Para quem vive, ou pretende viver, com ideais, ideias e espírito crítico, o mundo de hoje é cada vez mais isolador, votando ao ostracismo quem contesta e não se coaduna com a frivolidade da maioria das relações sociais. Nestas prevalecem a hipocrisia, o oportunismo, o uso e descarte conforme as conveniências. Dentro das próprias famílias, por vezes, há “personas gratas” e “non gratas”, conforme o seu “status” social. Entre amigos, as circunstâncias do momento ditam os relacionamentos e o afastamento é impiedoso para quem não tenha aceitação. Desde sempre considero amigo um conceito burguês, pejado de relativismo e subjectivismo, algo que cada vez mais perde o seu conteúdo afectivo e moral. Pelo contrário, o conceito de camarada, para lá de qualquer conotação política, é algo que, dentro das próprias instituições militares e paramilitares, sempre implicou um compromisso e uma relação de reciprocidade e união para lá das trivialidades da vida civil. Pelos camaradas sempre se lutou e morreu, muitas vezes sacrificando a própria vida pelos demais.
Ao afastar-me cada vez mais das muito bem-amadas concepções políticas ditadas pela correcção tolerada pelo “establishment”, todas as instituições políticas, sociais e filosóficas existentes deixaram de me transmitir qualquer fiabilidade e qualquer razão de utilidade. As agremiações políticas, mesmo aquelas que se autoproclamam como radicais e alternativas ao sistema, vivem segundo as regras a que a democracia já habituou todos os seus apaniguados. Os egos são ali alimentados com cargos honoríficos e os seus membros digladiam-se por atenções e honrarias conferidas pelas hierarquias superiores. Outros, como alguns grupos de intervenção, sem intervenção definida, caracterizam-se por… intervenção nenhuma.
Quando descobri o blogue da Legião Vertical, corria o ano de 2009, deparei-me com conteúdos que pela primeira vez escapavam à chuva no molhado e aos lugares comuns habituais, para além da afinidade que já sentia pelo pensador Julius Evola. Para definir o momento do despertar do interesse, podemos começar pelo próprio conceito de Legião, que por si só significa um corpo da antiga milícia romana, ou por extensão corpo ou divisão de um exército. A meu ver, uma sociedade que não degrade os seus antepassados e valorize a estirpe da sua grei tem de ter conceitos fortes militaristas, sob pena de a decadência a destruir. Nenhum laço é mais forte do que o laço criado entre os soldados numa guerra ou num período de recruta. Um acaso feliz colocou-me no encontro entre membros da Legião Vertical e cedo comecei a participar nos seus eventos, permitam-me especificar, em cerca de 2010. Contudo, a vida impediu-me de estar nessa época disponível para participar de corpo e alma nas actividades da Legião, criando um muro entre mim e o meu destino. Quando não é chegada a hora, a obra não nasce e a luta faz-se noutros campos de batalha. Mas, quando o sentimento, os valores e os ideais prevalecem, graças à perseverança, o tempo próprio para a chegada da hora é aguardado sem impaciência e sem constituir nenhum óbice, e ninguém será votado ao esquecimento. E assim aconteceu, desde 2014, ano a partir do qual os meus medos e vontade de superação foram postos à prova em situações de limite criadas para o efeito pelos camaradas, nas quais aprendi a conhecer-me e a testar-me, ultrapassando receios e tornando-me mais homem. Barreiras foram ultrapassadas, tomando consciência de que é impossível esculpir a mente e o espírito, descurando a parte física e respectiva potencialidade. Não existe luta sem concertação de forças. Na diversidade e especialidade de cada uma dessas forças pode haver então uma frente de combate. A nossa sobrevivência enquanto homens e dos nossos ideais dependerá do poder que cada um irá acrescentar ao grupo. Tal desiderato não é para todos, é para os que já foram escolhidos, pois outros foram desviados por certas forças que os afastaram do nosso caminho. Que o destino nos torne, pelo menos, um farol que sirva como guia, através do nosso exemplo. E que este mesmo exemplo dignifique aquilo que representamos. Grato a todos os camaradas que me aceitaram.

Editorial do Boletim Evoliano nº 12 (2ª série)

1 Response to " "

  1. Muito interessante os assuntos abordados neste site, conheci a pouco tempo os pensamentos do Julius Evola, infelizmente aqui no Brasil não se encontra fácil as traduções de suas obras. VocÊs deviam fazer uma página no facebook também para expandir estas ideias.

    Um salve do Brasil.

    João Paulo.

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