louco descaso sem precedente. Então isso atingiu os habitantes de Tóquio e, finalmente, a insanidade alcançou com as bombas atômicas os civis de Nagasaki e Hiroshima.
Por isso foi necessário inventar crimes horrorosos que teriam sido cometidos pela Alemanha, e assim apresentar os alemães como criaturas do mal e todas as outras idiotices: como figuras de romances de horror, dos quais centenas foram filmados em Hollywood.
Fora isso, os métodos dos vencedores da Segunda Guerra não se alteraram tanto assim: segundo sua visão, eles exportaram sua democracia com as chamadas missões de paz contra a escória; para isso inventaram o inimigo terrorista que está sempre a fazer coisas cada vez mais monstruosas. Mas na prática eles atacam, principalmente com sua força aérea, todos aqueles que não se curvam. Eles aniquilam soldados e população civil, os quais não possuem os meios para se defender. E assim, ao final de cada intervenção, aparece nos diferentes países um governo marionete que defende seus interesses econômicos e políticos.
Mas como você explica algumas provas inquestionáveis como vídeos e fotografias dos campos de concentração?
Estes filmes são mais uma clara prova da falsificação: eles provêm quase que exclusivamente do campo de Bergen-Belsen. Este campo era para onde as autoridades transferiam os detentos de outros campos, que eram inaptos ou incapazes para o trabalho. Dentro do campo encontrava-se uma estação para convalescênça. Apenas isso já deveria dar o que falar sobre a intenção assassina dos alemães. Parece estranho que se construa em tempos de guerra uma estrutura como essa para aqueles que deveriam ser gaseados. Os ataques a bomba dos aliados, em 1945, deixaram o campo sem suprimento, água e medicamentos. Espalhou-se uma epidemia de tifo, que causou a morte de milhares. Os filmes são originários desta época, de abril de 1945, onde o campo de Bergen-Belsen era devastado por uma epidemia e já se encontrava nas mãos dos aliados. As gravações foram filmadas especialmente para fins de propaganda pelo diretor britânico e mestre dos horrores, Alfred Hitchcock. O cinismo e a falta de humanidade com os quais ainda hoje se especula em torno destes filmes, é assustador. Há anos eles são projetados nas telas, com impressionantes músicas de fundo, o público foi enganado sem qualquer escrúpulo através da ligação destas imagens com as câmaras de gás, onde não há qualquer relação. Tudo falso!
O sentido para todos estes engôdos não seria tirar o foco dos crimes dos aliados?
No início foi. O mesmo cenário do processo de Nuremberg também foi inventado pelo general MacArthur, no Japão, com o processo de Tóquio. Neste caso pensou-se em outra história e em outros crimes, que levaram à morte todos os acusados por enforcamento. E para incriminar os japoneses que tinham acabado de sofrer o impacto das bombas atômicas, inventou-se até acusações de canibalismo.
Por que somente no início?
Por que a literatura posterior sobre o holocausto veio a servir especialmente ao Estado de israel, por dois bons motivos. O primeiro é bem explicado pelo escritor Norman Finkelstein, filho de judeus deportados. Em seu livro, “A indústria do holocausto”, ele explica como este negócio se traduziu no pagamento de indenizações e reparações na casa dos milhões para instituições judaicas e o Estado de israel. Ele escreve sobre uma “ordeira chantagem organizada”. O segundo motivo é explicado pelo escritor Sergio Romano, que certamente não pode ser considerado um revisionista. Após a guerra do Líbano, israel reconheceu que uma expansão e dramatização da literatura do holocausto traria vantagem em sua disputa territorial com os árabes e levaria a “uma arte de imunidade meio-diplomática”.
Por todo o mundo, o holocausto é sinônimo de extermínio. Você tem dúvidas sobre isso ou até mesmo nega?
Os meios de propaganda, daqueles que têm hoje o poder global nas mãos, é imensurável. Através de uma subcultura histórica, criada em casa e disseminada através da televisão e cinema, a consciência foi manipulada através da influência das emoções. Principalmente as novas gerações, já ao iniciar a vida escolar, foram submetidas a uma lavagem cerebral, com uma horrível história para reprimir a liberdade de opinião.
Como eu já disse, nós aguardamos há quase 70 anos pelas provas do crime que é imputado ao povo alemão. Historiadores não encontraram um único documento que reporte sobre as câmaras de gás. Nem uma ordem escrita, um relatório ou uma declaração de um órgão alemão, um manuscrito de algum funcionário. Nada.
Diante desta falta de documentos, os juízes de Nuremberg assumiram que o programa da “Solução final da questão judaica”, que avaliava as possibilidades de deportação dos judeus da Alemanha e posteriormente dos territórios ocupados, incluindo um possível reassentamento em Madagascar, era um codinome secreto que significava seu extermínio. Isso é um absurdo! Em pleno cenário de guerra, quando nós ainda éramos considerados vencedores tanto na África quanto também na Rússia, os judeus, que no início foram apenas encorajados, foram então convocados intensivamente até 1941 a deixar espontaneamente a Alemanha. Somente após estes dois anos desde o início da guerra é que começaram as medidas para restringir sua liberdade.
Imaginemos apenas uma vez que as provas, às quais você se refere, sejam descobertas. Eu falo de um documento que tenha sido assinado por Hitler ou algum outro abaixo na hierarquia. Como você reagiria diante disso?
Neste caso eu sou a favor de uma condenação rigorosa de tais atos. Todas as medidas de violência gratuita contra grupos sem consideração da responsabilidade individual, são inaceitáveis e absolutamente condenáveis. Isso aconteceu com os índios nas Américas, com os kulaks na Rússia, as vítimas italianas na Ístria, os armênios na Turquia, os prisioneiros alemães nos campos de concentração norte-americanos na Alemanha e França assim como os russos, que pereceram por vontade de Eisenhower e Stalin. Ambos chefes de Estado ignoraram conscientemente a convenção de Genebra, para conduzir a tragédia até seu ápice. Todos estes episódios devem ser condenados com toda veemência, inclusive a perseguição dos judeus pelos alemães, que sem dúvida alguma aconteceu. A verdadeira, não essa inventada pela propaganda de guerra.
Você então reconhece que existe a possibilidade de alguma prova do extermínio por parte dos alemães ter escapado ao final do conflito e apareça talvez um dia?
Eu acabei de dizer que determinados atos devem ser condenados. Assumamos apenas uma vez que absurdamente encontre-se um dia uma prova da existência das câmaras de gás. A condenação daqueles que planejaram e executaram o assassinato em massa, é inquestionável e claro. Veja, eu aprendi que surpresas nesta área nunca acabam. Todavia, neste caso eu creio poder excluir com certeza, porque já faz mais de sessenta anos que documentos alemães, confiscados pelos vencedores, são investigados e analisados pode centenas de pesquisadores; até hoje nunca foi apresentada uma única prova e no futuro provavelmente nada será apresentado.
Eu considero também muito improvável por outro motivo: já durante a guerra, nossos adversários começaram a disseminar suspeitas sobre os assassinatos nos campos. Eu falo da declaração dos aliados de dezembro de 1942, onde se falava generalidades sobre os bárbaros crimes contra os judeus na Alemanha e pleiteava uma punição aos culpados. Então, ao final de 1943, eu soube que não se tratava de uma mera propaganda de guerra, mas sim que nossos inimigos até planejavam a fabricação de falsas provas para estes crimes. A primeira notícia sobre isso, eu recebi de um amigo, o capitão Paul Reinicke, que trabalhava junto ao número dois do governo do Reich, o Reichsmarschall Göring: ele era chefe de sua segurança. A última vez que o vi, ele me contou do plano das falsificações. Göring estava indignado, pois ele considerava difamatória tais falsificações diante dos olhos de todo o mundo. Göring, antes de cometer suicídio, condenou severamente este tipo de produção de falsas provas diante do tribunal de Nuremberg.
Uma outra evidência eu recebi depois do chefe da polícia, Ernst Kaltenbrunner, o homem, que substitui Heydrich após sua morte e foi parar na forca no processo de Nuremberg. Eu o vi antes do final da guerra para reportar a traição do rei Vittorio Emanuele. Ele mencionou que as futuras potências vencedoras já estavam trabalhando na construção de falsas provas de crimes de guerra e outras atrocidades, que eles teriam inventado para os campos como provas das atrocidades alemãs. Eles estavam dispostos a chegar a um consenso sobre os detalhes, como um único julgamento poderia ser encenado com os perdedores.
Digno de nota, entretanto, foi o encontro que tive em agosto de 1944, com o ajudante direto do general Kaltenbrunner, o chefe da Gestapo, Heinrich Müller. Graças a ele, eu pude entrar na escola de oficiais. Eu lhe devo muito e ele tinha também muita consideração por mim. Ele chegou em Roma para encarar um problema particular de meu comandante, o tenente coronel Herbert Kappler. Naqueles dias, o quinto exército norte-americano conseguiu furar o bloqueio em Cassino, os russos avançavam em direção à Alemanha. A guerra estava irremediavelmente perdida. Nesta noite ele me pediu para acompanha-lo ao hotel. Devido à existente confiança, eu arrisquei lhe perguntar detalhes sobre este assunto. Ele me contou que através do serviço de espionagem havia claros sinais que à vista da vitória final, o inimigo tentava criar provas para nossos crimes, para produzir uma encenação espetacular após a derrota que deveria levar à criminalização da Alemanha. Ele conhecia detalhes exatos e estava seriamente preocupado. Ele afirmou que não se poderia confiar nessas pessoas, pois eles não conheciam nem honra nem tinham escrúpulos. Eu era ainda jovem na época e não dei a devida importância a suas palavras, mas tudo aconteceu exatamente como o general Müller havia me dito. Estes eram os homens, os líderes que hoje são acusados de terem planejado e organizado o extermínio dos judeus em câmaras de gás! Eu iria considerar tudo isso um grande circo, caso o assunto não fosse tão trágico.
Quando os norte-americanos atacaram o Iraque em 2003, com a desculpa de que eles possuíam “armas de destruição em massa”, com ajuda do falso juramento do secretário de estado Powell diante do Conselho de Segurança da ONU, justamente aqueles que são os únicos a usar tais armas nas guerras, eu disse a mim mesmo: nada de novo!
Você, como cidadão alemão, sabe que segundo certas leis na Alemanha, Áustria, França, Suíça, existe uma punição para quem negar o holocausto?
Sim, as potencias mundiais mais poderosas aprovaram o texto e logo a Itália vai fazê-lo. O truque reside justamente ali, em fazer as pessoas acreditarem que aqueles que se opõem ao colonialismo israelita e sionismo na Palestina, são antissemitas. Aqueles que ousam criticar os judeus, são e permanecem sempre um antissemita. Quem ousa a questionar por provas da existência de câmaras de gás nos campos de concentração, valem automaticamente como defensores da ideia do extermínio dos judeus. É uma manipulação infame. Justamente estas leis são provas do medo que eles têm, da verdade se revelar algum dia. Claramente existem receios, que apesar de tal campanha propagandística emocional, os historiadores partam atrás das provas e os pesquisadores tornem-se cientes das falsas representações. Justamente a existência de tais leis abre os olhos daqueles que ainda acreditam na liberdade do pensamento e da importância de uma pesquisa histórica independente.
Naturalmente eu posso ser acusado pelos que acabei de falar, minha situação pode piorar mais ainda, mas eu tenho que dizer as coisas, pois elas correspondem à verdade; eu considero esta coragem perante ao que é correto, como um dever perante meu país, minha contribuição para comemorar meu centésimo aniversário, para salvação da honra de meu povo.
(Assinatura)
Na segurança de meus 100 anos!
Erich Priebke

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