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As crises económicas do capitalismo. A política ao serviço da economia

Por Eduard Alcántara

Hace un tiempo, coincidiendo con el punto más álgido alcanzado por la última crisis económica española, un amigo, desde allende los mares, nos pidió que le aclaráramos algunos puntos acerca de sus causas y del comportamiento y funcionamiento generales del sistema económico hegemónico en la mayor parte de nuestro planeta. Nosotros, además, le explicamos cómo la inoperancia del sistema económico capitalista no está exenta de relación con el mismo sistema liberal de partidos políticos.

Pero antes que nada le recordamos aquella máxima, como resumen de todo lo que había sucedido y sucede, de que la banca siempre gana.

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Francis García faleceu



Conheci Francis García em Madrid durante uma reunião dos Círculos Doctrinales José Antonio, num escritório que tinham na calle Ferraz. Presidiu à reunião Diego Márquez e Carlos Ruiz Soto. Deve ter sido por volta de 1973. Pretendia-se preparar as “concentrações nacionais” dos Círculos. Francis estava sentado na primeira fila e, como era seu hábito, começou sussurrar-me acerca do que se dizia na mesa presidencial. Na verdade, nem ele nem eu nos encaixámos muito naquele ambiente, o qual acabámos por abandonar como uma fase não particularmente feliz da nossa vida. Mas essa primeira conversa foi o início de uma grande amizade e camaradagem que haveria de permanecer até um dia e meio antes de decidir pôr termo à vida. Na verdade, trocámos um último e-mail e a notícia seguinte que eu tive dele foi a da sua morte.
Francis era um homem especial. Todos os que o conhecemos podemos atestar isso. E era muito jovem. Não se encontra duas pessoas como ele por esse mundo fora. Intelectual tradicionalista, praticante do Budismo desde o Verão de 1978, militou no Círculo José Antonio, de Saragoça, na Frente Nacional da Juventude e na Frente da Juventude, tendo vindo a ser detido no ataque que pulverizou esta organização em Junho de 1980. Não obstante isto, continuaria ao longo da sua vida a sua busca espiritual, reunindo uma biblioteca muito extensa, provavelmente com mais de 10.000 volumes, dedicados a temas de espiritualidade que sempre constituíram o cerne da sua existência. Devido ao seu contexto familiar e ao seu talento para idiomas, essa biblioteca – que considero única em Barcelona – englobava livros em todas as línguas. No entanto, foi, sem dúvida, a biblioteca mais caótica e desorganizada que eu já conheci, mas também a mais completa: bastava pedir um título que era logo localizado em qualquer saco de plástico ou na borda de uma prateleira esquecida.
O seu mundo era a espiritualidade: dominava desde muito jovem a obra de Evola e de René Guénon. Conheceu Schuon e mestres sufis, assim como budistas e taoistas. Mantinha correspondência e amizade com intelectuais franceses desta corrente. Porém, os seus interesses intelectuais iam muito além da espiritualidade: sociologia, política internacional, estudo da modernidade, ecologia, sociedades secretas foram outros alvos da sua curiosidade. Raro era o dia em que não comprava um ou mais livros. Não há muitas pessoas assim. Sempre se interessou por pontos de vista alternativos. Quando surgiram os protestos do “não à guerra”, em 2003, Francis foi um dos que organizaram a grande manifestação pelas ruas de Barcelona, gritando contra a intervenção dos EUA no Iraque. Continuou a manter as suas opiniões políticas de sempre, mas também se aproximou do mundo alternativo.
Depois de se ter casado, passou os últimos sete anos da sua vida na China, tendo regressado um mês e meio afectado por vários problemas físicos. Ele gostava da China e eu creio que me pintou o quadro mais completo dessa sociedade, cuja evolução observava com interesse. Graças a ele, aprendi que o comunismo chinês não é diferente, ainda hoje, do pior estalinismo; e que a doutrina do marxismo-leninismo é obrigatória para todos os cursos académicos, sendo determinante a sua assimilação, sem a qual não pode haver progressão na carreira. Fiquei a saber que nos campi universitários chineses, os megafones impunham aos gritos os slogans do Partido Comunista, o que parecia ser uma situação orwelliana. Soube também, graças a ele, que o suicídio era uma situação comum na China e muitos dias se passavam em que a poluição ambiental não permitia ver a luz do Sol. Não admira que ele tenha voltado com problemas físicos. No entanto, ele gostava muito do povo chinês. Teve oportunidade, todavia, de conhecer melhor naquele país (e em todo o Sudeste Asiático) os professores de diferentes correntes espirituais. Sempre acompanhado de sua esposa, Yiffen, mulher de grande integridade, trabalhadora e culta.
Francis era uma das pessoas mais sociáveis ​​que eu conheci. Com facilidade, fazia bons amigos e sempre procurava ver as melhores qualidades das pessoas. Bastava uma frase, uma ideia simples para se interessar por alguém e, a partir daí, considerava essa pessoa um interlocutor válido. Claro está que nem sempre acertava. Às vezes deixava-se levar pelo seu entusiasmo pelas pessoas, mas, se teve decepções, também conheceu gente excepcional – alguns seriam últimos exemplos de um mundo que está a acabar, testemunhas de uma outra época, que agora vivem em auto-reclusão sem interesse em chamar a atenção, nem em expressar a sua existência.
Eu creio que fui um dos seus melhores amigos e, claro, todas as vezes que me despedia dele por e-mail, terminava com “Saudações cordiais do teu amigo e camarada”. Era um amigo e camarada. Foi alguém excepcionalmente modesto e o melhor elogio que podíamos fazer e aquilo que de facto ele queria era, mais do que tudo, ser “uma boa pessoa”.
Ficámos ambos muito satisfeitos quando, em 1988, um amigo e editor nos pediu para traduzirmos Cavalgar o Tigre. Conhecíamos o livro, o qual tínhamos lido em finais de 70, cujo texto nos havia transformado a vida, pois espiritualmente fez-nos entrar na maturidade. Nenhum de nós duvidava da superioridade intelectual de Julius Evola sobre qualquer outro da mesma corrente. Para os outros, a espiritualidade era algo que não tinha nada a ver com o mundo contingente. Para Evola, espiritualidade e vida eram dois pólos dificilmente separáveis. Muito diferente das grandes teses de Guénon, impossíveis de levar à prática, tendo conduzido os seus partidários a instituições tão contraditórias como o tradicionalismo católico, a maçonaria e o Islão, com Evola havia dois tipos de prática a eleger: uma adaptada ao homem de acção e exposta na sua obra Os Homens e as Ruínas, ideal para aqueles que acreditam poder fazer-se algo para impedir a decadência; em paralelo, para aqueles que acham que nada pode ser feito e que faz mais sentido resistirmos ao mundo onde predomina a modernidade, Evola escreveu as suas últimas reflexões no Cavalgar o Tigre. O livro, escrito na década de 60, segue todas e cada uma das correntes daquele tempo e recomenda algumas normas de comportamento frente a problemas novos. Ela diz-nos que o declínio que estamos a viver hoje não é da “sociedade tradicional”. “Assistimos sim é a uma crise da sociedade burguesa e dos valores burgueses”. Diz-nos que antes e acima de tudo, é preciso “superar o niilismo”, passando pelo mesmo, reconhecendo que não há instituições que valham a pena defender, parar de usar desculpas e esperanças vãs. O que Evola pretendia dizer é que há que iniciar uma jornada para o fim do niilismo, usando-o, para depois o superarmos e conseguirmos permanecer de pé ante o vazio e a vacuidade da sociedade moderna.
Traduzimos o livro em cerca de um mês, que, após ter sido publicado, foram feitas sucessivamente dezenas de edições e tem sido difundido à saciedade pela Internet. Aproveitamos a oportunidade para discutirmos e comentarmos a obra e respectivos temas e ampliarmos as nossas próprias conclusões.
Um dos capítulos de Cavalgar o Tigre intitulado “O direito sobre a vida: o suicídio” é das páginas mais duras que eu alguma vez li. Se a vida não é um valor supremo (e não é, pois o herói está disposto a entregar a sua vida, renunciando a ela, em defesa da sua comunidade, da sua dama, dos seus valores) e nós somos donos da nossa vida e responsáveis por tudo o que nos acontece, a morte por nossa própria iniciativa é uma opção. Mishima, Venner, Montherland, Drieu, seguiram esse caminho. Evola cita a frase de Séneca: “Se não queres lutar, podes retirar-te. Com efeito, nada te impede de morrer.” É uma opção.
Apenas duas doutrinas aceitam o suicídio como moralmente admissível: o estoicismo e o Zen. Eu e Francis sentimo-nos sempre muito próximos de ambas as correntes. Se com a primeira só poderia haver um conhecimento literário e intelectual, com o Budismo Zen, é possível encontrar “mestres espirituais” que nos demonstram os rudimentos da prática.
Houve um tempo em que os nossos caminhos espirituais se afastaram, mas nunca a nossa amizade. Sempre considerei Francis Garcia como um irmão e agora sinto a mesma dor de quando se perde um irmão de sangue. Isto para além da nossa cumplicidade e das nossas análises políticas. Francis procurava “mestres espirituais” e “sistemas de iniciação”. Eu, no final dos anos 80, fiquei convencido de que essa busca era muito problemática: nada indicava que tal ainda existisse (pelo menos digno desse nome). A partir daí, comecei a imaginar a espiritualidade como uma parede em branco e o meio mais viável para aceder a ela seria a meditação Zen. Procurar sistemas complexos de iniciação poderia representar gastar muito tempo e esperanças excessivas susceptíveis de decepcionar. E o tempo não volta para trás. Quanto à “iniciação”, tinha conhecido sistemas iniciáticos quanto bastasse para duvidar de sua eficácia nos tempos actuais: era como se as portas de outros tempos permanecessem abertas e, permitindo o trânsito do mundo do contingente para a transcendência, se tivessem depois fechado. Tal é o drama da nossa época.
Tudo isso nada mais é do que aquilo que Evola nos disse: era necessário fazer a viagem até ao fim do niilismo, apurar o niilismo em todos os seus aspectos e actuar como o cavaleiro da gravura de Anton Dürer, “O cavaleiro, a morte e o Diabo”. O cavaleiro de Dürer, sem dúvida o melhor artista alemão, ainda que assediado e seguido pelo Diabo, parece dotado de uma serenidade impassível a toda a prova. Esta é a forma como devemos actuar ante a destruição omnipresente da modernidade. Não há remédios “tradicionais” acessíveis. As portas estavam já fechadas. Somos só nós diante do vazio. Sozinhos perante nós próprios. Sozinhos ante a ilusão de um mundo impermanente e em plena desintegração. Reconhecer isso implica colocarmo-nos perante o “ponto ómega” da nossa própria existência: e então abrem-se duas vias. A de aceitar a vida, tentar tirar proveito do que ela oferece. Ou considerar a inutilidade da viagem, pois sabemos com o que nos iremos deparar e retirarmo-nos, isto é, morrer. Francis escolheu a segunda opção.


NADIE COMO ÉL… REIVINDICACIÓN DE JULIUS EVOLA EN EL 40º ANIVERSARIO DE SU FALLECIMIENTO

El 11 de junio de 1.974 fallecía Julius Evola en su domicilio romano de Corso Vittorio Emanuele. A 40 años de dicho óbito no podíamos permanecer en silencio, pues el legado que nos dejó el maestro y gran intérprete de la Tradición no tiene parangón alguno. Podríamos comentar detalles cuanto menos asombrosos de su post mortem que seguramente nos harían pensar que lo de Evola no se trató meramente de las intasables doctrinas que nos hizo llegar sino que incluso operó una transformación interior que le hizo ontológicamente partícipe de Tradición Viva (Identificación con el Mundo Suprasensible y Conocimiento del mismo), pero nuestro propósito, en estas líneas, no es hablar de sus aconteceres personales sino de los aportes irrenunciables de la obra escrita que nos ha dejado. De hecho ya en su momento hablamos de sus circunstancias personales, tanto las de su mentado post mortem (1), como la de otros trasiegos que le acaecieron en vida y que podemos colocar en el mismo plano metafísico de los hechos que rodean su muerte -tanto previos como posteriores- (2) y finalizando por su accionar exterior a lo largo de buena parte de su vida (3).
Así pues, es de su legado doctrinal de lo que nos vamos a referir, pues consideramos que nadie como el maestro italiano ha sistematizado de forma más fidedigna lo que es la Tradición, lo que son sus principios, sus valores y sus fundamentos perennes. Nadie como él nos ha descrito lo que en la Tradición es eterno, al margen de circunstancias temporales o geográficas. Nadie como él ha descrito la morfología del Mundo Tradicional. Nadie como él nos ha hecho ver el proceso de caída que llevó al hombre desde la Tradición al alienante mundo moderno (4). Nadie como él nos ha dibujado épocas, culturas, instituciones, organizaciones políticas, doctrinas, sagas y ciclos que fueron paradigmáticos de lo que debe entenderse como Mundo de la Tradición. Nadie como él ha desbrozado la Tradición de adherencias o de involuciones que ya estaban y/o están claramente desmarcadas de ella y que, p. ej., pueden concurrir a un tipo de religiosidad de naturaleza sacerdotal, clerical, lunar, fideísta, devocional, moralista, dogmática, pasiva y embebida por lo que Evola catalogó como propio de la ´luz del sur´. Nadie como él ha visto que sólo a través de la ´vía heroica´, la propia del guerrero o shatriya, ha sido y es posible -en lo que ya Hesíodo denominó como Ciclos Heroicos- la Restauración del Orden Tradicional perdido. Nadie como él supo y nos ha hecho ver que ´la vía heroica del guerrero´ no tiene una vertiente únicamente externa sino que sobre todo trata de la componente interna que consiste en la transformación del ser de un tipo de hombre diferenciado en pos de su Despertar a la Trascendencia. Nadie como él nos ha trasladado que es la ´vía de la acción´ propia de un tipo de Espiritualidad Solar e impregnada por la ´Luz del Norte´ la que puede conducir al hombre hacia su Liberación. Nadie como él acabó con espurias interpretaciones promiscuas, cosmopolitistas e igualitarizantes de lo que es la Tradición y nos enseñó que fue una Raza Primordial y no la humanidad en forma genérica e indiferenciada la que in illo tempore, en y desde una sede ártica-boreal, fue la única protagonista de la Edad de Oro consustancial a la Tradición Primordial y que desde dicha sede Hiperbórea se ramificó hacia diferentes puntos del Planeta y que, igualmente, de ese mismo tronco racial surgieron posteriormente las razas indoeuropeas que migradas por enclaves diversos, y no habiendo olvidado nunca sus orígenes más remotos, protagonizaron diferentes Ciclos Heroicos y restauraron, en diversos períodos y civilizaciones, el Mundo perdido de la Tradición y vivificaron esa Luz del Norte que sólo ellos portaban en la memoria sacra de la sangre, pues sólo ellos eran descendientes de aquellas Razas Primordiales boreales que blandieron en la Edad Áurea la Espiritualidad Solar. Nadie como Evola ha interpretado el sentido holístico de la jerarquía (etim., ´gobierno sacro´) y no lo ha excluido de ningún ámbito, incluido el racial, aun reconociendo la enorme decadencia actual que arrastra a los pueblos descendientes del remoto septentrión; pueblos, que a pesar de ello, atesoran esa posibilidad -ahora adormecida- de retorno a la Edad Primordial (5). Nadie como Evola ha sustentado la certidumbre inherente a la Tradición de que no existen fatalismos contra los cuales un tipo de hombre diferenciado no pueda luchar para revertir la deletérea postración a la que nos ha llevado el mundo moderno, pues nadie como Evola nos ha planteado, a lo largo de diferentes momentos históricos por los que él mismo pasó, las tácticas más adecuadas para hacer frente al edificio mastodóntico de la modernidad e intentar derribarlo y desintegrarlo: en momentos defendió el combate frontal contra él (6) y en otros posteriores la brega por debilitarlo desde dentro (7) …pues nadie como Evola concibió que ni las mismas Edades por las que según los textos Sacros y Sapienciales pasa un ciclo humano o manvântara son compartimentos rígidos sino que son el fruto de dinámicas cósmicas que influyen aquí abajo pero que a pesar de determinar no deben resultar fatales e inamovibles para un tipo humano irreductible y tenaz (8). Nadie como Evola entendió la esencia de la Tradición, que no es otra que la de actuar en este mundo para sacralizarlo y no, por contra, evadirse metafísicamente de él, pues de entenderse de este último modo no hablaríamos de Tradición sino meramente de ´metafísica pura´. Nadie como Evola, pues, entendió que la Tradición es metafísica aplicada en el plano físico de la existencia. Nadie como él aportó vías, herramientas, técnicas y caminos prácticos de transformación interior para ese tipo humano diferenciado que ose recorrer el arduo camino Iniciático que apunta a ese Renacimiento al Mundo Superior que consagra al ariya (al renacido) (9). Nadie como Evola nos ha sabido mostrar dónde se hallan las incorruptas trincheras del Frente de la Tradición pues nadie como él nos las ha desbrozado bien de las escorias de la modernidad más descarnadamente materialista o bien de las pseudoespiritualidades (10) que se afanan por aturdir y confundir a aquéllos que sienten la llamada de la Tradición y la lucha, interna y externa, contra el Mundo Moderno. Nadie como él nos ha puesto en el camino correcto. Nadie como él nos ha dado certidumbre y luz ¡…la Luz del Norte!

NOTAS:
(4) Tanto la morfología del Mundo de la Tradición como el proceso involutivo que abocó en el mundo moderno fueron magistralmente descritos por nuestro autor en Rivolta contro il mondo moderno.
(5) No hace mucho comentábamos en cierto medio que”al igual que Evola definió al budismo de los orígenes -el escrito en canon pali- como totalmente acorde con el modo más genuino de encarar a la Trascendencia que siempre fue propio del hombre indoeuropeo Tradicional deberíamos decir lo mismo del Tao-tê-king de Lao Tsé (que podemos hacerlo emanar del I Ching): encaja, significativamente, totalmente con ese estilo propio del mundo clásico que percibía la existencia, actuaba en ella y entendía de lo metafísico con serenidad, calma anímica, autocontrol, autodisciplina, severidad, austeridad y equilibrio.
Dicho lo cual habría que incidir en que estas similitudes nos denotan un más que probable común origen boreal-solar que habría que entender a través de esas migraciones que, desde la subsede hiperbórica constituida por ese fiel reflejo que habría sido la tierra nordatlantídea, llegaron a la fachada atlántica de Europa (recuérdese la raza solar de los Tuatha de Dannan), se extendieron por ambas riberas del Mediterráneo (megalitismo que recientes pruebas efectuadas con el carbono 14 demuestran que se desarrolló del oeste al este -no al revés- por ser más antiguos los megalitos situados más al oeste), originando, p. ej., la primigenia solar civilización egipcia y extendiéndose hacia Asia, llegando al Tibet (se trasluce un fuerte influjo de estos pueblos de origen nordatlantídeo -o quizás directamente boreal- en el Tibet de los Bon y los Dropa), a tierras de la actual China (aquí encajaría el I Ching…) y hasta el Japón (piénsese en los ainu). Nótese que todavía no estamos hablando de pueblos indoeuropeos, sino de pueblos de un mismo origen y extracción racial pero emigrados mucho antes de la formación de la Urheimat  indoeuropea situada en la cultura de Ertebolle-Ellenberck (allá por la península escandinava).
Las tradiciones solares han sido difundidas por una misma raza. Todas las obras desarrolladas por Evola tratan sobre tradiciones difundidas por esa misma raza y acordes con lo solar. Las tradiciones de carácter Solar que afloraron en diversas partes del planeta son las que esta raza portó consigo y esta raza no es otra que la blanco boreal y su descendiente la indoeuropea, no otra. A cada raza le es inherente un tipo de espiritualidad o un tipo de religiosidad: solar a la indoeuropea, lunar a la semítica y pelásgica,…, totémica a la mongoloide y animista a las negroides.
Lo de la raza (a diferencia del Hado fatalista, del dios omnipresente semítico, de la razón hegeliana universal, del materialismo dialéctico e histórico del mismo Hegel y su seguidor Marx, de los determinismos sociales o culturales)  no supone -lo de la raza- un determinismo que atente contra el principio Tradicional de la libertad del hombre sino una condición sine qua non para ser portadores de esa semilla divina que, mediante la Iniciación propia de la vía del héroe, puede aspirarse a ser Despertada. Sólo la raza mencionada -a causa de su origen divino- puede lograr esa Liberación. Si no queremos caer en igualitarismos no se pueden poner en el mismo nivel las razas de origen divino con las razas hijas de la Tierra, pues adjudicarles a éstas -materializadas, esclavas de la vida meramente instintiva y pulsional y, por ello y citando a Evola, bestializadas- dicha posibilidad Liberadora nos puede provocar el echar mano de la reducción al absurdo y admitir, así, dicha posibilidad de Despertar para -y copiando a teósofos reencarnacionistas- bóvidos, reptiles o hasta insectos…
No se puede admitir lo jerárquico del mundo de la Tradición para todo menos para las razas. El fijarse tan solo en el aspecto externo -lo físico- para, percibiendo sensorialmente que todas las razas tenemos aspecto humano, niverlarlas no representa más que una superficialidad -de corte biologista- que es impropia de una perspectiva Tradicional que siempre pone el énfasis en el nivel Espiritual (en los logros que potencialmente son posibles espiritualmente y que sólo una raza de origen divino -y que poco tiene en común con las demás, aparte de su aspecto antropomórfico- puede hacerlos realidad).”
El del seguimiento de las migraciones de la raza boreal Primordial es un tema que puede ver mucha luz tras la lectura de capítulos como el II, III y IV de la Segunda Parte de Rivolta contro il mondo moderno; en su versión en castellano a cargo de Ediciones Heracles: Rebelión contra el mundo moderno. Igualmente resulta muy recomendable al respecto la consulta del también libro de escritos de Evola El “misterio hiperbóreo”. Escritos sobre los indoeuropeos (1.934-1.970), a cargo de Ediciones Nueva República.
(6) La lucha abierta contra la modernidad y el Sistema que la hacía y hace   suya la defiende todavía Evola en su libro Los hombres y las ruinas (1.953).
(7) Dinamitar al Mundo Moderno desde dentro y no enfrentándose frontal y de forma suicida a él es, en cambio, la estrategia que, en vista del agravamiento de la situación, nuestro maestro estima la conveniente en su obra Cabalgar el tigre (1.961). Un resumen de esta obra se puede leer en el cap. V de nuestra Reflexiones contra la modernidad (Ediciones Camzo); capítulo que puede igualmente encontrarse en: http://septentrionis.wordpress.com/2009/07/28/cabalgar-el-tigre/
(8)Para una profundización en el tema de la oposición Tradicional a la idea de fatalismo se puede consultar el cap. III de nuestro ya citado libro Reflexiones contra la modernidad. Asimismo se puede leer dicho ensayo en: http://septentrionis.wordpress.com/2010/08/19/evola-frente-al-fatalismo/
(9) Evola nos describe técnicas Iniciáticas en diversas obras suyas, pero de una manera sistemática lo hace, junto a un buen número de colaboradores del Gruppo di Ur, en Introduzione alla magia quale scienza dell´io.
(10) Así las denunció en forma monotemática en Rostro y máscara del espiritualismo contemporáneo.

Nacionalismo e patriotismo

A propósito de uma certa discussão num fórum, Eduard Alcántara escreveu esclarecendo o necessário… e fundamental: 

El nacionalismo presenta un carácter naturalista, promiscuo, igualitarista y telúrico. Es hijo de la nefasta Rv. Francesa. El vocablo “nacionalismo” proviene de “nacer” y por ello por el simple hecho de nacer en un determinado territorio uno adquiere los derechos correspondientes y se equipara (igualitarismo) a sus conciudadanos. En estas condiciones de igualdad (no sólo jurídica sino también ontológica) todos deben gobernar y, así, la consecuencia lógica es el sufragio universal y la usurpación democrática. El nacionalismo representó el golpe de gracia definitivo a cualquier intento postrero de revitalización – y hasta de conservación – del viejo Sacro Imperio Romano Germánico, tal como ocurrió con el Imperio Austro-húngaro al finalizar la IGM: los nacionalismos internos aprovecharon la derrota militar para hacer implosionar el dicho imperio.
Podemos otorgarle un carácter bien diferente al “patriotismo”, pues si este término deriva de “pater” debemos considerar al patriotismo como la adhesión a la patria en cuanto lugar en el que los “pater” o antepasados hicieron algo digno de rememorar y conservar: la conquistaron, la defendieron, la expandieron… Por esto el patriotismo evoca gestas y anima a sus adherentes a no perder la tensión vital y anímica necesarias para poder ser dignos sucesores de sus antepasados. Los más dignos de entre todos – esto es, la élite – deben dirigir y gobernar… lo contrario, pues, de lo que sucede en la infatuación democrática hija del nacionalismo. En la línea, pues, del patriotismo sí cabe la posibilidad de logros excelsos como el del Imperium.
Al respecto de lo expuesto siempre es bueno recordar este escrito de José Antonio Primo de Rivera: “La gaita y la lira”.
Saludos

Dialécticas...

«Quem disse que quando insultam os nossos sentimentos, antes de reagir como homens, temos a obrigação de ser amáveis? Claro, a dialéctica como primeiro instrumento de comunicação. Mas não há outra dialéctica admissível senão a dos punhos e das pistolas quando se ofende a justiça ou a Pátria.»

– José Antonio Primo de Rivera, Discurso de Fundação da Falange (29/10/1933)

Amamos e lutamos

Via La Antorcha Negra

Amamos la Libertad. Por eso luchamos contra el liberalismo. Porque no queremos ser una mercancía en la absurda tramoya que proclama derechos abstractos sin garantizar ninguno.

Amamos la Justicia. Por eso luchamos contra el igualitarismo. Porque no es justo tratar igual al necio que al sabio, ni al vago igual que al que se esfuerza.

Amamos la Patria. Por eso luchamos contra el separatismo. Es un crimen que no perdonaremos.

Amamos la Dignidad del Trabajo. Por eso luchamos contra el marxismo y el capitalismo. Las dos caras sucias de la misma moneda materialista y judaica.

Amamos el legado de nuestros ancestros. Por eso luchamos contra el mestizaje globalizador y defendemos nuestra Raza, nuestra Cultura y nuestra Identidad. Porque nosotros no nos avergonzamos de nuestra Historia.

Amamos la Tradición. Por eso somos revolucionarios y luchamos contra una modernidad podrida y decadente.

Amamos y defendemos la Verdad y la Ética. Por eso luchamos contra la democracia. Porque no queremos una sociedad basada en criterios aritméticos.

No luchamos para justificar intereses, sino para defender Valores Eternos.

Por eso, a pesar de la perfidia de nuestros enemigos, al final venceremos.

Legião e Partido

Legião e Partido são dois conceitos antitéticos e antagónicos. Enquanto que a essência de um partido é o manifesto ou o programa, que é como que a mercadoria que se oferece ao cidadão, o anzol com o qual se tenta apanhar o seu voto (o qual, como bem sabemos, tem apenas um inconveniente e que é o de nunca se cumprir), aqui é substituído por um conceito mais vasto e universal, que é a concepção do mundo. Se o Partido se esgota simplesmente na conquista do Estado para acomodar os seus membros e repartir prebendas aos seus votantes, a função da Legião é pelo contrário modificar o homem. É por isso que, dirá Codreanu para distinguir a política do Partido da da Legião, enquanto que para o democrata partidário a política é um negócio, para o legionário é uma religião.
Pois bem, sendo a Legião o oposto do conceito de Partido, sendo uma realidade antitética em relação a este último, exige uma série de requisitos totalmente distintos do que normalmente existe hoje em dia. É actualmente comum filiar-se num partido para progredir e, por sua vez, é normal da parte do Partido andar atrás das pessoas para que se filiem ou votem nele, pois isso implica para este um ganho de carácter principalmente económico (reconhecimento legal, franquias, subsídios, etc., portanto, dinheiro). Passa-se exactamente o contrário com a Legião. Ser legionário é principalmente um orgulho e algo que se consegue depois de uma série de requisitos não facilmente alcançáveis por qualquer um. Parte-se aqui da ideia de que vários séculos de modernidade e materialismo geraram uma profunda perversão no homem, o qual deve ser corrigido e modificado. Aquele que ingressa na Legião não o faz para ascender ou progredir, como acontece hoje em dia, mas sim para se rectificar. A Legião é pois uma escola para as pessoas, um lugar onde estas recebem uma aprendizagem, mas não no sentido habitual do que é a educação hoje em dia, pois actualmente onde menos se educa é na escola, onde quando muito se adquire um certo adestramento ou técnica que em si mesma não transforma grandemente a pessoa, mas sim uma acção modificadora desta, pela qual quem nela ingressa deve restaurar essa unidade originária no sentido de que o espírito reja a alma e esta governe o corpo. Numa época materialista como a nossa onde o hedonismo, a busca tão-só dos prazeres materiais, é o que prima, a acção correctiva desencadeava-se através de um profundo ascetismo. (…)
Por tudo quanto foi dito salta à vista a ideia grandiosa que resulta da Legião como projecto e a insignificância que perante a mesma adquire o conceito de Partido. Codreanu tinha imposto como norma que todo aquele que se filiasse num partido fosse automaticamente expulso da Legião. O partido era equiparado a uma instituição criminosa que tinha de ser combatida com todas as forças. No entanto, também na sua época surgiram pessoas que por vezes “por táctica” pensaram na conveniência de filiar-se em algum partido para “tomá-lo” ou transformá-lo. A este respeito Codreanu é claro nas suas críticas; ele costumava dizer que quem assim opinava assemelhava-se àqueles que consideravam que o Mar Negro, que é salgado e pequeno, em comparação com o Mediterrâneo por exemplo, iria transformar-se com o decorrer dos anos em doce em virtude de todos os afluentes que lançavam permanentemente as suas águas nele. Precisamente o contrário, respondia, não só continuará sempre salgado, como também transformará em salgadas as águas doces que afluem até ele. Recordemos a tal respeito todas aquelas pessoas que conhecemos que tentaram a sorte nos partidos e veremos quanta razão tem esta simples reflexão.
A terceira revolução, a legionária, aquela que substitui o vetusto conceito de partido pelo mais claro e radical de Ordem, era pois a mais profunda de todas: significava questionar a modernidade até às suas próprias raízes, implicava a verdadeira rectificação da história do Ocidente e, porque não dizê-lo, do mundo inteiro. (…)

- Excerto do texto "O Espírito Legionário", a publicar no próximo número do Boletim Evoliano

A democracia é lisonja

Se definirmos a “democracia” como o auto-governo do povo, evocamos imediatamente uma impossibilidade, qualquer coisa que jamais poderá ter uma existência de facto, nem hoje, nem em qualquer outra época.
Não há necessidade de nos deixarmos abusar pelas palavras: é contraditório admitir que os mesmos homens possam ser, num dado momento, governantes e governados porque, para usar a linguagem aristotélica, um mesmo ente não pode estar, simultaneamente e na mesma relação, “em acto” e “em potência”.
Isto é uma relação que supõe necessariamente dois termos: não pode haver governados onde não haveria governantes; mesmo se estes são ilegítimos e não têm outros direitos ao poder, para além dos que a si próprios se atribuíram.
Ora, a grande habilidade dos dirigentes do mundo moderno consiste em fazer acreditar ao povo que ele se governa a si próprio. E o povo deixa-se persuadir tanto mais de bom grado quanto se sente lisonjeado e, por outro lado, sendo incapaz da reflexão necessária para perceber que a coisa é impossível.

- René Guénon, Hierarquia e Democracia, Hugin, 2001, pp. 33-34

Legionarismo Ascético



O homem compõe-se de um organismo, ou seja, de uma forma organizada, depois de forças vitais, depois de uma alma. Podemos dizer o mesmo de um povo. E a construção nacional de um Estado, se bem que abranja naturalmente estes três elementos, por razões de vária ordem e diferentes heranças, pode sobretudo assumir especialmente um ou outro destes aspectos.

Creio que no movimento fascista predomina o elemento Estado, que corresponde ao da forma organizada. Aqui fala a potência formadora da Roma antiga, mestra do direito e das organizações políticas, das quais a Itália é a herdeira mais pura. No nacional-socialismo, pelo contrário, é posto em relevo aquilo que se refere às forças vitais: a raça, o instinto da raça, o elemento étnico-nacional. No movimento legionário romeno, o acento tónico é colocado sobretudo naquilo que, num organismo, corresponde ao elemento alma: sobre o aspecto espiritual e religioso.

Daí vem o carácter dos diferentes movimentos nacionais, que, ao fim e ao cabo, compreendem os três elementos e não deixam nenhum de lado. O carácter específico do nosso movimento vem-nos de uma antiga herança. Já Heródoto chamava aos nossos pais: "os Dácios Imortais". Os nossos ancestrais geto-trácios tinham fé, inclusivamente antes do cristianismo, na imortalidade e indestrutibilidade da alma, o que prova a sua orientação em direcção à espiritualidade. A colonização romana acrescentou a este elemento o espírito romano de organização e de forma. Os séculos seguintes desagregaram e tornaram o nosso povo miserável: mas da mesma forma que num cavalo doente e prostrado se pode reconhecer a nobreza da sua raça, igualmente se pode reconhecer no povo romeno de ontem e hoje os elementos latentes desta dupla herança.

E é esta herança que o movimento legionário quer despertar. Partindo do espírito, quer criar um homem espiritualmente novo. Realizando esta tarefa enquanto "movimento", aguarda-nos o despertar da segunda herança ou seja, a força romana politicamente formadora. Assim, o espírito e a religião são, para nós, o ponto de partida, o "nacionalismo construtivo" é o ponto de chegada, uma simples consequência. A ética simultaneamente ascética e heróica da Guarda de Ferro consiste em reunir um e outro ponto.

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Para nós, um ponto particular é que a presença dos mortos na nação ecuménica não é abstracta e sim real: dos nossos mortos e sobretudo dos nossos heróis. Não nos podemos separar deles; eles, como forças libertadas da condição humana, penetram e sustentam a nossa mais alta vida. Os legionários reúnem-se periodicamente em pequenos grupos, chamados "ninhos". Estas reuniões seguem ritos especiais. Aquele pelo qual se abre cada reunião é a chamada de todos os nossos camaradas caídos, à qual os participantes respondem com um "Presente!". Mas isto não é, para nós, uma simples cerimónia e uma alegoria, mas, pelo contrário, uma evocação real.

Distinguimos o indivíduo, a nação e a espiritualidade transcendente, e na devoção heróica consideramos aquilo que conduz de um ao outro desses elementos, até uma unidade superior. Negamos, sob todas as suas formas, o princípio da utilidade bruta e materialista: não somente no plano do indivíduo, mas também no da nação. Para lá da nação, reconhecemos princípios eternos e imutáveis, em nome dos quais devemos estar prontos a combater, a morrer, e aos quais devemos subordinar tudo, pelo menos com a mesma determinação com que tomamos o nosso direito a viver e a defender a nossa vida. A verdade e a honra são, por exemplo, princípios metafísicos, que colocamos acima da nossa própria nação.

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Há dois aspectos, para clarificar os quais tem de ter-se presente o dualismo do ser humano, que é composto de um elemento material naturalístico e de um elemento espiritual. Quando o primeiro domina ao segundo, é o "inferno". Qualquer equilíbrio entre os dois é uma coisa precária e contingente. Só o domínio absoluto do espírito sobre o corpo é a condição normal e a premissa de toda a força verdadeira, de todo o verdadeiro heroísmo. O jejum é praticado por nós porque favorece tal condição, liberta as amarras corporais, estimula a auto-libertação e a auto-afirmação da vontade pura. E quando a isto se acrescenta a oração, pedimos que as forças do alto se unam às nossas e nos sustentem invisivelmente. O que nos conduz ao segundo aspecto: é uma superstição pensar que em cada combate só as forças materiais e simplesmente humanas são decisivas; entram em jogo, pelo contrário, igualmente forças invisíveis, espirituais, pelo menos tão eficazes como as primeiras. Estamos conscientes da positividade e da importância destas forças. É por isso que damos ao movimento legionário um carácter ascético preciso. Também nas antigas ordens cavaleirescas vigorava o princípio da castidade. No entanto faço notar que entre nós se restringe ao Corpo de Assalto, também com base numa justificação prática, ou seja, para aqueles que se devem consagrar inteiramente à luta e não temer a morte é conveniente não ter impedimentos familiares. Por outro lado, só se permanece neste corpo até aos trinta anos de idade. Mas, em todo caso, permanece sempre uma posição de princípio: de um lado há aqueles que não conhecem senão a "vida", e que portanto não buscam senão a prosperidade, a riqueza, o bem-estar, a opulência; do outro, há aqueles que aspiram a algo mais que a vida, à glória e à vitória numa luta tanto exterior como interior. Os Guardas de Ferro pertencem a esta segunda categoria. E o seu ascetismo guerreiro completa-se com uma última norma: com o voto de pobreza a que está obrigada a elite dos chefes do movimento, pelos preceitos de renúncia ao luxo, às diversões vazias, aos passatempos chamados mundanos, em suma, pelo convite a uma verdadeira mudança de vida que fazemos a cada legionário.

- Citações de Codreanu, extraídas da entrevista concedida a Julius Evola (Dois artigos de Julius Evola sobre a Guarda de Ferro)

O mistério da decadência

Por outro lado, no que se refere particularmente a uma ordem social que tinha o seu centro num soberano, até ao Sacro Império Romano subsiste o principio – já defendido por Celso contra o dualismo do cristianismo das origens – de que os súbditos através da sua fidelidade ao seu príncipe podem demonstrar a sua fidelidade a Deus. É uma antiga concepção indo-europeia a do súbdito como um ser que está ligado por um compromisso sagrado e livre à pessoa do soberano; esta fides ou devoção pessoal foi levada, no mundo tradicional, para além dos limites políticos e individuais, a ponto de atingir por vezes o valor de uma via de libertação. «Os sujeitos – salienta por exemplo Cumont a propósito do Irão – consagravam aos seus reis divinizados não só as suas acções e as palavras, mas também os seus próprios pensamentos. O seu dever era uma dedicação total da sua personalidade àqueles monarcas igualados aos deuses. A militia sagrada dos Mistérios é apenas esta moral cívica considerada do ponto de vista religioso. 0 lealismo confundia-se assim com a fé.» A isto deve-se portanto acrescentar que nas formas mais nítidas e luminosas da Tradição se reconhecia igualmente a este lealismo a virtude de produzir os mesmos frutos que a fé promete. Ainda há pouco tempo se viu, no Japão, o general Nogi, o vencedor de Port Arthur, matar-se com a mulher, à morte do seu imperador, para o seguir nos mesmos caminhos do além-túmulo.
Com tudo isto esclarece-se em todos os aspectos o motivo por que dizemos que o segundo eixo de toda a organização tradicional é – além do rito e da existência de uma elite, não só humana, que representa a transcendência – a fidelidade. É esta a força que, tal como um magnetismo, estabelece os contactos, cria uma atmosfera psíquica, propicia as comunicações, estabiliza as estruturas e determina um sistema de coordenação e de gravitação entre os indivíduos isolados e entre estes e o centro. Quando começa a faltar este fluído, que em última análise tem a sua origem na liberdade e na espontaneidade espiritual da personalidade, o organismo tradicional perde a sua elementar força de coesão, fecham-se caminhos, os sentidos mais subtis atrofiam-se, as partes dissociam-se e atomizam-se – o que tem por consequência a imediata retirada das forças do alto, que deixam ir os homens para onde quiserem, segundo o destino criado pelas suas acções e que nenhuma influência superior poderá já modificar. É somente este o mistério da decadência.

- Revolta contra o Mundo Moderno, p. 147

Tradição e Revolução

«Uma vez vistas as coisas claramente nestes termos, é necessário examinar a fundo as próprias ambições “revolucionárias”, tendo no entanto em conta que se estas ambições forem remetidas aos seus limites legítimos, limitar-nos-emos a ser parte das equipas de demolição. Num nível mais elevado encontram-se aqueles que ainda se mantêm realmente de pé. A sua palavra de ordem é Tradição, segundo o aspecto dinâmico que já coloquei em evidência mais acima. Como já dissemos, o seu será o estilo de quem, quando as circunstâncias mudam, quando as crises ocorrem, quando novos factores entram em acção, quando os diques anteriores começam a ceder, mantém o sangue frio, sabe abandonar aquilo que tem de ser abandonado de modo a não comprometer o essencial, sabe avançar estudando impassivelmente formas adaptadas às novas circunstâncias e com elas sabe impor-se, de modo tal a restabelecer ou manter uma continuidade imaterial, evitando toda a acção privada de base e aventureirista. É esta a missão, é este o estilo dos verdadeiros dominadores da história, bem diferente, mais viril do que o simplesmente “revolucionário”.»

- Julius Evola, Os Homens e as Ruínas

O significado interior da raça

Desde há muito que a linguagem comum tem a expressão: um homem de raça. De maneira geral, este era um conceito aristocrático. De entre a massa dos seres comuns e medíocres destacavam-se seres “de raça”, no sentido de seres superiores, “nobres”. Uma tal nobreza, no entanto – convém lembrá-lo – não tinha necessariamente significado heráldico: tipos do campo ou de um povo honesto e são podiam dar essa impressão de “raça” da mesma maneira que dignos representantes de uma verdadeira aristocracia. (…)

Não só a palavra “raça”, mas também a palavra “sangue”, tiveram na linguagem comum um significado vivo e preciso, longe de qualquer referência biológica ou científica. Diz-se que “o bom sangue não mente”. Fala-se de um “instinto do sangue”. Há insultos que são sangrentos. Há situações contra as quais “até o sangue” se revolta. O que significa tudo isto? Nas profundezas de cada ser humano, muito além da área dos conceitos abstractos, do raciocínio discursivo ou das convenções derivadas da vida social, existem instintos com uma forma determinada, existe a capacidade para reacções directas e absolutas, que são normais no “homem de raça” mas que se manifestam apenas esporadicamente no homem comum, em casos extremos, nas provas mais sérias da vida.

Falamos aqui de impulsos que pertencem à pura vida animal e biológica? Seria imprudente afirmá-lo. As forças em questão, os instintos do “homem de raça”, longe de serem apêndices dos instintos animais, frequentemente contradizem-nos e impõem à existência uma norma superior, tornando natural e espontânea tanto a obediência a uma certa “linha” como um certo estilo de domínio, de tensão interior, de afirmação. As reacções da raça apenas têm em comum com os instintos animais o carácter de imediatez e precisão: não decorrem do raciocínio e de considerações intelectuais, mas são pelo contrário espontâneas e manifestam a plenitude de todo um ser. De facto, elas ultrapassam o intelecto, já que se manifestam de formas especiais, directas, de sensibilidade, de juízo, de reconhecimento. O homem é conduzido pela raça, pelo sangue, a evidências inquestionáveis, que, no seu próprio plano, são tão directas como as que são proporcionadas pelos sentidos sãos e normais. Da mesma maneira que ninguém questiona porque é que a cor vermelha é vermelha, também, evidências igualmente naturais e precisas são próprias do “homem de raça”, enquanto que o homem “moderno” intelectualizado e degenerado apalpa o caminho à sua frente, por assim dizer, procurando remediar a perda da faculdade de ‘ver’ com a de ‘tocar’ socorrendo-se do intelecto discursivo, frequentemente com o único resultado de passar de uma crise para outra ou de adoptar critérios meramente conformistas.

É neste plano que a raça deve ser entendida e vivida. A raça vive no sangue, ou antes mais fundo do que o sangue, numa profundidade onde a vida individual comunica com uma vida mais do que individual, que não deve ser compreendida, no entanto, de forma naturalística, como “vida da espécie”, mas como uma ordem na qual agem forças espirituais. (…)

A ciência pode realçar a importância da raça através dos resultados alcançados pela genética e pelas teorias da hereditariedade, demografia e patologia. Tudo isto pode contribuir para o despertar do sentimento de raça, mas não o pode criar. O sentimento de raça é uma reacção interior para a ocorrência da qual um ‘mito’ – mito entendido como ‘ideia-força’ – é mais útil do que considerações científicas. E esse mito já o indicamos: raça significa superioridade, plenitude e autoconfiança da vida. Existem seres comuns e existem seres “de raça”. Qualquer que seja a classe social de que provêem, tais seres formam uma aristocracia. Uma herança remota e misteriosa vive ainda neles.

É por isso que o racismo tem o valor de um teste, de um reagente, mesmo nas suas formulações mais gerais. As reacções desta ou daquela pessoa em relação à ideia racista são uma espécie de barómetro que nos mostra a “quantidade” de raça que se pode encontrar na pessoa em questão. Dizer sim ou não ao racismo não é apenas uma divergência intelectual, não é algo subjectivo e arbitrário. Diz sim ao racismo aquele em quem a raça ainda vive; opõe-se-lhe e procura em todo o lado álibis que justifiquem a sua aversão e que desacreditem o racismo, aquele que foi internamente derrotado pela anti-raça e em quem as forças originais foram sufocadas por detritos étnicos, por processos de cruzamento e degeneração, ou por um estilo de vida burguês, débil e “intelectualoide” que perdeu por gerações qualquer contacto com tudo aquilo que é verdadeiramente originário.


– Julius Evola, “Elementos para uma educação racial”

Meditações na Cartuxa



Uma pálida paisagem invernal de campos espargidos de neve e charcos de água. Esqueletos negros de árvores desnudas. Um alto céu de zinco. Um grande silêncio. Nesta solidão, levada desde uma altura, surge à clara linearidade de uma fachada de igreja, a que se enlaça um alto cerco, mais além do qual se vê uma série regular de edifícios pequenos. Na parte dianteira, uma explanada com uma grande cruz negra. A entrada está fechada – dir-se-ia que desde tempos remotos – com uma pesada parada negra de madeira esculpida. Um símbolo: sete estrelas ao redor de uma esfera com uma cruz em cima, acompanhada da frase: «stat dum volvitur orbi». Tal é a Cartuxa de Hain, perto de Düsseldorf.
A Ordem dos Cartuxos encontra-se entre as poucas sobreviventes da tradição contemplativa ocidental. Surgida em 1084, segue a mesma até os dias de hoje – ou seja, durante quase nove séculos – manteve sem modificações sua regra e sua constituição. Por quase nove séculos alguns homens separados do mundo praticaram a mesma ascese e cumpriram os mesmos ritos, nas mesmas horas repetiram idênticas orações; rimaram sua jornada de uma mesma maneira, que não deixa quase margem alguma ao arbítrio individual, através do uniforme desenvolvimento das estações, dos anos, dos séculos. A imutabilidade, representada pela cruz, por cima do movimento do mundo, é o sentido do símbolo e da divisa latina, aqui citada. Mas a cruz sobre uma esfera naquele particular modo foi também o antigo signo do poder universal…
«Wir haben úberhaupt keine Ruhe» – disse-nos sorrindo um dos «patres» cartuxos, ou seja: não temos nem um momento de descanso, de trégua. É o oposto do que se imagina habitualmente sobre a vida contemplativa. A regra cartuxa não deixa um só instante inactivo o sujeito: a totalidade da jornada encontra-se rigorosamente subdividida, de modo tal que a cada hora corresponde uma tarefa precisa, um certo acto ritual, uma determinada realização litúrgica, com um único breve intervalo de trabalho manual para interromper uma tensão interior que de outra maneira seria insustentável.
O isolamento e silêncio são conhecidas regras dos Cartuxos. Toda Cartuxa está construída de acordo com um mesmo tipo arquitectónico. Um jardim claustral no centro também serve de cemitério – um cemitério no qual o “homem” não figura – há ali tão só cruzes negras, sem nome. Em seu redor, e separadas uma das outras, encontram-se dispostas as habitações, em que cada cartuxo concentra o seu trabalho, as suas orações, a sua ascese: ali ele come, vela, descansa, encontrando-se com os outros tão-só no templo, para as acções litúrgicas colectivas, ou em raras solenidades, em que se celebra uma comida em comum: na clara severidade de um refeitório, no meio da parede de fundo, em lugar elevado, toma o lugar o Prior, concebido, na Ordem, quase como uma manifestação vivente de Cristo e investido de uma suprema autoridade.
O silêncio do cartuxo não é interrompido senão para um uso sagrado da palavra, para o ofício litúrgico: seja ele diurno ou nocturno. No meio da noite invernal, baixo o sinal do sino, luzes vacilantes surgem quase simultaneamente, desde a obscuridade entre as lentas porções de neve, para iluminar as estranhas sombras brancas encapuçadas que se encaminham com as suas lanternas até à capela. Ali tomam silenciosamente o seu lugar; e as luzes são apagadas. Tudo permanece numa penumbra diáfana. Alguns minutos de recolhimento, logo, depois de um breve e seco golpe, inicia-se a liturgia. É um rude canto gregoriano sem acompanhamento, sem variedade de tons: é um ritmo, que recorda as melodias árabes, mas que na sua monotonia encerra uma muito mais alta intensidade espiritual que acusa uma espécie de insensível anelo ou ímpeto, que seria sumamente difícil de descrever: é como conduzir-se até um limite, que se é incapaz de transcender, ainda estando totalmente desapegados do vínculo terreno. Entre os temas principais do canto, proposto por uma ou outra voz, intercalam-se pausas de recolhimento, que dão uma impressão mais forte: são momentos de um silêncio vivente, de um silêncio intenso, nos quais se diria que está presente “algo” no templo, uma força já diferente de todas aqueles que se encontram ali em recolhimento. O rito nocturno alcança às vezes três horas de duração. Ante um novo sinal, as sombras brancas apartam-se da penumbra, movem-se, as lanternas são acesas novamente, os «patres» retornam às suas residências para voltar a encontrar-se algumas horas mais tarde para o ofício da alvorada. Os cartuxos não se ajoelham nunca. Inclinam-se profundamente, ou nos momentos mais importantes, se recostam no solo como se tivessem sido abatidos.
Foi-nos dito em Hain para não termos ilusões a respeito do futuro da Ordem. E em verdade, especialmente em nossos dias, para muitos não existe nada mais anacrónico que a pura vida contemplativa. Inclusive em vários ambientes católicos acredita-se que o religioso pode ainda ter uma função tão-só deixando de lado a ascese passando a uma acção militante ou proselitista, em directo contacto com as forças do mundo e da história.
É um facto irrebatível que desde há muito o Ocidente identifica a acção com as suas modalidades mais exteriores, materiais e contingentes, pelo que se concebe como inércia ou fuga tudo aquilo que, ainda não sendo para nada não-acção (a vida ascética, ademais das renúncias, implica uma disciplina e uma concentração interior pelo menos tão grande como as próprias de qualquer “homem de acção”) não se deixa remeter a semelhantes modalidades. Ademais existem as confusões próprias de quem, encerrado no horizonte mais grosseiramente sensível, pensa que só as forças materiais e outros modos directos de combater e resistir sejam os decisivos e determinantes na história.
Donoso Cortes, que foi também um homem de acção pública, afirmou que para que uma sociedade seja firme “é necessário que exista um certo equilíbrio, conhecido tão só por Deus, entre a vida contemplativa e activa.” A necessidade de que o mundo mutável e incerto da acção encontre seu complemento e quase diríamos seu eixo no imutável da verdadeira contemplação – ou seja de uma interioridade virilmente desapega e projectada até à transcendência – foi reconhecida por qualquer civilização normal, até aquela em que Dante e Frederico II foram seus expoentes. E, em relação com isso, foi também concebida a realidade de uma acção de outro género, de uma acção silenciosa, compreendida em função de estabelecer “contactos”, de mover forças que, por ser invisíveis, não são menos eficazes que as puramente humanas, pois só através da via da ascese e do rito podem ser alcançadas. É sobre esta base que toda doutrina tradicional define que os ascetas devem estar ao lado dos guerreiros, que a contemplação ilumina, justifica e converte em absoluta a acção, que homens adequadamente dotados cumprissem de maneira ininterrupta, com sua aparente retirada do mundo, com a função de vincular a realidade humana com uma realidade mais que humana. Pontifex, antigamente, significava para os romanos “fazedor de pontes”. Uma antiga fórmula nórdica era: “O que é chefe que seja ponte…”
Um mundo que não queira ser de agitados, mas sim de seres que conheçam verdadeiramente a acção e saibam dominá-la, deve ter em conta tudo isto, evitando perigosas unilateralidades. Por certo hoje mais que nunca trata-se de apartar do modo que seja todas as forças evocadas a fim de actuar e de combater este mundo. Entretanto, pode-se também pensar que se nos últimos tempos as coisas não estão ainda piores, isso não se deve tão só aos chefes visíveis dos povos, mas pelo menos em igual medida à acção invisível e silenciosa de poucos seres espalhados e ignotos, neste como em outros continentes, que manterão, todavia, de alguma maneira, as relações entre o mundo visível e o mundo superior. Mas ainda é possível que para o olho "da outra margem" seja justamente estes que aparecem como os únicos pontos luminosos e firmes num mundo de névoa e agitação, como pequenas fogueiras acendidas na noite por parte daqueles que “velam” e que ainda se mantêm de pé.
Aqui por suposto que não pretendemos referirmos a ascetas de uma determinada fé ou tradição e não tratamos do problema relativo à medida, na qual as formas sobreviventes de ascese realizam verdadeiramente a mencionada função. Porém, a Europa apresenta hoje traços de similitude com aquele período de convulsão no qual, como reacção, surgiram as primeiras Ordens monásticas ocidentais. E muitos espíritos, incapazes de encontrar os mais altos e originários pontos de referência, dirigem-se hoje para o catolicismo. Não é nossa função entrar em tais problemas; entretanto um ponto nos parece claro: não é sendo indulgente até atitudes militantes que às vezes confluem inclusive no plano das motivações políticas e sociais, não é insistindo em veleidades proselitistas e apologéticas, não é buscando compromissos com o pensamento “moderno” e inclusive com as ciências profanas de hoje em dia, e sim se desapegando decididamente, insistindo tão-só no ponto de vista da ascese, da pura contemplação e da transcendência, que a Igreja poderá quem sabe, dentro de determinados limites, voltar a converter-se verdadeiramente numa força e assegurar-se assim uma inviolável autoridade. Se, justamente em tempos como os modernos em que o mundo da acção atingiu um paroxismo sem comparação alguma na história, quase por contraposição, deixando tudo mais, subordinando qualquer ambição semi-temporal, se deveria dar um relevo mais decidido ao pólo da pura transcendência e da ascese, e que uma força encontre na outra seu equilíbrio, e que nas horas mais angustiantes e nas provas mais duras a cada um seja dado a possibilidade de transfigurar todo o sacrifício e toda luta e de achar inclusive na morte a via até uma vida superior.

- Julius Evola em La Stampa, Fevereiro de 1943

A autarquia económica (II)

É bem conhecida a fórmula marxista segundo a qual “a economia é o nosso destino”, assim como a interpretação da história em função da economia relacionada com essa fórmula. No entanto, o determinismo económico é reconhecido igualmente por muitas correntes diferentes do marxismo e até opostas. É oportuno referir que semelhante fórmula é absurda em si mesma mas que, infelizmente, deixa de o ser quando observamos o mundo moderno, em que o homem lhe confere cada vez mais autenticidade. O homo œconomicus puro é uma abstracção, mas, como tantas outras abstracções, pode tornar-se uma realidade pelo processo de atrofia e absolutização de uma parte em relação ao todo: quando o interesse económico predomina, é natural que o homem sucumba às leis económicas e que estas adquiram carácter autónomo até se afirmarem outros interesses ou intervir um poder superior.

Que o “homem económico” não existe, foi o ponto de vista de Mussolini, que lhe opôs o “homem integral” (1933). A sua ideia era que “a política dominou e dominará sempre a economia”, relevando nesse contexto que o que se concebeu como destino do homem “foi criado nas suas três quartas partes por abulia ou pela vontade” (1932). Neste ponto, regressamos às perspectivas de Spengler. Estudando as formas com que um ciclo de civilização que chega ao fim se reveste (a descida da Kultur ao nível da Zivilisation), Spengler atentou justamente na fase em que a economia se torna soberana, ou seja, quando se realiza a união entre a democracia, o capitalismo e a finança. Tal união demonstra, aliás, o carácter ilusório das “liberdades” reivindicadas nos nossos dias já que, como é evidente, as “liberdades políticas” não são absolutamente nada sem a liberdade ou autonomia económica, e isso tanto no domínio individual como colectivo. Neste último, porque, num regime democrático, são os grupos detentores de riqueza quem controlam a imprensa e os meios de formação da “opinião pública” e da propaganda, no domínio individual e prático, porque o acesso às diversas “conquistas” da civilização moderna, técnica e económica e a sua prosperidade aparente, é pago com outras tantas alienações do indivíduo, pela sua inserção cada vez mais rigorosa na engrenagem colectiva movida pela economia. Perante isto, as “liberdades políticas” não passam de coisa ridícula.

Spengler previu uma fase sucessiva a que chamou “política absoluta” e pô-la em relação com o aparecimento desses novos chefes de tipo problemático a que já nos referimos. Todavia, sem esquecer as reservas que avançámos a esse respeito, podemos retirar de uma visão desse tipo a ideia de uma possível mudança de situação sob o impulso de um Estado forte baseado no destacado princípio da autoridade que podia pôr travões ao “gigante desenfreado”, a economia como destino. A expressão “gigante desenfreado” foi forjada por Werner Sombart, sobretudo quando se referia ao capitalismo moderno e às suas determinações imanentes. Pode, pois, ser tida em consideração essa referência específica: partindo do princípio da predominância da política sobre a economia e do regresso à ideia de Estado autêntico, da sua soberania e autoridade concretizadas num conjunto de estruturas adequadas, o desenvolvimento teratológico do capitalismo no sentido de uma produção infrene pode mesmo ser limitado com o objectivo último de reconduzir tudo o que é economia à posição subordinada de meio e de domínio circunscrito numa hierarquia mais vasta de valores e de interesses.

Para completar as presentes considerações, podemos relacionar esse fim último com o seu conteúdo e dizer que, do nosso ponto de vista, o essencial seria chegar-se a um equilíbrio, a uma estabilidade, à suspensão do movimento ilimitado. Não se pode exigir isso ao Fascismo, que tinha diante de si a difícil tarefa de reestruturação económica, industrial e social da nação, e isso, abstraindo dos projectos expansionistas ligados a certa aspiração à grandeza, mais que ao splendid isolement autárquico. Nestas condições, era natural uma orientação activa e dinâmica, um impulso para a frente, que chegou a ser enunciado na fórmula “parar é perder”, cujo carácter problemático compreendia a evidente implicação anti-autárquica consistente em aceitar sem medidas defensivas a inserção num processo global de condicionamento.

A questão última, a de um ideal de civilização a escolher de modo definitivo ou a sua adopção como regra geral, não chegou, pois, a ser posta. Seria caso para perguntar até que ponto o Fascismo sentiu a vocação de ir contra a corrente do movimento geral que conduz o mundo moderno para o que se considera progresso, mas a que mais valeria chamar “fuga em frente” (Bernanos), dada a verdadeira significação interna desse mundo. Em certo momento, até que ponto a orientação justa não teria consistido em virar-se para o chamado “imobilismo”, termo usado pelos que confundem estabilidade e limite positivo voluntário com imobilidade e inércia, e reconhecer que pôr travões à direcção horizontal do futuro, à evolução no sentido material, técnico e económico, aos processos que acabam por escapar a todo o controle, era a condição de um progresso autêntico, de um movimento vertical, de realização das possibilidades superiores e da verdadeira autonomia da pessoa. Em suma, retomando uma fórmula conhecida, a condição de realização do ser, indo mais além do bem-estar.

- Julius Evola, "O Fascismo visto da Direita"

A autarquia económica (I)

Passando a outro ponto, o que diz respeito à economia nacional e às suas relações com o estrangeiro, é comum em muitos meios condenar o princípio fascista da autarquia e considerar esta absurda. Pessoalmente, não estamos de acordo com semelhante condenação.

No domínio das nações, e não menos no das pessoas, um dos maiores bens é a liberdade, a autonomia. Essa exigência foi afirmada de modo especial por Mussolini ao afirmar: “Sem independência económica, a autonomia da nação fica comprometida. Mesmo o povo de elevadas capacidades militares pode ser vergado pelo bloco económico” (1937). Segundo ele, pois, a nova fase da história italiana devia “ser dominada por este postulado: tão depressa quanto possível, conseguir-se o máximo de autonomia na vida económica da nação” (1936). Falar de “mística da autarquia” (1937) tem de ser levado à conta de um abuso da palavra mística que caracterizou os últimos anos do Fascismo. Entretanto, apoiando-nos na própria origem da palavra, poderia falar-se de ética da autarquia: vem-nos da antiguidade greco-romana, especialmente das escolas estóicas, que professavam a ética da independência e da auto-soberania da pessoa, valor que sempre se jurava seguir quando se tornava necessário o severo princípio de abstine e substine.

O princípio fascista da autarquia pode ser considerado, pois, uma espécie de extensão dessa ética no plano da economia nacional. Se necessário, manter um nível geral de vida relativamente baixo, adoptar a austerity, que, aliás, num contexto diferente, foi praticada aqui e ali por outras nações depois da guerra, mas garantir o máximo de independência, orientação que aprovamos sem hesitar. No caso de uma nação de recursos naturais limitados como a Itália, o regime de autarquia e austeridade inscrevia-se precisamente na direcção justa. Relativamente ao curso da vida nacional, achamos perfeitamente normal uma situação oposta a tudo o que hoje temos: entre outras coisas, aparente prosperidade geral e despreocupação no dia-a-dia acima das possibilidades de cada um, défice assustador do orçamento de Estado, instabilidade sócio-económica extrema, inflação galopante e invasão de capital estrangeiro, cujas consequências se traduzem em múltiplos condicionamentos visíveis e invisíveis.

Naturalmente, não é necessário ir muito longe no sentido contrário. A analogia que a todos os níveis nos oferece o comportamento de um homem digno desse nome, serve-nos de guia. Esse homem pode favorecer o desenvolvimento do corpo e o bem-estar físico sem com isso se tornar escravo. Sempre que necessário refreia certos impulsos, mesmo ao preço de sacrifícios, e obriga-os a obedecerem a exigências mais elevadas: é indiferente a esse homem enfrentar tarefas que reclamam tensões especiais. Para tornar possível o que corresponde à própria orientação no plano nacional é que devem estabelecer-se relações justas entre o princípio político do Estado nacional orgânico e o mundo da economia, a parte corporal do Estado.

- Julius Evola, "O Fascismo visto da Direita"
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