Solstício
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Reunimo-nos hoje, como vem sendo habitual, para celebrar em contacto com a Natureza o Solstício de Verão e realizar a nossa “Marcha dos Elementos: Terra, Água, Ar e Fogo”. Todos temos percepção da terra que pisamos, da água que nos molha o rosto, do ar que respiramos e do fogo que tudo queima e transforma.
Aneximandro, filósofo pré-socrático, diz-nos que o princípio de todas as coisas é o «Apeiron», palavra grega que, não se podendo traduzir com muita precisão, significa o infinito, o indeterminado, o que não se pode medir, o grandioso, o magnificente, ou seja, o que em linguagem alquímica corresponde ao 5º elemento – o Éter – inatingível por qualquer esquema mental.
Afirmava Anaximandro que deste “Éter” surgem todas as coisas – o Princípio Imutável. Princípio inapalpável e que de nós se afasta cada vez que o tentamos alcançar através do raciocínio evolucionista, descurando o conhecimento iniciático, intuitivo ou, para não parecermos tão pretensiosos, o sentimento de verdade, de uma certeza interior de algo que já nos pertenceu e que relembramos como uma espécie de saudade.
É relativamente fácil entendermos o nosso corpo como elemento físico, composto em sua grande maioria por água e que necessita constantemente de ar que alimenta o nosso fogo…
Empédocles, outro pré-socrático, fala-nos não só do Fogo, mas de quatro Elementos que nos livros de filosofia surgem como as «quatro raízes». É um dos poucos pré-socráticos que expõe claramente os Quatro Elementos com o mesmo nome e na mesma ordem com que os recolherá a Alquimia tradicional… A ordem estratigráfica dos elementos começa por: Terra – Água – Ar – Fogo – Éter, a ordem genética é a inversa.
Para Anaxímanes o Ar é o Principio concreto da Natureza. Explica que este Ar é o alento. O Alento Divino que vivifica todas as coisas. Do Ar nascem todas as coisas, e ao Ar regressam quando se corrompem a nível material. O Ar é um Principio que dá origem e que serve de regresso.
Segundo nos relata Aristóteles, para Tales de Mileto o Princípio de todas as coisas é a Água. A água alquímica o elemento vital, prânico, a energia do Universo.
Constatamos assim que embora se chamasse a estes filósofos pré-socráticos de “físicos”, por tentarem perceber a origem “física” da Natureza, na realidade não parece existir aqui nada de Filosofia nem de Física tal como concebemos hoje estas disciplinas.
Mas a sensação que nos fica é que nestes primórdios a lógica e a razão (modernistas) não ocupavam um lugar de destaque nos antigos sábios, mas ao contrário o aspecto “mágico” oculto numa linguagem, diríamos, iniciática eram a forma de entender a Natureza e chegar à Verdade.
Recordamos também que as escolas iniciáticas do Oriente, mais concretamente na China, nos falam de cinco elementos: «Água, Fogo, Madeira, Metal, Terra».
Para nós, Legionários, tudo isto nos interessa porque sabemos que é penetrando nas origens que a Verdade está mais nítida. E vamos também tendo a percepção que nem só a razão e a lógica nos explicam o Mundo. E quando os nossos actuais cientistas parecem ir descobrindo racionalmente a origem do Universo, avançando as suas materialistas explicações, nós reparamos que uma sabedoria muito, muito antiga já “irracionalmente” dizia o que os modernos físicos dizem.
E acrescentamos que vários mitos da Antiguidade, presentes em culturas geograficamente distanciadas e distintas, revelam-nos uma semelhança assustadora no seu conteúdo simbólico, o que nos faz recordar Julius Evola e as suas investigações e explicações comparadas das antigas e tradicionais culturas que nos levam à tal Idade de Ouro e a uma Ciência Primordial.
E porque este nosso texto toca na Alquimia transcrevemos da obra do Mestre “A Tradição Hermética”, o seguinte trecho:
«A Ascese Hermética
Na alquimia grega encontramos como condições gerais a pureza tanto do coração como corporal, a rectidão, o desinteresse, a ausência de cupidez, de inveja e de egoísmo. «Quem realizar estas condições é digno, e só o digno se faz participante da graça do alto, a qual, no mais profundo recolhimento da alma, em sonhos verdadeiros e visões, lhe abre o intelecto à compreensão do “Grande Mistério dos Sacerdotes Egípcios”… comunicado por estes só oralmente ou de um modo enigmático que “engana os demónios”, e que a esse digno torna a “Arte Sagrada” tão fácil como um “jogo de crianças”.»
A nossa higiene física, mental, moral e espiritual são também para nós os primeiros passos para nos mantermos de pé entre as ruínas.
Avé!
Julius Evola - Presente!
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Muralha III
Como nos diz Julius Évola: "A economia actuou na essência inferior do homem moderno e através da civilização por ele criada, tal como o fogo se transmite de um ponto para outro, enquanto não arde tudo. E a correspondente "civilização", partindo dos seus focos ocidentais, difundiu o contágio a todas as terras ainda sãs, trouxe a inquietação, a insatisfação, o ressentimento, a incapacidade de se possuir um estilo de simplicidade, de independência e de comedimento, a necessidade de avançar sem parar e cada vez mais rapidamente no seio de todas as camadas sociais e de todas as raças; ela foi empurrando o homem cada vez mais longe, foi-lhe impondo a necessidade de um número cada vez maior de coisas, tornou-o portanto cada vez mais insuficiente e cada vez mais impotente - em cada nova invenção, cada nova descoberta técnica, em vez de ser uma conquista, marca uma nova derrota, é uma nova chicotada destinada a tornar a corrida ainda mais rápida e ainda mais cega. É assim que as diferentes vias convergem: a civilização mecânica, a economia soberana, a civilização da produção e dos consumos coincidem com a exaltação do devir e do progresso, do impulso vital ilimitado – em resumo com a manifestação do "demoníaco" no " mundo moderno".
A Ordem da Coroa de Ferro (Excertos)
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Seremos soldados...
As cidades foram-nos tomadas, primeiro pelos mercadores, depois pela populaça que numa sequência terrivelmente lógica a entregou aos párias. A amálgama nauseabunda sufoca-nos, mais, quando pensamos nas futuras gerações, nos nossos filhos, e em como isso os vai afectar, como já nos afecta a nós que rejeitamos a “felicidade” que o Mundo Moderno nos quer vender.
Não queremos, nem poderíamos, ser felizes num mundo em que os párias se tornaram senhores. Somos obrigados a viver assim, com eles, talvez até lhes passemos a imagem de que desistimos, mas isso é também estratégia, porque na verdade não capitulamos e aí estamos… de Pé!
É na montanha que a nossa verticalidade se reflecte e é esse o espelho que nos dá força. É a ascensão que nos eleva ao sagrado e é lá no alto que nos revemos uns nos outros como Irmãos de Armas, e é aí que, a cada nova Primavera, renovamos o nosso juramento para com a Ordem.
Mas isto é também uma questão de equilíbrio, ascendermos em busca do nosso centro, da nossa Força Primordial.
As batalhas, a guerra, essa, sabemos bem onde vai ter lugar: nas urbes cinzentas, anárquicas, grafitadas, super-amontoadas, onde os párias das várias classes económicas habitam como peixes em água. É este o palco do conflito, o combate urbano, pelo nosso lar, pela nossa família, pelo nosso bairro, pela nossa cidade… pelo Ideal.
Seremos soldados, viveremos como soldados, e conquistaremos assim a Liberdade perdida.
A Acha (excerto)
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Infiltrados no sistema
A ilusão da verdade
Dizia-nos um “jornalista”, correspondente na Arábia Saudita, aquando da primeira Guerra do Golfo: o ambiente é de guerra, parece guerra, é quase guerra… mas ainda não é guerra!
Há quem tenha descrito estes acontecimentos como uma guerra de baixa intensidade, nós também já usamos esta terminologia, mas desconfiamos das palavras…
Observamos o continente africano e reparamos que cada conflito de “baixa intensidade” acarreta sempre uma porção indiscriminada de vítimas entre feridos, mortos e desalojados. Poderemos apontar muitas causas para este “fenómeno”, as diferenças de números de vítimas e o grau de violência a elas associado:
- questões étnicas (quase sempre, e se não começam por aí acabam como tal);
- questões religiosas (uma “modernidade” em crescendo);
- questões económicas (aqui falamos mesmo de sobrevivência);
- corrupção generalizada (sinceramente esta é a causa menos provável – é o modus vivendi africano, já estão habituados!);
- questões ditas políticas, defesa da democracia, direitos humanos e o blá, blá, habitué (umas balelas para certas potências estrangeiras terem ou meterem nos governos locais os seus caciques).
E talvez por fim poderíamos ser racistas e acrescentar que eles se matam uns aos outros duma forma tão selvagem e violenta porque são estúpidos que nem uns calhaus! Mas não o dizemos, porque embora bastante diferente o conflito, não esquecemos os Balcãs. Também lembramos que estamos atentos ao assalto do Kosovo por parte dos contrabandistas albaneses com o apoio de outros internacionais traficantes.
Voltando ao Ocidente “civilizado”, qualquer grupo que se junta numa claque de futebol e depois de beber uns copos e fumar umas drogas insulta, ameaça e acaba em violência física, fá-lo por “diversão”, espírito de manada e como dissemos borracheira. Volta para casa dos papás (rico ou pobre) feliz por mais uma aventura e na pior das hipóteses com umas bastonadas no lombo ou uma noite na esquadra. De quando em vez acontece o pior – morre alguém – um polícia, um arruaceiro…, e agrava-se a situação quando o infeliz é um inocente que ia a passar no local errado na hora errada!
Até há bem pouco tempo esta era a única violência de manada que nós conhecíamos, os distúrbios ligados ao fenómeno desportivo e esporadicamente algumas manifestações de carácter político e reivindicativo.
As coisas mudaram e estão a piorar… E como diria o mencionado “jornalista” luso: o ambiente é de guerra…! Ou poderia dizê-lo de outra forma se o palco do conflito não fosse a Arábia Saudita e a primeira Guerra do Golfo e ele estivesse em Paris (amanhã numa cidade perto de si): isto parece Africa, o ambiente é de Africa, mas ainda não é Africa!
Então porque é que as coisas ainda não atingiram as formas e proporções dramáticas como acontece no continente africano? Será porque, por enquanto, ainda somos mais ou eles como numa espécie de intuição primitiva não querem matar a galinha dos ovos d’ouro?
E quando o ponto de não retorno nos levar ao ponto de ruptura será que estamos preparados para a guerra?
A grande e a pequena guerra santa
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(…) À formulação islâmica da doutrina heróica corresponde a exposta na já citada Bhagavad-gitâ, em que se encontram os mesmos significados num estado mais puro. E não deixa de ter interesse salientar que a doutrina da libertação através da acção pura, exposta neste texto, é declarada de origem «solar» e teria sido comunicada directamente pelo chefe de estirpe do presente ciclo não aos sacerdotes ou brâhmana, mas sim a dinastias de reis sagrados.
A piedade que impede o guerreiro Ariuna de descer ao campo de batalha contra os inimigos por reconhecer entre estes parentes e mestres seus, é qualificada no Bhagavad-gitâ de «cobardia indigna de um homem bem-nascido, ignominiosa, que afasta do céu». A promessa é a mesma: «Morto, ganharás o paraíso; vitorioso, possuirás a terra: por isso ergue-te resoluto para o combate». A orientação interior – a nyyah islâmica – capaz de transformar a «pequena guerra» numa «grande guerra santa», é declarada em termos bem claros: «Dedicando-me todas as obras – diz o deus Krshna – com o teu espírito fixado no estado supremo do Eu, livre de toda a ideia de possessão, livre da febre no espírito, combate.» É em termos igualmente claros que se fala da pureza desta acção, que tem de ser querida por si mesma: «Considerando como iguais o prazer e a dor, o lucro e a perda, a vitória e a derrota, prepara-te para a batalha: assim não terás qualquer culpa», ou seja: não te desviarás de maneira nenhuma da direcção sobrenatural ao realizares o teu dharma de guerreiro.
A relação entre a guerra e a «via de Deus» é a mesma que se encontra presente na Bhagavad-gitâ, com uma acentuação do aspecto metafísico: o guerreiro, de certo modo, reproduz a transcendência da divindade. O ensinamento que Krshna forneceu a Ariuna diz respeito acima de tudo à distinção entre o que como ser puro é imorredouro, e o que como elemento humano e naturalista tem somente uma aparência de existência: «Não há [possibilidade de] existência para o irreal ou [possibilidade de] não-existência para o real: os que sabem, apercebem-se da verdade respectiva de cada um destes dois termos… Tens de saber que é indestrutível o que ocupa tudo. Quem o considerar como matador e quem o considerar como o que é morto, são ambos ignorantes: ele não mata nem é morto. Não é morto quando o corpo é morto. Estes corpos do espírito eterno, indestrutível e ilimitado, são perecíveis: por isso ergue-te e combate!»
À consciência da irrealidade do que se pode perder ou fazer perder como vida caduca e corpo mortal – consciência a que corresponde a definição islâmica da existência terrena como jogo e divertimento – associa-se seguidamente o conhecimento do aspecto divino segundo o qual aquele é a força absoluta, perante a qual surge toda a existência condicionada como negação: uma força que portanto se desnuda, por assim dizer, e resplandece numa temível teofania precisamente na destruição, no acto que «nega a negação», no turbilhão que arrasta consigo toda a vida finita para a aniquilar – ou para a fazer ressurgir lá no alto, trans-humanizada.
Assim, para libertar Ariuna da dúvida e do «mole vínculo da alma», o Deus não só declara: «Nos fortes eu sou a força isenta de desejo e de paixão – sou o clarão do fogo, sou a vida em todas as criaturas, e a austeridade nos ascetas. Sou o intelecto dos sábios e a glória dos vitoriosos» – como também por fim, abandonando todo o aspecto pessoal, se manifesta na «terrível e maravilhosa forma que faz tremer os três mundos», «alta como os céus, irradiante, multicor, com uma boca escancarada e grandes olhos flamejantes». Os seres finitos – como lâmpadas debaixo de uma luz demasiado intensa, como circuitos percorridos por um potencial demasiado elevado – cedem, desfazem-se, morrem, porque dentro deles arde uma potência que transcende a sua forma, que pretende algo infinitamente mais vasto que tudo o que eles como indivíduos podem pretender. Por isso os seres finitos «tornam-se», transmutando-se e passando do manifesto ao não manifesto, do corpóreo ao incorpóreo. É nesta base que se define a força destinada a produzir a realização heróica. Os valores invertem-se: a morte torna-se testemunho de vida, o poder destruidor do tempo revela a indomável natureza encerrada no que está submetido ao tempo e à morte. Daí o sentido das seguintes palavras de Ariuna no momento em que tem a visão da divindade como pura transcendência: «Tal como as borboletas se precipitam com uma velocidade crescente na chama ardente para encontrarem a sua destruição, assim os vivos se precipitam em velocidade crescente nas Tuas bocas para encontrarem aí a sua destruição. Tal como os inúmeros cursos de água só correm directamente para o mar, igualmente estes heróis do mundo mortal entram nas Tuas bocas ardentes,» E Krshna. «Eu sou o templo plenamente manifestado, destruidor dos mundos, ocupado a dissolver os mundos. Mesmo sem a tua intervenção, estes guerreiros alinhados uns em frente dos outros em fileiras opostas cessarão todos de viver. Ergue-te pois, e conquista a glória: vence os inimigos e goza de um reino próspero. Todos estes guerreiros, na realidade foram mortos por mim. Tu, sê o instrumento. Combate pois sem temor, e os teus inimigos hás-de vencer na batalha.»
Por esta via, representa-se a identificação da guerra com a «via de Deus». O guerreiro evoca em si a força transcendente de destruição, assume-a, transfigura-se nela e liberta-se, rompendo o vínculo humano, A vida – é como um arco; a alma – como um dardo; o alvo a trespassar – o Espírito Supremo: juntar-se a ele, como a seta atirada se fixa no alvo – diz-se noutro texto da mesma tradição: É esta a justificação metafísica da guerra, o assumir da «pequena guerra» em «grande guerra santa». Isto permite também compreender o sentido da tradição relativa à transformação durante a batalha, de um guerreiro ou de um rei num deus. Ramsés Merianum no campo de batalha transformou-se, de acordo com a tradição, no Deus Amon, dizendo: «Eu sou como Baal na sua hora» – e os inimigos, reconhecendo-o naquela amálgama gritavam: «Não é um homem, é Sathku, o Grande Guerreiro, é a encarnação de Baal!» Baal corresponde aqui a Çiva e ao Indra védico, assim como ao paleogermânico e solar Tiuz-Tyr, que tem por sinal a espada, mas que também está relacionado com a runa e ideograma da ressurreição («homem com os braços levantados») e com o já referido Odin-Wotan, deus das batalhas e da vitória. Por outro lado, não se deve descurar o facto de quer Indra quer Wotan serem igualmente concebidos como deuses da ordem (Indra é chamado «moderador das correntes» e como deus do dia e do céu luminoso tem também características olímpicas), que regem o curso do mundo. Assim voltamos a encontrar o tema geral de uma guerra que se justifica como um reflexo da guerra transcendente da «forma» contra o caos e as forças da natureza inferior que a este se encontram associadas. (…)
- Julius Evola, Revolta contra o Mundo Moderno, Pub. Dom Quixote, 1989, pp. 172 - 175
O Filósofo Estóico e o Guerreiro Samurai
Os princípios ou fundamentos sob os quais agem quer o estóico quer o samurai são idênticos, senão iguais; prova disso é o caminho interior que cada um deve trilhar nesse conhecimento de si mesmo, que se encontra ao alcance, não só, do que teve coragem para se iniciar no caminho, como também, naquele que persevera no caminho sabendo de antemão que o Ideal pelo qual vive e morre se encontra num pedestal inatingível. Para retermos tais princípios, um pequeno quadro sinóptico ajuda-nos no estudo e na compreensão das filosofias de vida dos dois homens verticais em questão:
Segundo ele, não é suficiente nomear o bem, fazendo por vezes o oposto. Há que o praticar, independentemente da situação e provação que a vida nos coloca. Por isso, o estóico era enciclopédico, modelo de vida, realizava em si a transformação do homem. O exame de consciência diário, ou seja, o meditar sobre os actos punham em evidência um espírito crítico, de auto-superação-realização. A disciplina intelectual, o controlo físico e o treino mental são utensílios que o filósofo usava nesse combate diário que o homem tem diante si: o de viver por si, com os outros e sob o desígnio divino o melhor que sabe e de acordo com o bem moral.
O guerreiro Samurai, à semelhança do filósofo estóico, tentava evitar as flutuações de ânimo, que o obrigaria a recompor-se, desviando-se assim da tarefa principal: servir o seu senhor com absoluta lealdade em qualquer circunstância e a todo o instante.
Tal como o estóico, o samurai “tardio”, em períodos de maior acalmia, era enciclopédico; a sua formação visava o homem total e consistia em: ler os textos clássicos, caligrafia, tiro com arco, equitação, artes marciais, esgrima, teatro Nô, cerimónia do chá… A este caminho, chamou-se de Bushido, que significa, o Caminho do Guerreiro.
O Bushido era um código de honra e de comportamento social, onde o samurai deveria observar alguns preceitos, tais como: Piedade filial (ensinava-se ao senhor, que procurasse homens fieis entre aqueles que eram filiais, pois só estes saberiam ter uma autêntica fidelidade), Fidelidade e Lealdade.
As obrigações do Samurai eram de duas espécies: Militares e de Construção, o que significava, que este estava sempre activo, quer prestando serviço ao seu senhor, quer auxiliando e protegendo a sua família. O Samurai deveria ter presente que a sua vida pertencia ao seu senhor, a sua lealdade para com ele deveria ser total, esta deveria estar alicerçada no dever, na coragem e na fé. Diz-se que só havia uma lealdade superior à do samurai – a lealdade do senhor para com este.
Para se entender este verdadeiro espírito de coragem e de abnegação do guerreiro samurai, devemos recordar que a sua formação, estava assente em parte no budismo, que no Japão alguns mestres “simplificaram” e lavaram ainda mais longe, passando a designar-se por Zen.
Como se pode ver, estes dois homens verticais, homens da Tradição, fiéis a princípios, mas de tempos e lugares diferentes, comungam do mesmo.
O seu labor diário, o seu conhecimento e a sua espiritualidade têm o mesmo fim: o de servir, o de estar disponível, o de viver a vida plenamente aqui e agora, como que num eterno presente. Estes são os verdadeiros guerreiros, que à guerra externa, preferem a interna, pois só esta é constante e os obriga a manter a vigilância como se o inimigo estivesse sempre presente.
Citando o poeta Teitoku (1570-1653):
“Amanhã vai ser assim, pensamos no dia anterior
Mas hoje damo-nos conta de que tudo mudou
É assim a marcha do Mundo”
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