A vida
legionária é bela, mas não é bela pela riqueza, pelas diversões e luxos, mas pelo
grande número de perigos que oferece ao legionário; é bela pela nobre
camaradagem que une os legionários de todo o país numa santa irmandade de luta;
é bela, de modo sublime, pela inflexível e viril atitude perante sofrimento.
Quando
alguém entra na organização legionária, deve saber desde o princípio a vida que
o espera, o caminho que deverá percorrer.
Este caminho
passará pela montanha do sofrimento, depois pela floresta das feras selvagens e
finalmente pelo pântano do desalento.
A
Montanha do Sofrimento
Depois de
alguém se ter inscrito como legionário com o amor à sua terra no coração, não o
espera uma mesa posta, senão que tem de aceitar sobre os ombros o jugo do nosso
Redentor Jesus Cristo: ‘Ponho o meu jugo sobre ti…’
E o caminho
legionário começa a escalar-se por um monte que o mundo chamou ‘a montanha do
sofrimento’.
Ao início,
parece fácil escalá-la. Mas pouco depois, a subida torna-se mais difícil, o
sofrimento maior. As primeiras gotas de suor começam a cair da face dos
legionários.
Então um
espírito impuro, infiltrando-se entre os legionários que a escalam, lança pela
primeira vez a pergunta: ‘Não seria melhor voltar atrás? O caminho legionário
sobre o qual caminhamos começa a tornar-se difícil e a montanha é larga e alta,
tanto que não vemos o fim’. Mas o legionário não presta atenção, segue adiante
e escala sem dificuldade. Mas, sempre subindo pelo monte sem fim, começa a
cansar-se, parece que as forças começam a abandoná-lo.
Felizmente
para ele, encontra uma fonte, límpida como o coração de um amigo. Refresca-se,
limpa os olhos, respira um pouco e de pronto retoma a ascensão da montanha do
sofrimento. Ultrapassa metade do caminho, e ali começa a montanha sem água, sem
erva, sem sombra, onde apenas se encontram pedras e penhascos. E o legionário,
ao ver aquilo, diz: ‘Até aqui muito sofri. Senhor, ajuda-me a chegar ao cume’.
Mas o espírito do mal lança-lhe a pergunta: ’Não seria melhor voltar atrás?
Deixa o amor pela tua terra. Não vez que deves falecer se amas a Pátria, a
Estirpe e a Terra? E, depois, que vais aqui ganhar? Não é melhor que fiques
tranquilo em tua casa?’
Sobre a
pedra desnuda, ele sobe com fé infinita. Agora está cansado. Cai. Resvalam as
suas mãos e vê correr o sangue pelos seus joelhos. Levanta-se como um valente e
sobe de novo. Falta-lhe pouco. Mas a pedra é agora empinada e angulosa, o
sangue flui-lhe do peito e goteia sobre a pedra inclemente. ‘Não seria melhor
que regresses?’, pergunta de novo a voz do espírito imundo. Ele parece ficar
pensativo. Mas de improviso ouve uma voz que grita das profundezas dos séculos:
‘Adiante, rapazes! Não vos desalenteis!’ Um último esforço. E a valorosa frente
chega ao cimo triunfante, sobre o alto da montanha do sofrimento, com o
espírito cristão e romeno cheio de felicidade e satisfação.
‘Sereis
felizes quando vos persigam e apenas digam más palavras contra vós… E eles
partiam, alegrando-se de terem sido golpeados em nome de Jesus’.
Muito
padecem os legionários subindo por esta montanha do sofrimento. Necessitaríamos
um livro inteiro para descrever o seu sofrimento.
A
Floresta das Feras Selvagens
Quem desejar
tornar-se legionário não deve imaginar que tudo aqui terminou, no cimo da
montanha do sofrimento. Está bem que cada um saiba desde o princípio o que o
espera e conheça o caminho para o qual se encaminha.
Segunda
prova: não decorre muito tempo e o caminho legionário entra por uma floresta à
qual o mundo deu o nome de ‘floresta das feras selvagens’.
Desde as
margens da floresta escutam-se os gritos destas feras selvagens, que esperam
apenas que alguém entre no bosque para despedaçá-lo.
Depois da
montanha do sofrimento, esta é a segunda prova pela qual os legionários devem
passar. Quem seja medroso, que se fique pelas margens da floresta. Quem possua
um coração valoroso, nela entra, luta com valor e afronta mil perigos, dos
quais se poderia escrever, e se escreverá, um livro inteiro. Nesta luta, o
legionário não foge do perigo, não se esconde por detrás das árvores. Pelo
contrário, faz-se presente onde o perigo é maior. Depois de haver atravessado a
floresta e ter vencido todos os perigos, uma nova prova espera-o.
O
Pântano do Desalento
O caminho
perde-se, e os legionários devem atravessar um pântano. Chama-se o ‘pântano do
desalento’ porque aquele que nele entra, antes de chegar ao outro extremo do
pântano, é presa do desalento. Alguns não têm a coragem de entrar, começam a
duvidar do bom êxito da luta, porque este encontra-se demasiado distante e
pensam que não chegarão à vitória. Assim, muitos deles que atravessaram a
floresta das feras e escalaram a montanha do sofrimento, naufragam neste
pântano do desalento. Outros entram e logo retornam, outros afundam-se. Mas os
verdadeiros legionários não perdem o ânimo, superam também esta última prova e
chegam à outra margem cobertos de glória.
Ali, no
final do difícil caminho das três provas, começa a obra bela, a obra bendita
para construir os fundamentos da nova Roménia.
Apenas
aquele que superou as três provas, ou seja, apenas aquele que escalou a
montanha do sofrimento, atravessou a floresta das feras selvagens e superou o
pântano do desalento, e triunfou, somente este é um verdadeiro legionário.
Quem não
passou através estas provas não pode chamar-se legionário, ainda que esteja
inscrito na organização, carregue o distintivo e pague as quotas. Quem teve a
habilidade de sempre as evitar e, em três ou quatro anos da vida legionária não
tenha conhecido e não tenha dado nem o exame da dor, nem o exame da virilidade
e nem sequer o exame da fé, pode ser um homem ‘hábil’, mas não pode ser um
legionário.
O Chefe da
Legião, quando avalia a pessoa de um legionário, não se baseia nem na sua
idade, nem na sua popularidade (isto é, o número de homens que o rodeiam), nem na
sua habilidade, mas apenas nestes três exames.
Corneliu Codreanu, O Manual do Chefe