Entrevista

Publica-se também aqui, a entrevista possível, dada a Novopress.info
A Legião Vertical, espera que a entrevista sirva para esclarecer alguns pontos que a diferenciam dos demais. Sempre que houver dúvidas sobre a actuação da Legião, o neófito pode, caso o deseje, escrever para a Legião.
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Transcrição da entrevista:
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É com redobrado prazer que a equipa Novopress publica esta entrevista com dirigentes da Legião Vertical, uma associação que tem vindo a desenvolver um amplo conjunto de actividades culturais, sempre com vista à formação e elevação pessoal dos seus membros, com base nos ensinamentos daquele a quem designam por Mestre, o sempre tão actual pensador italiano Julius Evola. Os nossos sinceros agradecimentos à LV pela colaboração.
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1. O que é a Legião Vertical, que áreas de actuação priveligia e quais as suas balizas?
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- A LV é uma organização que procura transmitir uma certa maneira de estar na vida. Como achamos que o mundo em que vivemos é individualista, materialista, mesquinho e cada vez mais prostituído à grande ilusão de progresso, procuramos com a LV ser uma espécie de crisol onde valores intemporais sejam transmitidos e sobretudo, partilhados e vivênciados.
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2. Tendo o pensador italiano Julius Evola como inspiração, falecido há mais de 30 anos, em que medida poderá a sua obra teórica auxiliar aqueles que se opôem ao Mundo moderno, isto é, tudo aquilo que lhe é inerente?
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- A resposta a esta pergunta está contida na primeira. O Mestre era portador dessa chama Tradicional e portanto intemporal que jamais se extingue, embora por vezes esse fogo não seja perceptível pelo comum dos mortais, ele está lá para aquecer e orientar a quem o busca com verdade. A demanda é essa, e ela passa por descobrimos o Homem Vertical que existe latente em cada um de nós e que o mundo moderno quer a todo o custo aniquilar.
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3. Julius Evola tornou-se um crítico do nacionalismo, particularmente por este ser um obstáculo à ideia que desde sempre acarinhou, o Imperium. Qual a posição da LV relativamente ao nacionalismo, tal como era entendido por Evola, bem como em relação à Ideia Imperial?
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- Nacionalismo é entre “a nossa gente” um conceito demasiado alargado e mais ou menos fácil do qual abusamos para nos enquadrarmos. O nacionalismo é jacobinismo e como tal é sempre uma oposição. Ou seja, mesmo quando pretende enaltecer as qualidades de determinado povo e/ou a sua História fá-lo quase sempre em oposição a outros povos, outras pátrias. Enfim, mesmo quando não encontra pretensas superiores referências, parece como que dizer – Somos medíocres mas é assim mesmo que gostamos! O Mestre rejeita este nacionalismo e ao dizer que é na Ideia que deve residir a nossa verdadeira pátria impõe um padrão superior de Unidade.
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4. Vivemos numa época em que tudo corre em ritmo acelarado. Alguns dizem que a formação ideológica de pouco serve actualmente dado que as ideologias morreram, numa espécie de Fim da história de Fukuyama. Os políticos actuais mostram-se pouco ideologizados. Julgam que uma sobre-intelectualização poderá conduzir a um abandono da chamada realpolitik e consequentemente à marginalização?
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- Sim, ritmo acelerado, diríamos mais, vertiginoso. As ideologias concebidas por cabeças humanas nascem crescem, tomam corpo, muitas, são responsáveis por grandes desvarios, e depois caducam e morrem. A Ideia Tradicional é de Ordem Cósmica, onde o Bom, o Belo e o Justo, não andam ao sabor das mentes de desejo humanas (o kama-manas para os hindus), por isso a sua Intemporalidade de que já em cima falamos.O abandono da politica e a intelectualização? Não nos merece grandes comentários. Os pseudo-intelectuais são de esquerda e são eles os timoneiros ideológicos da modernidade. A pseudo direita defende uma pequena moral burguesa em que nem eles próprios acreditam mas a que o jogo democrático assim obriga. E portanto ambos não passam de prostitutas ao serviço da globalização capitalista. Ou vocês ainda acham que os casamentos gays, o aborto legalizado, a droga legalizada…futuramente a maior idade para os 16 anos, etc. não fazem também parte da globalização? O Povo deixou de o ser, e a populaça que por aí vegeta contenta-se com as migalhas do proxenetismo.
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5. Na Direita e particularmente no seio da área nacionalista muito se fala de Tradição, havendo inclusive aqueles que teimam em diferenciar a Tradição com T maiúsculo e aquela com minúsculo. O que é então a Tradição?
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- Parece que já fomos respondendo a essa questão, mas expliquemos em termos “materiais” – Imaginemos um cataclismo mundial do tipo “bíblico” o que é que acham que restaria da nossa actual civilização (?) Os computadores, os telemóveis, o ultimo grande avião…? É quase certo que isso fosse tudo consumido pelo fogo, ou pela água, ou por ambos! Agora reparem nas Pirâmides do Egipto, quantas civilizações já passaram por elas (?) e no entanto aí estão, verticais, serenas, quase que imunes ao tempo. Um exemplo plasmado da espiritualidade. A Tradição É em Si mesmo e as tradições são-no na medida que conseguem tocar esse Principio. Como diria o Mestre - Existe Tradição onde não há diferença entre poder temporal e autoridade espiritual.
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6. O termo Legião indicia algo marcial, que implica hierarquia e disciplina. Numa Europa que padece de uma patente desvirilização, qual o sentido que um espírito legionário, militar, entendido este termo no seu significado etimológico?
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- Temos receio em responder a esta pergunta sem cairmos em lirismos ou más interpretações: Se falamos em Tradição falamos em Hierarquia se falamos em hierarquia podemos criar confusão com “cesarismo, bonapartismo”, um erro muito comum da “nossa gente”sempre desejosa de exteriorizar o Duce que há em si. Não estamos preocupados em parecer, embora os nossos egos estejam sempre a martelar-nos, mas em sermos. Para isso é necessário tomarmos consciência da nossa personalidade, a tal máscara com que nos vestimos. O conjunto de nossa personalidade é composto por “hierarquias” desde as necessidades mais elementares como comer ou respirar até aos nossos desejos mais ou menos requeridos pela nossa mente e portanto por aquilo que ela absorve do meio circundante. Depois de entendermos um pouco melhor este processo procuramos formas de domar ou refrear certos ímpetos mais individualistas e materialistas. Tudo isto requer um processo de ascese que tem que ser orientado, definindo prioridades e comportamentos. Falávamos há pouco tempo com elementos de uma determinada associação que nos visitou, da necessidade de criar uma nova personagem, contrariando até um pouco aquela coisa do “homem novo” que todos falam (até os comunistas) e que parece ser servido a la carte, consoante o gosto de cada um. A Legião oferece a identificação a um Ideal Marcial, de Espírito de Corpo, cumprimento do dever e palavra dada, Honra portanto. Requer compromisso, perseverança, e respeito ou seja Fidelidade. Estaríamos a divagar se falássemos em monges-soldados e outras formulas impactantes que não serviriam mais do que alimentar os nossos egos. Só os verdadeiramente livres se submetem à disciplina e hierarquia.
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7. Recentemente surgiu na we uma louvável iniciativa que dá a conhecer a obra de Julius Evola, refiro-me ao Boletim Evoliano. Tem a LV alguma relação de colaboração com este projecto e como o encara?
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- Ainda bem que nos colocam essa questão. O Boletim Evoliano surgiu por iniciativa de um senhor com o qual iniciamos contactos há já algum tempo. Tínhamos decidido por termo ao nosso boletim Horizonte Vertical e em boa hora surgiu a oportunidade de colaborar com essa iniciativa. Marcamos encontro pessoal, trocamos breves impressões, havia já na web alguma coisa publicada da qual se tomou mão e lançou-se o Boletim numero zero. A partir desta altura o referido senhor começou a ser convidado para participar em várias iniciativas da Legião e tem partilhado connosco algumas experiências, que têm sido muito gratificantes para ambos. A verdade é que o Boletim Evoliano se deve inteiramente a ele. Pena para nós que o N. ainda não se tenha decidido a dar o passo…que todos esperamos. Mas como em outras coisas na vida é preciso primeiro dizer o Sim de livre e espontânea vontade.
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8. Em traços gerais, peço a enumeração dos principais problemas que afectam a nossa sociedade.
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- Escrevemos em tempos – Que não chegaria um calhamaço para apontar aquilo que não gostamos no mundo moderno, da mesma forma que os psiquiatras norte-americanos diariamente anotam mais uma nova doença que a prodigiosa modernidade faz às mentes humanas. Num dos últimos textos que publicamos no nosso blog “Uma bala nas ideias…” mencionamos já alguns problemas e como tal não nos vamos aqui repetir.Mas existem no nosso país verdadeiros sinais de alarme e de uma latente revolta por parte da chamada classe média que é a coluna vertebral das sociedades modernas baseadas no primado da economia. Há demasiadas famílias com a corda ao pescoço, fazem grandes sacrifícios para pagarem a educação dos filhos, os empréstimos das casas e para terem um carrito. Por outro lado passamos nas auto-estradas e elas estão cheias de topos de gama, passamos nos “bairros sociais” e encontramos topos de gama, as casas a preços exorbitantes são logo vendidas e os “bairros sociais” continuam a construir-se…percebem? Deixem que partam a coluna vertebral e dá-se a implosão…necessária! Por enquanto aprendamos a cavalgar o tigre.
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9. Então, como poderemos nós mantermo-nos de pé entre ruinas, alimentando essa revota contra o mundo moderno, com vista a cavalgarmos o tigre?
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- Voltando a olhar para as Pirâmides e querer fazer parte da sua eterna grandeza.
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10. Derradeiras palavras para os leitores do Novopress.
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- Já falamos milhentas vezes da necessidade de formar uma Primeira Trincheira… Meus caros amigos o vosso trabalho no NOVOPRESS é sem sombra de dúvidas, e sem falsos elogios, a Primeira Trincheira da blogosfera “nacionalista”. A realidade está à frente dos olhos. Leitura diária obrigatória. E obrigado à gerência por esta oportunidade que deram à Legião Vertical. Saudações Legionárias

Sobre Evola

Depois de darmos a palavra a anti-evolianos patológicos, quer do lado de Israel, ou do lado neo-nacional socialista, vamos agora elevar a linguagem, dando a voz ao deus Krixna, para percebermos o quão distantes estão os dois lados, embora ramos da mesma árvore, e cujo inimigo comum parece ser o mestre da Tradição Julius Evola. Uns e outros são apenas momentos historicamente situados no tempo e no lugar, querer ser mais para além disso, é ir contra a ordenação da evolução do tempo histórico.

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...porque, qualquer empresa, está envolta em defeitos,

tal como o fogo está envolto pelo fumo. pag. 229

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33. Lavanta-te, portanto, e combate, alcança a glória!

E, depois de vencer o adversário, goza dum reino próspero.

Por Mim, estes, já foram abatidos dum só golpe:

sê simplesmente Meu instrumento, ó Ambidextro Arqueiro!

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34 Drona, Bhíxma e Djayadratha e Karna, e também

todos os outros guerreiros, já foram mortos por Mim.

Não hesites nem mais um instante e mata-os, mata-os!

Combate! Teu rival, tu vencerás nesta batalha!

Os Nacional-Socialistas e Evola

A Legião Vertical, como prometido, publica agora uma pequena parte do artigo escrito por Karl Santhrese. Karl adverte os novos camaradas da NS, do perigo ideológico que enfrentam ao lerem Evola.
Limitamo-nos, não a contrapor tal pensamento perfeccionista, pois não é preciso, mas a evidenciar o ponto de vista gabarolas de quem utiliza os argumentos que mais lhe convém.
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El siguiente artículo que elaboré esta destinado a prevenir a los camaradas sobre la influencia nefasta de un escritor italiano llamado Julius Evola. El desconocimiento de muchos camaradas que se están formando doctrinalmente, muchas veces les juega en contra. Actualmente observamos que prácticamentela mayoría de los camaradas NS son autodidactas, pero esta formación puedemuchas veces "descarrilarse" de la esencia del NS, cuando no se le adviertea los nuevos camaradas, sobre algunos peligros ideológicos. Mucho más peligrosos para un nacionalsocialista, que el marxismo (ya que el marxismoes directamente combatido), son las ideas disolventes de Evola. Este escritor (que no fue nazi, ni fascista) es peligroso porque abarca la problemática de los males modernos, lográndose mimetizar con términos utilizados por nosotros, pero al efectuar la crítica bajo un punto de vista radicalmente diferente al nuestro, el efecto final es la confusión y el desastre. Algunos evolianos han intentado infiltrar sus ideas a las nuestras, intentando cambiar su esencia. Ante todo debemos tener en cuenta que el NS no se puede perfeccionar, es perfecto, el 99% de las ideas de Hitler vertidas en "Mi Lucha" son inmortales. Lo que si puede ser sano, esbrindar ideas que amolden el NS a las distintas realidades en los distintos países de raza blanca, pero jamás cambiar su esencia y su norte. Evola no solo combate el nazismo de una manera muy pero muy fina, sino que justamente destruye la esencia de la concepción racista hitleriana, brindando una"nueva visión del racismo" pero desde la "derecha tradicional", los efectos del influjo de estas ideas en muchos camaradas son espantosos (mostraré más adelante algunas ideas y frases de los evolianos). Nosotros debemos saber que no se puede mejorar lo perfecto. El NS fue una obra perfecta en todoslos sentidos...
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Brincando com as palavras, também podemos dizer muita coisa de verdade e mentira, mas não, esperamos que o tempo se encarregue de distinguir o que é do que não é!

Evola e o pós-fascismo

O Boletim Evoliano número um, publica um artigo esclarecedor (que aqui transcrevemos), que vem reforçar o anti-Evolianismo de Israel face ao mestre da Tradição. Prova desse facto indesmentível, é a ascensão democrática de Gianfranco Fini, ex-líder do fascismo Italiano passado, que conseguiu com o apoio de Sharon chegar ao cargo de ministro dos negócios estrangeiros do governo de Berlusconi.

Evola e o pós-fascismo
Marcos Ghio

Em concordância com o processo de globalização que hoje rege o planeta, o prefixo pós tem sido o termo utilizado para referir as distintas correntes de pensamento próprias de tal etapa. Assim, se a pós-modernidade significa viver plenamente o moderno nos seus efeitos, libertando-o de qualquer estéril idealismo que interfira com a sua expansão, as correntes pós no plano do pensamento político tentaram aplicar tais consequências no seu âmbito próprio.

Tal aconteceu especialmente com as suas duas expressões antitéticas de esquerda e direita. Assim, o pós-comunismo representa uma postura que renunciou para sempre a teses conflituosas tais como a luta de classes, a ditadura do proletariado, etc., para se reduzir a um fenómeno light, gramsciano, limitado a meras reivindicações sociais ou culturais que não são outra coisa que uma via reformista de adaptação ao “curso irreversível” do processo histórico e moderno. O mesmo é dizer, esvaziar tal ideologia de todo o espírito revolucionário e anti-burguês que pudesse ter tido em algum momento.

Faltava que também o Fascismo vivesse a sua experiência pós, isto é, que manifestasse plenamente aqueles veios modernos também presentes na sua doutrina, já denunciados no seu tempo por Julius Evola, nos seus escritos da revista La Torre nos quais contrastava os dois espíritos que combatiam no seu seio, o burguês e o legionário. O primeiro era apenas uma simples adaptação ao sistema moderno vigente; em vez de o corrigir ou rectificar, tentava tornar-se parte do mesmo. Tal espírito burguês e conformista foi o que se viveu especialmente durante o primeiro Fascismo, conhecido como o do Ventennio.

A guerra permitiu que esta primeira vertente abandonasse rapidamente o barco, passando-se abertamente para o lado do inimigo e que, por contraste, o espírito legionário se plasmasse na República Social Italiana, cujo significado é o da resistência heróica ante o imparável avanço das forças do caos soviético-americanas.

Mas o pós-fascismo, surgido logo a seguir à queda do Muro de Berlim e à “morte das ideologias”, consiste hoje em repudiar esta última etapa e regressar de forma aumentada ao espírito burguês antes mencionado. Gianfranco Fini, ex-líder do fascismo italiano no século passado, hoje confesso aderente à ideologia pós, mostrou até que limites pode chegar tal trabalho de esvaziamento doutrinário.

Logo depois de ter visitado Israel, denunciado o Holocausto, repudiado Mussolini e usado a kipá, conseguiu alcançar o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de Berlusconi. Um dos seus primeiros actos de governo foi justamente viajar até ao país a que devia o reconhecimento pelo seu arrependimento e adesão à ideologia pós. Ali teve a honra de ser recebido por Sharon em pessoa. Grande foi a sua surpresa perante as indicações recebidas desta vez. Muito solto de corpo, o Primeiro-Ministro indicou-lhe de forma peremptória que, se quiser continuar a ter o seu “apoio”, deve impedir a difusão das doutrinas de Julius Evola.

O chefe do sionismo compreendeu muito bem, seguramente devido à leitura incessante dos nossos comunicados, que não existe pensamento mais contrastante com o sistema hoje vigente no mundo do que o formulado à luz de tal corpo doutrinário. Talvez o seu compreensível medo se deva à possibilidade de que, da mesma maneira que o moderno só pode ser negado pelo que lhe é superior e não pela sua consequência mais sombria — o fenómeno pós —, também o fascismo possa ser negado nas suas facetas burguesas e conformistas que o transformaram num fenómeno escasso e insuficiente. Tal como disse Evola, somos supra-fascistas e não pós-fascistas. Somos anti-modernos e não pós-modernos.
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Depois deste texto claro, a Legião Vertical, publicará, num próximo artigo, um texto de Karl Santhrese sobre a dicotomia Hitler/Evola:
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...Actualmente el IV Reich (que son los descendientes directos del III Reich y están ubicados en Bariloche, con los cuales he tenido un estrecho contacto), no acepta el pensamiento evoliano, como miembro honorario del mismo, me veo en la obligación de decirlo y manifestar el punto de vista "oficial" o "neo-oficial".(esto puede confirmarlo EL CAMARADA ARIO_1488). Por lo que en mi puesto de Administrador Adjunto de este grupo al que llamamos Unser Kampf, haré valer esta postura inflexiblemente...Yo personalmente había estudiado por separado la esencia de la idea "racista" de Evola y llegué a la misma conclusión que el IV Reich. Es más, he desarrollado una explicación desde el punto de vista ocultista, que en el libro que estoy escribiendo "Enigma Nazi, la visión censurada" lo trato más a fondo. Para el presente artículo me he basado en las ideas esenciales (especialmente la racista) de Evola y en los efectos nefastos que producen en la ideología de los camaradas NS que lo leen...

Se Israel, povo eleito, senhor da Teogonia, vê em Evola o mal, e subtilmente o deseja fora do pensamento Tradicional. Como compreender que os neo-IV Reich o reneguem com a mesma veemência. Estranho. Até parece que os dois troncos fazem parte da mesma árvore?

A Legião Vertical face a este conluio anti-Evoliano, reforça o seu apego intransigente ao Mestre da Tradição. Se Evola é perigoso para os Israelitas, e para os neo-IV Reich: é porque o pensamento Evoliano está acima deles. Se uns e outros atacam o Mestre, significa tão só que estamos definitivamente no bom caminho.
Continua...

Uma bala nas ideias - Reflexões sobre o momento actual

A escola já não ensina nem educa, há muito que se absteve de formar, limita-se quando muito a passar informação, nem sempre exacta e nem sempre verdadeira e muitas vezes intencionalmente deturpada.
A televisão, grande transmissor de informação e entretenimento, ou politização camuflada, é o maior complemento da má escola, ou melhor, é ela o primeiro meio de lavagem cerebral.
Os pais já semi, ou completamente demoniocratizados ajudam no processo, e aqueles poucos que tentam remar contra a maré são por ela arrastados.
O ensino superior é um viveiro desta má formação-informada e também aqui, salvo raríssimas excepções, são anos passados em cursos sem destino algum, onde mais uma vez o entretenimento e o empata tempo estão presentes.
Aqueles que não conseguem ou não querem optar pelo, “espera mais um bocadinho”, das universidades, e se não estão já narcotizados com drogas a sério ou incapazes de qualquer decisão profissional, continuam a remar sozinhos. Há também os outros, que ainda tentam o mercado (globalizado) laboral, e aí o certo trabalho precário e suas consequências, ou as tentativas frustradas e as tais falta de habilitações ou qualificações (alguns têm-nas em excesso e são por isso também penalizados…) que fazem dele um desempregado com um pé no subsídio e outro pé na marginalidade.

A imigração vinda da Europa de Leste veio numa “primeira vaga” trazer indivíduos com capacidades técnicas e cientificas para além de uma genérica boa-formação e que se sujeitaram a fazer de tudo e sempre com vontade de mostrar o que valiam, inclusive procurando fazer exames de equivalência afim de poderem trabalhar naquilo para o qual estudaram. É claro que com estes vieram também os párias que criaram e aumentaram as suas redes de mendicância profissional e o crime em geral.

De África depois da "descolonização exemplar" (chamada agora de possível) vieram os retornados e refugiados, um milhão de brancos e uns milhares de negros. Encaixaram-se, foram sobrevivendo e muitos encontraram aqui a boa vida que jamais ousaram sonhar nas colónias.
Esta primeira geração de negros habituada à convivência com o branco, que já tinha em África, aguenta-se, faz pela vida, instala-se sem nunca pensar em regressar e para além de procriar massivamente, têm sempre mais alguém que ficou lá na terra e que quer vir para a Europa, pois pelos vistos, a tão desejada independência só trouxe fome, morte, enfim, desgraça total, e com a culpa dos brancos, claro está!
Os procriados massivamente, não foram educados, não foram assimilados, a não ser pelo futebol, dizem-se africanos e nunca conheceram África, e a "cultura" deles são os ténis de marca e o esterco musical (…) proveniente dos USA. A droga faz parte integrante de suas vidas e o trabalho nas obras, que os pais tinham feito, já não é para eles. Roubar ou vender droga a branquinhos alienados é bem mais fácil, dá muito mais dinheiro e não é tão cansativo. Não cantam o Hino Nacional, não porque não saibam, mas porque não é o deles e como já atrás referimos as únicas "pátrias" que conhecem são o Benfica, Sporting, Porto…Estrela de Amadora.
Por essa Europa fora, estes alienígenas todos “formados na kultura-USA”, estão agora cada vez mais a ser recrutados para uma "verdadeira cultura" que fará deles soldados e mártires de um deus vingativo e rancoroso. Se eles já tinham uma justificação de gueto, alicerçados numa pseudo-cultura urbana onde proliferam verdadeiros profissionais do crime, imaginem agora com uma "justificação metafísica" – Um dos assassinos terroristas do 11 de Março em Madrid era um playboy traficante de droga!

"Os nossos” com as ideias deles. A principal causa da desgraça que se aproxima

É a nível das ideias que o combate deve ser travado – diz-nos o Sr. Prof. AJB
E nós dizemos que ele tem razão: O primeiro ataque terá que ser dirigido às cabeças-cifrão que são as portadoras das ideias globalizantes descendentes dos antigos traficantes de escravos. A escravatura era (é) mão de obra barata que vai enriquecer mais os vampiros capitalistas e alimentar as intersindicais, necessárias justificadoras democráticas do capital. Dos grandes vampiros (ditos grupos económicos) já sabemos que é de sangue, de muito sangue, que eles se alimentam, mas é dos piolhos que parasitam na sua pelagem que temos que ter mais atenção, e a denuncia tem que ser feita. Onde estão os sindicatos que já não defendem os seus associados (?) pois nenhum deles disse basta à escravatura-imigracionista invasora que deteriora dramaticamente o nível de vida dos trabalhadores europeus. Onde estão os sindicatos que não denunciam o facto de que quantos mais imigrantes se legalizam mais direitos eles têm e que por essa razão os vampiros já não os querem para trabalhar e continuam a preferir os recém chegados ilegais e sem direitos (mais baratos portanto), fazendo disto um ciclo vicioso que só irá parar com um "tiro nos ..." de quem possui estas ideias. As tais ideias onde o combate deve ser travado.
E a partidocracia que se alimenta desta nova escravatura (?), uns pretensamente com muita pena deles até lhes dão cargos nos seus partidos pois é uma forma de garantir os seus votos e os futuros que lá vêm. Precisam deles como o vampiro e o piolho precisam de sangue para sobreviver.

Não somos nós, apologistas da unidade dos povos, respeitadores da diversidade étnica e cultural e por conseguinte contra esta mistura anárquica a que o mundo está submetido, que queremos mal a quem num "último fôlego" arrisca a sua vida para chegar à Europa.
A tal Europa dos brancos que muitos tanto detestam mas que, ainda assim, são melhores do que aqueles bandidos que nas suas terras os matam com guerras e fome. Mas também estes "coitadinhos" depois de chegarem cospem com extrema facilidade na mão que lhes deu abrigo…

A Europa tem por conseguinte vindo a sofrer um dramático e “subterrâneo” processo de invasão e esta situação a continuar, pois não vemos a maioria branca preocupada, só irá aumentar o clima de racismo, xenofobia, raiva…e ódio. E serão os filhos e netos dos branquinhos que agora não se preocupam que estarão em guerra amanhã porque os burgueses bem pensantes dos seus papás gostam muito de encher a boca com palavras como: igualdade, liberdade, democracia, fraternidade, direitos do homem, Maio de 68, etc.

Infelizmente é esta a triste esperança que nos resta, que as futuras gerações de europeus tenham de aprender da pior maneira por culpa dos actuais desgovernantes que têm as ideias que precisam de ser verdadeiramente combatidas.

AVÉ

Ninjutsu - A arte medieval de espionagem

(Apresentamos alguns extractos referentes ao Ninjutsu do extraordinário livro -Budo Secreto- de Carmelo H. Rios e Michel Coquet)
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Origem
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É tradição remontar a origem do Ninjutsu a uns 2000 anos. Mas é preciso reconhecer que esta escola se desenvolveu na realidade durante o período Heian (794-1185) para conhecer a sua idade de ouro durante o período Kamakura (1192-1333).
O ninjutsu reagrupava diferentes escolas (Ryu), tendo como objectivo principal a formação de indivíduos capazes de utilizar seus potenciais naturais ao serviço de um mestre ou de uma causa e com fins de espionagem. Isto foi possível graças a severo treino, tanto físico como psíquico e psicológico. Físico porque o Ninja aprendia a saltar, a correr com grande rapidez e a ultrapassar todos os obstáculos que se lhe apresentavam, realizando verdadeiras proezas. Psicológico porque o Bushido, código de honra do samurai, era também incluído na educação do jovem Ninja.
Foi graças a um documento que a espionagem pode ser introduzida nos turbulentos séculos XIII e XIV e foi também durante esta época que o Ninjutsu teve sua maior influência no desenrolar histórico do Japão.
No antigo país nipónico o budismo era a religião nacional e os templos sagrados eram protegidos por uma casta de homens armados. Estes Guardiões (Osonakama) estavam constituídos por laicos e sacerdotes. Estes últimos, chamados Yamabushi, formaram mais tarde poderosas organizações, actuando clandestinamente na segurança que as montanhas lhes ofereciam. Os Yamabushi, reputados por suas estranhas faculdades psíquicas, eram possuidores de uma ciência esotérica, transmitida de mestre a discípulo nos templos da organização. Estas ordens parece que evoluíram a partir de uns grupos de ascetas e eremitas, que seguiam a via da solidão a fim de adquirir poderes supra-normais. O caminho do Shuguendo, a via dos poderes, como veremos, é uma espécie de síntese das técnicas dominadas por alguns indivíduos sobre a realização de si mesmos. Estas técnicas levam a influência da seita Tendai, do Mestre Saicho, e da seita Shingon, do Mestre Kukai, sendo ambos grandes mestres e iniciados. Estes são pois, os Yamabushi, que vivendo nas montanhas ensinaram o Shuguendo aos Ninjas.

QUEM SÃO OS NINJAS ?
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O Ninjutsu começa a ter a estrutura de uma organização a partir do século VII, na qual alguns indivíduos se refugiaram nas colinas de Kyoto por razões diversas. Durante os quatro séculos que se precederam, umas vinte e cinco escolas diferentes, concentradas principalmente nas ilhas de Honshu, ensinaram o Ninjutsu. Destas escolas saíram grandes Ninjas. Entre os mais célebres da classe dirigente (Jonin) temos: Hanzo Hatori, Sandayu Momochi e Nagato Fujibayashi.
Os Ninjas formaram uma sociedade secreta extremamente bem organizada. À sua cabeça encontrava-se a elite clerical, que tinha uma influência tanto política como social muito poderosa. Esta sociedade secreta reagrupava as famílias de Ninjas, constituindo elos de uma cadeia muito sólida. Esta compreendia uma classe dirigente, os Jonins, administradores de primeira ordem que negociavam as alianças e tomavam as iniciativas mais importantes. Seguidamente estavam os Shunins, grupo intermédio, que tinham o papel de mediadores entre o grupo superior e o inferior, estando este último composto pelos Gemins, que era o grupo dos combatentes, que deu nome aos mais célebres Ninjas.
A arte do Ninjutsu era hereditária, o filho do Ninja, que nascia numa família Ninja tinha por destino converter-se a si mesmo em Ninja. A educação começava de muito novo com um treino físico muito duro quase inumano. Desta forma o pequeno Ninja era colocado à parte dos outros miúdos da sua idade. Quando era maior e mostrava ser digno da confiança que os seus professores lhe depositavam, podia ter acesso aos ensinamentos secretos transmitidos de geração em geração, e somente àqueles descendentes que eram merecedores dela. Estes ensinamentos estavam transcritos em rolos de pergaminho (Torimaki), nos quais se podia notar a influência chinesa. Com efeito figuram documentos do Sonshi, clássico militar chinês do Omyodo, antiga ciência chinesa que incluía a arte da adivinhação, práticas Ch'an, que chegaram a converter-se posteriormente no Zen e do Shuguendo dos Yamabushi.
A harmonia era por vezes difícil de conseguir no seio da família dos Ninjas. Às ordens de vários mestres eram frequentemente empregados para diversas causas políticas e inclusive para missões antagónicas. A dissolução das organizações Ninja teve como principal móvel a sua dispersão nas províncias, e ainda que as famílias formassem um número consideravelmente importante, não puderam jamais derrubar as tropas governamentais que constituíram sempre uma força unida e concentrada.
Os Ninjas residiam em campos de treino, conhecidos por aqueles que pertenciam a uma das sessenta tradições de Ninjutsu. Estes campos estavam geralmente situados nas montanhas e nos bosques impenetráveis.

Julius Evola

A Legião Vertical, homenageou em cerimónia, o mestre Julius Evola.
O ritual de homenagem, realiza-se anualmente, ao dia 11 de Junho.

Ponto da situação

Graças à nossa orgânica interna tem sido possível marcar presença com rigor, disciplina, e algumas vezes também com alegria sempre que ombreamos com gente de bem. Gente de bem essa, que mais do que aquilo que defendiam ou defendem (e com o qual nós de certa forma nos identificamos), é o seu carácter, personalidade, educação, que nos faz estar a seu lado.
Na LV, qualquer legionário pode ter e dar a sua opinião, pode ter o seu blog pessoal e escrever o que bem entender, mas como o nosso projecto exige, disciplina…e harmonia com os camaradas e com o Ideal por eles representado, "qualquer" falha ou maior descuido individual são vistos como mau funcionamento do Todo. Toda a engrenagem precisa de óleo para se manter em bom funcionamento, e se mesmo assim emperrar elimina-se a peça defeituosa.
Uma das cinco Obrigações do Legionário diz que: - O legionário nunca nega ajuda ao seu camarada e em combate nunca o abandona. Pois bem, nós não andamos em guerra declarada e aberta com ninguém, mas o aço antes de se transformar numa espada cortante, é aquecido na forja e várias vezes martelado até atingir o estado "alquímico perfeito" que o vai transformar em arma mortífera preparada para o combate! Também o legionário passa por provas que o transmuta: é martelado na bigorna e arrefecido na água que lhe dá a têmpera. Entra num veleiro que o transporta por "mares desconhecidos" e nesta fase a sua maior virtude é a Paciência, que lhe vai alicerçar a Fidelidade para com o Ideal e os camaradas que o personificam.
Nenhum de nós, legionário, é por conseguinte inimputável em relação à Legião Vertical.
Quando aceitamos inscrições ou convidamos pessoas para algumas de nossas actividades queremos que elas participem e conheçam um pouco melhor o nosso Ser colectivo. Oferecemos, damos, transmitimos e só queremos receber de quem verdadeiramente quer dar. É precisamente quando continuamente aceitamos a oferta de alguém que essa pessoa está em prova como legionário.

Julius Evola

19 Maio 1898 - 11 Junho 1974

"Há doenças que incubam durante muito tempo, mas que só se tornam evidentes quando a sua obra subterrânea já quase chegou ao fim. Assim acontece com a queda do homem ao longo das vias da que ele glorificou como sendo a civilização por excelência."

Reflectir

Uma apresentação (Extractos de uma carta que em tempos escrevemos ao amigo R., a dar-nos a conhecer e que agora publicamos).

Penso que a melhor forma de abordar uma ascensão que se prevê difícil é fazer-se rodear de pessoas de confiança (leva tempo mas consegue-se), e depois ter em aberto várias possibilidades de escalada. Na base deparamos com toda a espécie de gente: uns com vontade de subir e sem grandes capacidades; outros com capacidade e sem vontade; outros que desconhecem por completo a capacidade que têm de se elevar...e ainda aqueles (muitos), tais velhos do Restelo, prontos a denegrir qualquer alternativa ao seu modus vivendi.
O ecletismo para além de ser um posicionamento filosófico é uma verdadeira solução prática para quem quer iniciar um projecto de formação filosófico-politico. Portanto, à partida muitas portas estão abertas. O estudo de filosofias e religiões comparadas, sendo estas "escolhidas" dentro dos padrões tradicionalistas: -Pitagorismo, platonismo, estoicismo, neo-platonismo, budismo, confucionismo, taoismo...; religiões e civilizações- Egipto, Índia, Grécia, Roma, China, Japão... A "evolução" das raças, matéria a ser abordada com cuidado redobrado, etc. A parte prática, acompanhada dos estudos (individuais e colectivos) atrás mencionados, é feita através da Escola Marcial-Filosófica e Núcleo de Arte e Tradição (NAT).
Mística e espiritualidade legionária - Cremos na existência (ou séria possibilidade, para os menos crentes!) de um Supra-Mundo, espelho primeiro de uma Emanação Primordial. Desse Supra-Mundo vem toda a nossa força de acção (atracção) assim a saibamos captar. O esquema da árvore invertida - com suas raízes metafísicas e um tronco único que verte para baixo os seus vários galhos, manifestações temporais e locais dessa Unidade Primordial. O respeito pela Natureza e seus ciclos são de grande importância para nós. Celebramos solstícios e equinócios. Daqui pudemos partir para o Estado Ideal (platónico): Aristocracia (espiritual) - Um conselho de Sábios presidido por um Líder (cabeça/consciência espiritual - Nous) em que a transmissão de poder se faz, não por linha de sangue mas por mérito, de Mestre a discípulo. Esta "antena" espiritual é assegurada por uma Ordem de Guerreiros(coração/cabeça - ­Psique) Cavaleiros, Guardiões e Protectores que não sendo ricos terão um verdadeiro poder. Artesãos, agricultores, comerciantes (corpo - Soma) dos quais depende a vitalidade económica do Estado. Aqui temos em traços breves o nosso Estado–Hierárquico - ­Orgânico -Tradicional. Actuação:-Cremos numa Revolução silenciosa e profunda, iniciada primeiro no nosso ser e que por empatia se alastrará primeiro aos nossos iguais e depois a outros. Penso que é neste ponto (organização, recrutamento, formação, actuação) que surgem as mais diversas opiniões e consequentes conflitos, senão vejamos: Se eu pratico um determinado desporto e quero organizar alguma equipa para um torneio, convido pessoas conhecidas que saibam jogar, estas por sua vez convidam outras, formam-se equipas, joga-se, ganha-se ou perde-se e cumpriu-se o objectivo. Dilui-se a equipa e cada um vai à sua vidinha. Se vamos formar uma associação de solidariedade o esquema é mais ou menos o mesmo, mas o objectivo é diferente e o "torneio" não tem fim, salvo se for para auxílio pontual numa determinada catástrofe ou outra causa. As pessoas aqui têm que ter atitude de militância, por isso ou se vinculam de corpo e alma ou fazem umas intervenções pontuais de ajuda ao próximo, para dormirem com a consciência mais tranquila! No caso de uma organização politica e que não tenha por objectivo (prévio) a formação de partido, pode-se como nos casos anteriores fazer divulgação e esperar que os que se identificam com a causa apareçam… Umas quantas luzes sobre as formas de agir e vamos à luta. Chamamo-nos uns aos outros camaradas para a coisa parecer mais séria e vinculativa e até podemos afirmar que nem precisamos vir a ser amigos ou partilhar uma maior amizade pois o objectivo politico a atingir é o que nos une! No caso nacionalista - a perda de identidade nacional, a perda territorial, a perda das características tradicionais, a dissolução de valores inerentes a um Povo, a dissolução acentuada das características raciais, a invasão por populações estrangeiras, etc., etc. – "provocam" uma causa. O combate a todos estes pontos, ou com mais incidência em alguns em particular, irá dividir o chamado meio nacionalista. Como o contacto e a troca de argumentos é mais comum entre eles do que com os seus adversários surgem nestas circunstâncias grandes clivagens e combates fratricidas. A Primeira Trincheira de que tanto falo não funciona porque ao invés de ser uma primeira linha de defesa e ataque é um palco de conflitos intestinos que só diminuem a nossa força. Assim se divide e ninguém reina! Ninguém quer fazer concessões, todos querem levantar mais alto a sua bandeira por cima da dos outros. Por mais que nos digam que existe uma força política (partido) onde todos podemos militar, ficamos com a perspectiva do caminhante que prefere pernoitar num pequeno e humilde quarto do que se meter numa espécie de albergue espanhol, onde temos que arranjar uma cama encostada aos fundos e dormir com um olho aberto e de costas para a parede! É urgente portanto uma opção válida, livre de estigmas do passado e com objectivos futuros mais claros e praticáveis. Aceitar sem complexos os nossos erros é a melhor forma para encontrar soluções. Penso que todos podemos ajudar e em cada grupo ou movimento existente, e nos que possam aparecer, há sempre alguém com características para fazer a ponte. O problema é que os fazedores de pontes não duram muito em certos grupos, pois são logo apelidados de qualquer coisa menos radical! E a moda é ser radical…toda a gente quer tudo para ontem e cada um à sua maneira! Eu costumo dizer entre os meus, que ser radical nos dias que correm é ser tranquilamente persistente, e digo-o por experiência própria, porque embora ainda me custe esta atitude (por feitio), a vida tem-me provado que dá os seus frutos. Fazer o que tem de ser feito sem estar à espera de recompensas…imediatas. Últimos pensamentos que me ocorrem: -Uma visão Europeísta como carga histórica e civilizacional. A Europa é o que é, por aquilo que foi e sobretudo por aquilo que quer ser! (e nós não gostamos desta Europa). -Uma Europa de Nações históricas e actualizadas (possibilidades de "novas" Nações Independentes - porque não!?) - Politica urgente que trave os fluxos migratórios que são achas para uma fogueira já por si bem ateada provocada por uma visão simplesmente economicista. -Um projecto educacional "novo"...haveria muito para dizer. Fortes possibilidades de acabar com as universidades, actuais viveiros de traidores (conscientes alguns, inconscientes outros) que têm dirigido os destinos das pátrias. - Criação de planos agro-pecuários de "sobrevivência" e só para consumo interno dos países produtores. Isto não exclui os planos agrícolas comuns como é óbvio. -Na mesma linha do ponto anterior planos industriais e comerciais sustentáveis, só para consumo interno. -Melhorias nas redes de transportes e circulação interna associadas à criação urgente de estruturas que fixem as populações em suas terras natais, evitando a desertificação e o desenraizar cultural e educacional. É necessário fomentar o desenvolvimento do meio familiar (avós, pais, filhos/netos) e o amor pela terra. -Na política externa não europeia, as relações históricas que determinadas nações europeias tiveram com outros povos devem ser revitalizadas (sem preconceitos) e a formação de quadros, se tal for solicitado, deve ser feita obrigatoriamente no país que requereu tendo esse país necessariamente que desenvolver estruturas para o seu acolhimento. Todas as ajudas para esses países (ditos do terceiro mundo) deverão ser supervisionadas por entidades dos países que oferecem essa ajuda! Prevaricações e gatunagem ao mais alto nível como tem acontecido enchendo os bolsos de meia dúzia de energúmenos, devem ser fortemente punidas fazendo desses países párias e sujeitos os seus dirigentes corruptos a perseguição e eliminação. - Na mesma ordem de justiça e equidade, "alta gatunagem" e traição interna terão o mesmo destino que os anteriores.- Cada Nação formará os seus soldados para a defesa do seu território e paralelamente formará Esquadrões Supranacionais que integrarão uma Força Europeia Conjunta.

As armas do inimigo

Se tivéssemos que eleger uma arma que representasse o séc. XX, para alem dos gostos e opiniões pessoais, ela seria sem sombra de dúvida a AK-47, mais conhecida como kalashnikov. O Sr. Kalashnikov definiu como critérios básicos para desenvolvimento da sua arma a simplicidade e a robustez. A facilidade de ser usada pelas mais variadas pessoas sem grandes requisitos prévios, incluindo o desmontar, limpar e voltar a montar novamente, associando isto à robustez de se poder usa-la nos mais variados climas, incluso após anos de maus tratos infligidos. Estas características levaram a que certas unidades militares ás quais esta arma não tinha sido distribuída a adoptassem mais ou menos clandestinamente, quer porque as capturassem ao inimigo ou por aquisição de vários lotes por corredores não oficiais.
A arma do inimigo quando comprovada a sua eficácia, pode e deve ser usada em defesa da Nossa Causa.
Quando o inimigo é declaradamente mais forte e mais bem equipado é uma estupidez atacá-lo de frente mesmo que pretensamente tenhamos uma causa muito nobre e as nossas armaduras tenham um brilho esplendoroso (mais ou menos como D. Sebastião em Alcácer-Quibir)! Esta é uma verdade que não carece de leitura da Arte da Guerra de Sun-Tzu ou Clausewitz.
A "superioridade moral" não é por si suficiente para vencer combates, talvez seja para morrer com dignidade heróica ou como mártir mas não chega para ganhar a guerra.
As forças que combatemos, criaram fortes raízes, "educam" os nossos filhos e viram-nos contra nós... Haverá por isso pior inimigo?
Vemos nas "nossas trincheiras" indivíduos que procuram legitimação para o combate nuns pressupostos passageiros ou numa realidade histórica recente com a qual se pretendem identificar, mesmo sem um conhecimento profundo da mesma...
Sempre nos meteu uma certa espécie aquela historia bíblica de povo eleito, como nos provocou a mesma sensação a raça superior de outras gentes. Daqui tiramos duas conclusões muito simples: se existe um povo eleito os outros não o são… (coitados) e se existe uma qualquer raça superior, as outras são todas obrigatoriamente inferiores.
Uns legitimam-se numa pretensa dádiva divina, num princípio mais ou menos espiritualizado de quem descobriu o Pai e Dele reclamou a sua herança. Os outros legitimam-se com a descoberta do corpo e da obra herdada!
Serão estes "princípios" válidos ou suficientes? Não, não nos parece.
Identifiquemos portanto algo que nos parece imutável, universal e não sujeito a modas. Platão fala-nos no Bom, no Justo e no Belo, esta é para nós uma espécie de Tríade Sagrada e por isso o grande filósofo dizia – O Bom é o Bom em si mesmo, o Justo é Justo em si mesmo, o Belo é o Belo em si mesmo e portanto tudo que sai desta matriz e para ela é orientada tende para a Ordem como Principio Primordial e adquire uma legitimidade superior.
O combate pragmático que se avizinha é precisamente contra quem tem andado a "construir" um pântano na tentativa de fazer dele um jardim, onde, muito embora, possam surgir flores de boa aparência elas não tem raízes profundas nem fixas, e o cheiro do local é pestilento, pejado de insectos portadores de graves enfermidades. Este tipo de beleza não provém portanto da Matriz. As forças que querem transformar o planeta numa fossa gigante têm rostos e ideologias que as sustentam. Têm nomes e marcas, têm batalhões de mercenários e o pior de tudo – trazem milhentas almas agrilhoadas a uma ilusão de modernidade e progresso. A isto chamam eles globalização, a ultima grande palavra-chave (tal abre-te sésamo) que irá salvar o homem sempre carecido de uma grande ajuda…!
Em 1939 surgiu o conflito que acabaria por enterrar a Europa… A CEE surge como uma falsa Fénix mas é ao mesmo tempo uma esperança para todos (ou quase). Em 1989 a queda do Muro de Berlim fora um grande alento para a falsa Fénix…o fim da guerra entre irmãos!
E agora?
Os irmãos estão unidos? - Não, e pior do que isso foram invadidos e o inimigo (o cavalo entrou em Tróia) deixou de ser "só" uma ideologia pela qual se combatia para ter contornos que agora chamamos identitários. Mas será essa a nossa única e principal causa, o combate pela nossa Identidade? Não, não é, porque vamos combater o efeito sem atacarmos a causa. E a causa está em pessoas idênticas (para usar o termo identitário) a nós que partilham essa visão uniforme da Coca-Cola do Mac-Donalds…e do mestiço, o desenraizado anarquicamente uniforme que alimenta e alimentará a máquina globalizadora mercantilista.
Não deixar proliferar mais esta situação é o passo que se impõe dar, e aqui voltamos à kalashnikov, e o saber usar as armas do inimigo. È necessário, portanto, uma tomada de consciência que só é possível se nos mantivermos em permanente atenção (tensão sã) perante as guloseimas globalizantes.
O método, claro, não pode aqui ser divulgado, porque não temos todas as soluções e também porque cada um de vós terá a sua maneira peculiar de usar a AK-47…não fosse ela tão simples e eficaz!

24-25 de Março: Celebração do Equinócio de Primavera, Jornadas de Convívio e Camaradagem


A Legião Vertical realizou no passado fim-de-semana de 24 e 25 de Março a sua celebração do Equinócio de Primavera. Algures no interior transmontano, num ambiente familiar e de camaradagem, assinalamos a passagem de mais um equinócio.
O primeiro dia iniciou-se cedo pela manhã, com a partida em direcção ao nosso destino transmontano, ao qual chegamos à hora do almoço. Após a instalação numa antiga escola primária, agora transformada em empreendimento de turismo de habitação/rural, fizemos uma refeição leve e demos início ao nosso recheado programa de actividades.
A primeira actividade consistiu numa introdução ao Ikebana, a arte dos arranjos florais japoneses, organizada pelo Núcleo de Arte e Tradição (NAT). De seguida procedemos à realização de vários exercícios de Tai-Chi-Chuan, uma arte marcial interna, até meio da tarde, altura em que fizemos uma pausa para repousar e lanchar, tendo retomado o nosso programa por volta das 17:30, com a realização de vários exercícios de artes marciais (com e sem bastão) até ao final da tarde. Após o merecido repouso, seguiu-se, por volta das 20:00, um animado jantar, que consistiu de saladas e auto serviço de Raclete (queijo suíço derretido c/batatas) . Por volta da meia-noite, e já depois de arrumarmos as mesas e a cozinha, realizou-se um “brinde romano”, cerimónia plena de ritual e solenidade. Leram-se breves palavras alusivas à cerimónia e ao seu significado e evocaram-se os nossos melhores exemplos ancestrais (desde os 300 espartanos das Termópilas até aos cruzados cristãos da era medieval). O primeiro dia de actividade deu-se por encerrado já cerca das 2:00, já que antes de recolher às camaratas os homens fizeram ainda uma guarda de dois turnos à casa.
O segundo dia iniciou-se ainda mais cedo, uma vez que por volta das 7:00 estávamos já todos de pé e preparados para saudar o Sol, que deveria nascer por volta das 7:30. Metemo-nos ao caminho, sendo que o frio e o vento que se faziam sentir não foram suficientes para nos demover da caminhada que nos levaria até ao cimo dum monte próximo do local onde nos encontrávamos. Já no topo do monte aguardamos pacientemente, em formação, até que o disco solar surgisse totalmente no horizonte, altura em que saudamos o Sol “romanamente”. A ocasião serviu também para que alguns legionários renovassem o seu juramento de fidelidade para com a Legião. De seguida regressamos “à base” para tomarmos o pequeno-almoço e nos prepararmos para uma caminhada até à hora de almoço. Após uma breve exposição de algumas noções básicas de orientação e cartografia iniciamos a nossa caminhada que nos ocuparia toda a manhã. Por volta das 13:30 chegamos ao local onde almoçaríamos um fausto arroz de feijão e costelas na brasa. Mais uma vez, e como não podia deixar de ser, a refeição decorreu num ambiente animado e de camaradagem. No final da refeição, e após um período de repouso, realizou-se uma pequena cerimónia de atribuição de “prémios” a alguns dos elementos presentes pelo seu contributo em prol da Legião.
Estas jornadas, propositadamente intensas do ponto de vista físico, como forma de nos recordar que a vida é Milícia e a nossa missão é Servir, foram, sem dúvida, um tónico revigorante do ponto de vista espiritual. Brevemente haverá mais!

Metafísica da Guerra, de Julius Evola

Capítulo V
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Atingimos o fim deste rápido estudo, consagrado à guerra como valor espiritual, referindo-nos a uma última tradição do ciclo heróico indo-europeu, aquela do Bhagavad-Guitá, talvez o mais célebre texto, da antiga sabedoria hindu, essencialmente escrito pela casta guerreira.

A sua escolha não é arbitrária nem deve nada ao exotismo. Como a tradição islâmica nos permitirá formular, no universal a ideia de “grande guerra” interior, contrapartida possível e alma duma guerra exterior, a tradição transmitida pelo texto hindu nos permite enquadrar definitivamente nosso tema numa visão metafísica.

Num plano mais abrangente, esta referência ao Oriente hindu, ao grande Oriente heróico e não àquele dos teólogos, dos panteístas humanitários e das velhas damas em êxtase diante de Gandhi e os Rabindranath Tagore, parece-nos igualmente útil para rectificar as opiniões e a compreensão supra tradicional que não são os mínimos objectivos que nós procuramos. Ficamos tempo demais escravos das antíteses artificiais Oriente/Ocidente: artificiais porque baseadas no ultimo Oriente modernista e materialista, que afinal, tem pouco de comum com aquele que o precedeu, com a verdadeira e grande civilização ocidental. O Ocidente moderno é tão oposto ao Oriente como o é ao antigo Ocidente. Se recuarmos aos tempos antigos, encontramo-nos, efectivamente diante de um património étnico e cultural largamente comum, e que corresponde logo a uma única denominação “indo-europeia”.

As formas originais de vida e de espiritualidade, das instituições dos primeiros colonizadores da Índia e do Irão, tinham muitos pontos de contacto com aqueles povos helénicos e nórdicos, mas também com os antigos Romanos.

Agora vamos abordar as tradições que nos dão um exemplo das afinidades de concepções espirituais comuns, de combate, de acção e de morte heróica, contrariamente à ideia preconcebida, que, sempre que falarmos da civilização hindu, só pensamos em nirvana, faquires, evasão do mundo, negação dos valores “ocidentais”, da personalidade, etc.

O Bhagavad-Guitá está redigido sob a forma de diálogo, entre o guerreiro Arjuna e um deus, Krishna seu mestre espiritual. O diálogo tem lugar, por ocasião de uma batalha onde Arjuna hesita em combater, retido por seus escrúpulos humanitários. Interpretadas em chaves de espiritualidade, as duas figuras, Arjuna e Krishna, representam as duas partes do ser humano: Arjuna o principio da acção, Krishna o principio do conhecimento transcendente. O diálogo transforma-se numa espécie de monólogo, primeiro de clarificação interior, depois resolução heróico enquanto espiritual do problema da acção guerreira, que se impõe a Arjuna, no momento de entrar no campo de batalha.

Ora, a compaixão que retém o guerreiro, no momento de combater, quando este descobre no campo inimigo os amigos de jogos e alguns de seus parentes, é qualificada por Krishna ( principio espiritual), de “desordem indigna dos Aryas, que fecha o céu e preenche de vergonha” (B.G.II,2 Burnof). Assim retornamos ao tema que já encontramos muitas vezes, nos ensinamentos tradicionais do Ocidente: “ morto, tu ganharás o céu; vencedor, tu possuirás a terra. Levanta-te então, filho de Kunti, para combater” (op.cit., II,37). Ao mesmo tempo se desenha o tema de uma “guerra interior”, guerra que é preciso travar consigo mesmo.: “sabendo logo que a razão é a mais forte, afirma-te a ti mesmo; e destrói o inimigo de formas escusas e de abordagem difícil”. (op.cit.,III,43). O inimigo exterior tem, a par um inimigo interior, que é a paixão, a sede animal de viver. Vejamos como é definida a justa orientação: “ abandona em mim todas as tuas acções, pensa na Alma suprema, torna-te livre de ti mesmo, combate e teus tormentos irão desaparecer”. Op.cit.,III,30).

Devemos perceber o apelo a uma lucidez, supra consciente e supra passional do heroísmo, assim como não devemos negligenciar esta passagem que sublinha o carácter de pureza, do absoluto que deve ter uma acção e o que ela pode ter em termos de “guerra santa”: “ Tem por igual prazer e pena, ganho e perda, vitória e derrota, e entrega-te inteiramente à batalha: assim tu evitarás o pecado” (op.cit.,II,38). Assim se coloca a ideia de “pecado”, no que se refere apenas ao estado de vontade incompleto e de acção, interiormente ainda afastada da elevação, na qual a vida significa tão pouco, a sua como a dos outros, e onde nenhuma medida humana tem lugar.

Se ficarmos neste plano, este texto oferece-nos considerações de ordem absolutamente metafísica, visando mostrar como, num tal nível, acaba por agir sobre o guerreiro uma força mais divina que humana. O ensinamento que krishna (principio do “conhecimento”) dispensa a Arjuna (principio da “acção”) para acabar com as suas hesitações, visa sobretudo realizar a distinção entre o que é incorruptível como espiritualidade absoluta, e aquilo que existe somente duma maneira ilusória como elemento humano e natural: “Sabemos que o não Ser não tem existência, sabemos também que o Ser nunca deixa de existir (…) Mas saibam que em tudo que isto for penetrado, é indestrutível, (…) aquele que crê que mata e aquele que crê que é morto, estes dois se enganam; nem este mata nem aquele morre (…) não está morto quando o corpo está morto (…) É por isso que combateis, oh Filhos de Bhârata! “ (op.cit.,II,16,17,19,20 e 18).

Mas não é tudo. A consciência da irrealidade metafísica daquilo que perdemos, ou fazemos perder, como vida caduca e corpo mortal (consciência que tem seu equivalente numa das tradições que nós já examinamos antes, onde a existência humana é definida como “ jogo e frivolidade”), se associa à ideia que o espírito, no seu absoluto, em sua transcendência diante tudo aquilo que é limitado e incapaz de ultrapassar este limite, não pode aparecer senão como uma força destruidora. Por isso se coloca o problema de ver em quais termos, dentro do ser, instrumento necessário de destruição e de morte, pode o guerreiro evocar o espírito, justamente sob esse aspecto, ao ponto de com ele se identificar. O Bhagavad-Guitá assim o diz exactamente. Não somente o Deus declara: “Eu sou a virtude dos fortes quando ela é isenta de paixão e de desejo; (…) eu sou o esplendor do fogo; (…) eu sou a vida em todos os seres e o ardor da mortificação dos ascetas; (…) eu sou a inteligência dos sábios, a majestade dos poderosos” (op.VII,11,9,10).

Pois, o Deus manifesta-se a Arjuna sob uma forma transcendente, terrível e fulgurante, e oferece-lhe uma visão absoluta da vida: tal como lâmpadas submetidas a uma luz muito intensa, com circuito investidos de potência elevada demais, os seres vivos caiem trespassados porque dentro deles queima uma força que transcende a própria perfeição, que vai além de tudo o que eles podem ou querem. Por causa disto que eles atingem um cume, e como levados por ondas às quais se tinham abandonado e que os levava até um certo ponto, eles arriscam, dissolvem-se, morrem e retornam ao não-manifestado. Mas aquele que não teme a morte, sabe assumir a sua própria morte, passando por lá tudo o que o destrói, engole, quebra, ele acaba por atravessar o limite, consegue manter-se na crista das ondas, não se enterra, ao contrário, aquilo que está além da vida manifesta-se nele. É assim que Krishna, a personificação do “principio do espírito”, depois de se ter revelado na sua totalidade a Arjuna, pode dizer: “ mesmo sem ti, todos estes guerreiros apresentados nas armadas inimigas vão perecer … Então levanta-te, conquista a tua glória; triunfa sob teus inimigos e adquire um vasto império. Eu já assegurei a derrota deles; sê somente um instrumento, mata-os. Não fiques perturbado; combate e vencerás teus rivais. “ (op.cit., XI,32,33,34).

Portanto encontramos assim a identificação da guerra com o “ caminho de Deus”, como já falamos nas páginas precedentes. O guerreiro cessa de agir enquanto pessoa. Uma grande força, não-humana, transfigura a acção, a torna absoluta e pura, precisamente no momento onde ela deve ser extrema. Vejamos uma imagem muito eloquente e que pertence a esta tradição: “A vida é como um arco; a alma é como uma flecha; o espírito absoluto o alvo a atingir. Unir-se a este espírito como a flecha disparada se agarra ao alvo”. Esta imagem é uma das mais fortes formas de justificação metafísica da guerra, uma das imagens mais completa da guerra como “guerra santa”.

Para terminar esta digressão das formas de tradição heróica, tal como nos foi apresentado por povos e épocas tão diversas, nós acrescentaremos ainda algumas palavras em jeito de conclusão.

Esta excursão num mundo que pode parecer insólito a alguns e nada tendo a ver com o nosso mundo, nós não o fizemos por curiosidade nem para exibir nossa erudição. Nós o fizemos, pelo contrário, no intuito preciso de demonstrar o sagrado da guerra, pois a possibilidade de justificar a guerra espiritualmente e a sua necessidade, constitui, no senso mais alto do termo, uma tradição. È algo que sempre esteve e sempre se manifestou, no ciclo ascendente de todas as grandes civilizações. Porquanto a neurose da guerra, as propagandas humanitárias e pacifistas, as concessões feitas à guerra como “mal necessário”, e fenómeno politico ou natural – tudo isto não corresponde a nenhuma tradição, não é mais que uma invenção moderna, recente, a par da decomposição que caracteriza a civilização democrática e materialista, contra a qual se afirmam novas forças revolucionárias.

Neste sentido, tudo aquilo que recolhemos, de fontes tão diversas e com o cuidado constante de separar o essencial do contingente, o espírito da palavra, possam servir a um conforto interior, a uma confirmação, a uma certeza aumentada. Não somente o instinto viril é justificado em termos superiores, mas também a possibilidade de discernir as formas da experiência heróica que correspondem à nossa mais alta vocação, e se desvenda bruscamente.

Agora devemos retornar àquilo que escrevemos no inicio deste estudo, demonstrando que há várias maneiras de ser “herói”, (ver animal e sub-pessoal). Ou seja, o que conta não é tanto a possibilidade vulgar de se lançar numa batalha e de se sacrificar, mas sim o espírito segundo o qual podemos viver uma aventura deste género. Agora temos todos os elementos para escolher, entre diferentes aspectos da experiência heróica, aquele que possamos considerar absoluto, aquele que possa verdadeiramente identificar a guerra com o “caminho de Deus”, e dentro do herói, possa realmente, deixar entrever uma manifestação divina.

Mas também, devemos recordar que, quando dizemos que o ponto onde a vocação guerreira atinja realmente um valor metafísico, reflectindo a plenitude universal, dentro de uma raça, só pode tender a uma manifestação e a uma finalidade igualmente universais, o que significa: só se pode predestinar esta raça a um império. Pois somente o império, tal uma ordem superior onde reine a paz triumphalis, reflexo terrestre da soberania do “supra-mundo”, pode ser comparável às forças, que dentro do domínio do espírito, manifestam as mesmas características de pureza, de força, de transcendência em relação a tudo que é pathos, paixão e limites humanos, e que se reflectem nas grandes e livres energias da natureza.

Metafísica da Guerra, de Julius Evola

Capítulo IV
-
Não se deve achar estranho, que depois de se examinar um conjunto de tradições ocidentais, relativas à guerra santa, quer dizer, à guerra com valor espiritual, nós nos propomos agora examinar este conceito como foi formulado pela tradição islâmica. Com efeito, nosso objectivo, como já o sublinhamos muitas vezes, é de pôr em relevo o valor objectivo de um princípio, pela demonstração da sua universalidade, da sua conformidade ao quod ubique, quo ab omnibus e quod semper. Somente assim, podemos ter a sensação que certos valores têm uma conotação absolutamente diferente do que podem pensar uns e outros, mas também, na sua essência, eles são superiores às formas particulares que assumiram para se manifestar nas duas tradições históricas. Quanto mais reconhecermos a correspondência interna das formas, e seu princípio único, mais aprofundaremos a própria tradição, até a intuir integralmente e a compreender partindo de seu ponto original e metafísico.

Historicamente, devemos sublinhar que a tradição islâmica, na parte que nos interessa, é de certa maneira herança da tradição persa, uma das mais altas civilizações indo-europeias. A concepção mazdeísta original da religião como milícia sob o signo do “Deus de Luz” , e da existência na terra como uma luta incessante para arrancar seres e coisas de um poder anti-Deus, é o centro da visão persa de vida. Deve-se considerar esta visão como a contrapartida metafísica e o fundo espiritual das lides guerreiras, cujo apogeu foi a edificação do império persa do “Rei dos reis”. Depois da queda da grandeza persa, alguns resquícios desta tradição subsistiram no ciclo da civilização árabe medieval, sob formas mais materiais e algumas vezes exageradas, mas sem nunca anular efectivamente o motivo original de espiritualidade.

Aqui, nós nos referimos às tradições deste género principalmente porque elas colocam em evidência um conceito muito útil para esclarecer posteriormente a ordem de ideias que nos propomos a expor. Trata-se dum conceito da grande guerra santa, distinto da “pequena guerra”, mas, ao mesmo tempo ligada a esta última de acordo com uma correspondência especial. A diferencia baseia-se num hadît (verso) do Profeta, que ao retornar duma expedição guerreira declarou: - ” nós voltamos da pequena guerra santa para a grande guerra santa”.

Aqui a pequena guerra, corresponde à guerra exterior, à guerra sangrenta e que se faz com armas materiais contra o inimigo, contra o “bárbaro”, contra uma raça inferior diante da qual reivindicamos um direito superior, ou então, quando a expedição é dirigida por um motivo religioso contra o “infiel”. Por mais terríveis e trágicos que possam ser os acidentes, por mais monstruosas que possam ser as destruições, nada mais resta a esta guerra, metafisicamente é sempre a “pequena guerra”. A “grande guerra santa”, é pelo contrário, de ordem interna e espiritual, é o combate que se trava contra o inimigo, ou o “bárbaro”, ou o “infiel” que cada um abriga em si, e que vai surgir em si mesmo, no momento que se quer submeter todo o seu ser a uma lei espiritual. Tanto quanto preconceito, desejo, paixão, instinto, fraqueza e cobardia interior, o inimigo que habita dentro do homem deve ser vencido, quebrado na sua resistência, encarcerado e dominado ao homem espiritual: tal é a condição para se atingir a libertação interior, a “paz triunfal” que permite participar naquilo que está além da vida e da morte.

È simplesmente ascetismo - dirão alguns. A grande guerra santa é a ascese de todos os tempos. E qualquer um estará tentado a acrescentar: é a via daqueles que fugiam do mundo e com a desculpa de uma luta interior transformam-se em rebanhos de pacifistas. Não é nada disto. Depois da distinção entre as duas guerras, expomos agora a sua síntese. È próprio das tradições heróicas prescrever a “pequena guerra “ , ou seja, a verdadeira guerra, sangrenta, como um instrumento para a “Grande Guerra Santa”, até ao ponto em que, finalmente, as duas não terminam sendo mais que uma só e mesma coisa.

È assim que no Islão, “guerra santa” – jihâd e “caminho de Deus” – são indiferentemente utilizados por uns e por outros. Quem se bate pelo “caminho de Deus”: um célebre hadîth, muito característico desta tradição diz : - “ o sangue dos Heróis está mais perto do Senhor que a tinta dos sábios e as orações dos devotos”. Aqui, e também nas tradições que já falamos, como a ascese romana da potência e a clássica mors triumphalis, a acção assume o exacto valor de uma ultrapassagem interior de acesso a uma via livre de obscuridade, do contingente, de dúvidas e da morte.

Em outros termos, as situações, os riscos, as provas inerentes às expedições guerreiras provocam a aparição do “inimigo” interior, que enquanto instinto de conservação, crueldade ou covardia, compaixão ou furor cego, surge como aquele que deve ser vencido, precisamente no momento exacto de vencer o inimigo exterior. Isto mostra que o ponto decisivo é constituído pela orientação interior, a permanência inabalável que é o espírito na dupla luta: - sem precipitação cega, nem transformação em brutos desconcertados, mas pelo contrário, total domínio das forças mais profundas, controle para nunca ser ludibriado interiormente, mas ficar sempre senhor de si mesmo, e este domínio permite de se afirmar acima de qualquer limite.

Mais à frente abordaremos uma outra tradição, onde esta situação é representada por um símbolo muito característico: - um guerreiro e um ser divino impassível, que sem combater, sustém e conduz o soldado, ao lado do qual ele se encontra, e estão no mesmo carro de combate. È a personificação da dualidade dos princípios do verdadeiro herói, cujas emanações têm sempre qualquer coisa de sagrado, e do qual ele é portador.

Na tradição islâmica, podemos ler num dos textos mais importantes: “ Combatei no caminho de Deus (quer dizer na guerra santa), aquele que sacrifica o caminho terrestre por aquele do além: pois aquele que combate no caminho de Deus e seja morto, ou vencedor, nós daremos uma imensa recompensa”. A premissa metafísica segundo a qual é dito: “combatei segundo a guerra santa aqueles que vos fazem a guerra””. “ Matai-os onde quer que os encontreis e esmagai-os. Não vos mostreis fracos nem os convideis à paz ” pois “ a vida terrestre é somente um jogo e um passatempo”, e “ quem se mostra avarento, só é avarento consigo mesmo”. Este ultimo principio é evidentemente relacionado com o fac-simile do evangelho: quem quer salvar sua própria vida a perderá, e quem a perde, a vive realmente”, confirmado por esta outra passagem: “ E a vós que credes, quando vos for dito: “vinde à batalha, pela guerra santa” vós ficastes imóveis? Vós preferistes a vida deste mundo à vida futura”, porque “ vós esperais de nós uma coisa, recompensa e não os dois supremos, vitória ou sacrifício?”.

Esta outra passagem é digna de atenção: “ a guerra vos foi ordenada, embora vos desagrade. Mas, qualquer coisa que seja boa para vós pode vos desagradar, e agradar-vos aquilo que é mau para vós: Deus, disse, então vós nada sabeis”, que é muito próximo de “eles preferem ficar entre aqueles que sobram: uma marca é gravada em seus corações, assim eles não o compreendem. Mas o apóstolo e aqueles que crêem com ele e combatem com aquilo que têm e com a sua própria pessoa, a eles a recompensa – e serão eles que prosperam – na grande felicidade.”


Aqui temos uma espécie de amor fati, uma intuição misteriosa, uma evocação e cumprimento heróico do destino, dentro da intima certeza que, quando existe a “intenção justa”, quando a inércia e a covardia são vencidas, o estimulo vai além da própria vida e da vida dos outros, além da felicidade e da aflição, guiado no sentido de um destino espiritual e duma sede de existência absoluta, dando então nascença a uma força que não falhará o objectivo absoluto. A crise de uma morte trágica e heróica passa a contingência sem interesse, e que, em termos religiosos é assim exprimida: “ Aqueles que forem mortos no caminho de Deus (aqueles que morrem em combate na guerra santa), a sua realização não será perdida. Deus os guiará e disporá de suas almas. Ele os fará entrar no paraíso que lhes revelou.”

Então o leitor se encontra envolvido por ideias expostas no mais alto e que são baseadas nas tradições clássicas e nórdico-medievais, no que se refere a uma imortalidade privilegiada e reservada aos heróis, os únicos que, segundo Hesiodo, habitam as ilhas simbólicas e onde levam uma existência luminosa e inatingível, à semelhança daqueles do Olímpio. Na tradição islâmica, encontram-se frequentes alusões ao facto que certos guerreiros, mortos na “guerra santa”, na verdade nunca morreram, dissertação somente simbólica, e muito menos a criticar certos estados sobrenaturais, separados das energias e destinos dos vivos. Não é possível entrar neste campo, que é muito misterioso e que exige referências que não interessam à natureza deste estudo.

Na verdade, hoje em dia, e precisamente em Itália, os rituais encontram uma força singular, pela qual uma comunidade guerreira declara “presente” os camaradas mortos no campo de honra. Parte de uma ideia que tudo que contem um processo evolutivo, e nos nossos dias, dotado de um carácter alegórico e de máximo de ética, tem na sua origem um valor de realidade (e todo o ritual é acção e não simples cerimónia), deve-se pensar que os rituais guerreiros actuais possam ser matéria de meditação e aproximação do mistério contido nos ensinamentos que acabamos de falar: a ideia que os heróis não estão verdadeiramente mortos, ou como aqueles vencedores que, à imagem do César romano, permanecem “vencedores perpétuos” no centro de uma linhagem.

Metafísica da Guerra, de Julius Evola

Capítulo III
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Examinemos de novo as formas da tradição heróica, que permitem à guerra assumir o valor de um caminho de realização espiritual, no sentido mais rigoroso do termo, e também de uma justificação e de finalidade transcendentais. Já falamos das concepções que, deste ponto de vista, foram as do antigo mundo romano. Depois demos uma olhada às tradições nórdicas e ao carácter imortal de toda a morte realmente heróica sobre o campo de batalha. Referimo-nos necessariamente a estas concepções para chegar ao mundo medieval, à Idade Média como civilização resultante da síntese de três elementos: primeiro romano, seguido do nórdico e finalmente o cristão.

Propomo-nos agora examinar a ideia da sacralidade da guerra, tal como foi concebida e cultivada ao longo da Idade Média. Evidentemente devemos referir-nos às Cruzadas, presos ao seu significado mais profundo, sem as reduzir aos determinismos económicos e étnicos, como o fazem os historiadores materialistas, e muito menos as reduzir a um fenómeno de superstição e de exaltação religiosa, como querem os espíritos “avançados”, enfim, nem a um fenómeno simplesmente cristão. Sobre este último ponto não devemos perder de vista a relação estreita entre meio e fim. Diz-se que nas Cruzadas a fé cristã se serviu do espírito heróico da cavalaria ocidental. É precisamente o contrário que é verdadeiro. A fé cristã e seus fins relativos e contingentes de luta religiosa contra o “infiel”, da “Libertação do Templo” e da “Terra Santa”, não foram mais que os meios que permitiram ao espírito heróico de se manifestar, de se afirmar e de se realizar numa espécie de ascese, distinto da contemplação, mas não menos rica em frutos espirituais. A maioria dos cavaleiros que deram suas forças e seu sangue pela “guerra santa” não tinham mais que uma ideia e um vago conhecimento teológico sobre a doutrina pela qual combatiam.

Por outro lado, o contexto das Cruzadas era rico em elementos susceptíveis de lhes conferir um significado simbólico, espiritual e superior. Através das vias do subconsciente, os mitos transcendentais refloresciam na alma da cavalaria ocidental: a conquista da “Terra Santa” situada para “além dos mares” apresenta com efeito, infinitamente mais referências reais que poderiam supor os historiadores com a antiga saga segundo a qual “no longínquo oriente onde nasce o sol, se encontra a cidade sagrada onde a morte não reina, mas onde os valorosos heróis que sabem esperá-la gozam de uma celestial serenidade e de uma vida eterna”. Por outro lado, a luta contra o Islão revestiu, por sua natureza, desde o princípio, o significado de uma prova ascética. “Não se trata de combater pelos reinos da terra – escreveu Kluger, o célebre historiador das Cruzadas – mas pelo reino dos céus; as Cruzadas não eram do domínio dos homens, mas sim de Deus – por isso não as podemos considerar como os outros acontecimentos humanos”. A guerra santa devia, segundo a expressão de um antigo cronista comparar-se “com o baptismo semelhante ao fogo do purgatório antes da morte”. Os papas e os predicadores comparavam simbolicamente aqueles que morriam nas cruzadas com o “ouro três vezes ensaiado e sete vezes purificado pelo fogo” e que podia conduzir ao Deus Supremo. “Não esqueçais jamais este oráculo – escreveu São Bernardo – quer vivamos, quer morramos, ao Senhor pertencemos. Que Glória para vós sair da confrontação cobertos de louros. Mas que alegria maior para vós, de ganhar sobre o campo de batalha uma coroa imortal … oh, condição afortunada! poder enfrentar a morte sem temor, mesmo desejá-la com impaciência, e recebe-la com o coração firme”. A glória absoluta estava prometida ao cruzado – glória asolue - em provençal – pois, à parte da imagem religiosa se lhe oferecia a conquista da supra vida, do estado sobrenatural da existência. Assim, Jerusalém, fim cobiçado da conquista, apresentava-se sob o duplo aspecto, duma cidade terrestre e duma cidade simbólica, a Cruzada tomava um valor interior, independente de todos os seus aparatos, seus suportes e suas motivações aparentes.

Afinal, foram as ordens da Cavalaria quem ofereceram o maior tributo às Cruzadas, com a Ordem do Templo e a dos Cavaleiros de São João de Jerusalém, compostas por homens que, como o monge ou asceta cristão “haviam aprendido a desprezar a vaidade desta vida; em tais ordens encontravam-se guerreiros fatigados pelo mundo, que tudo tinham visto e tudo tinham provado”, prontos a uma acção total e que não sustentavam mais nenhum interesse pela vida material e temporal nem pela política ordinária, no sentido mais restrito. Urbano II dirigia-se à cavalaria como à comunidade supra nacional daqueles “dispostos a partir até onde rebentasse uma guerra, a fim de levar o terror das suas armas para defender a honra e a justiça” … com mais razão deviam escutar e atender ao apelo da “Guerra Santa”, guerra que, segundo um dos escritores da época, não tinha por recompensa um feudo terrestre, revogável e contingente, mas um “feudo celeste”.

Mas o desenrolar das Cruzadas, num contexto mais amplo e no plano ideológico geral provocou uma purificação e uma interiorização do espírito de iniciativa. Segundo a convicção inicial de que a guerra pela “verdadeira” fé não podia ter mais que uma saída vitoriosa, os primeiros fracassos militares sofridos pelos exércitos cruzados foram um foco de surpresas e assombro, mas à posteriori serviram, no entanto, para trazer à luz o aspecto mais elevado da “guerra santa”. O resultado desastroso de uma Cruzada era comparado pelos clérigos de Roma ao destino da virtude desgraçada que não é julgada nem recompensada, a não ser em função da outra vida. E isto anunciava o reconhecimento de algo superior tanto na vitória como na derrota, a colocação no primeiro plano do aspecto próprio à acção heróica cumprida independentemente dos frutos visíveis e materiais, quase como uma oferenda transformando o holocausto viril de toda a parte humana em “glória absoluta” e imortal.

É evidente que desta maneira se devia acabar por atingir um plano, por assim dizer, supra-tradicional, tomando a palavra “tradição” num sentido mais restrito, mais histórico e religioso. A fé religiosa em particular, os fins imediatos, o espírito antagonista, convertiam-se então em elementos tão contingentes como são a natureza variável de um combustível destinado somente a produzir e a alimentar uma chama. O ponto central continuava a ser o valor santo da guerra. Mas se prefigurava igualmente a possibilidade de reconhecer, que aqueles que eram adversários no momento, pareciam atribuir a este combate o mesmo significado tradicional.

Este é um dos elementos, graças ao qual as Cruzadas serviram, apesar de tudo, para facilitar o intercâmbio cultural entre o Ocidente gibelino e o Oriente árabe (ponto de reencontro, por sua vez, de elementos tradicionais mais antigos), mas o alcance disto vai muito mais longe do que a maioria dos historiadores demonstraram até ao presente. Da mesma forma, as ordens de cavalaria das cruzadas, se encontram diante das ordens de cavalaria árabes, que lhes eram quase análogas no plano da ética, por vezes mesmo dos símbolos, e por isso a “guerra santa” que havia motivado as duas civilizações, uma contra a outra em nome das suas religiões respectivas, permitiu igualmente o seu reencontro e que, partindo de duas crenças diferentes, cada uma acabou por dar à guerra um valor de espiritualidade análogo e independente. É afinal aquilo que se sobressai, quando estudarmos como, forte na sua fé, o antigo cavaleiro árabe se eleva ao mesmo nível supra tradicional que o cavaleiro cruzado pelo seu ascetismo heróico.

Agora, este é outro ponto que queremos aflorar. Aqueles que julgam as Cruzadas superficialmente, as remetem a um dos episódios mais extravagantes da “obscura” Idade Média, não supõem que o que definem como “fanatismo religioso” é a prova tangível da presença e da eficácia de uma sensibilidade e de um tipo de decisão cuja ausência caracterizava a barbárie autêntica. Já que o homem das Cruzadas sabia todavia afirmar-se, combater e morrer por um motivo, que na sua essência, era supra político e supra humano. Associava-se também a uma união baseada, não sobre o particular, mas sobre o universal. E isto significa um valor, um ponto de referência inabalável.

Naturalmente não se deve confundir nem pensar que a motivação transcendente possa ser uma desculpa para tornar o guerreiro indiferente, para o fazer negligente aos deveres inerentes à sua fidelidade a uma raça e a uma pátria. Não se trata disso. Pelo contrário, trata-se essencialmente, de significados profundamente diferentes segundo os quais, acções e sacrifícios podem ser vencidos, embora observados do exterior, possam ser absolutamente os mesmos. Existe uma diferença radical entre quem faz simplesmente a guerra, e quem pelo contrário, na guerra faz também a “guerra santa”, e vive uma experiência superior, desejada e desejável para o espírito.

É preciso acrescentar que, se esta diferença é, antes de tudo interior e sob o impulso de tudo o que interiormente tem uma força, traduz-se também no exterior, provocando efeitos sobre outros planos e, mais particularmente nos termos seguintes: antes de mais, termos duma “irredutibilidade” do impulso heróico: quem vive espiritualmente o heroísmo está carregado de uma tensão metafísica, animado por um estimulo cujo objectivo é “infinito”, e superará sempre aquilo que anima quem combate por necessidade, por oficio ou sob impulsos naturais ou sugestões.

Em segundo lugar, quem combate numa “guerra santa” situa-se espontaneamente, para além de todo o particularismo, vive num clima espiritual que, num dado momento, pode muito bem dar origem a uma unidade supra nacional dentro da acção. É precisamente isto o que se verificou nas Cruzadas, quando príncipes e chefes de todos os países se uniram para a expedição heróica e santa, para além dos seus interesses particulares e utilitários e das divisões políticas, realizando pela primeira vez uma grande unidade europeia conforme a sua civilização comum e ao próprio princípio do Sacro Império Romano Germânico.

Se soubermos abandonar o “pretexto”, se soubermos isolar o essencial do contingente, encontraremos um elemento precioso que não se limita a um período histórico determinado. Conseguir conduzir a acção heróica sobre um plano “ascético”, justificá-la também em função desse plano, significa desimpedir o caminho para uma nova e possível unidade de civilização. Isto significa também, separar todo o antagonismo condicionado pela matéria, preparar o espaço das grandes distancias e as amplas frentes, para dimensionar, pouco a pouco, os objectivos externos da acção no seu novo significado espiritual: tal como se verifica quando não é só por um país ou por ambições temporais que se combate, mas em nome de um princípio superior de civilização, de uma tentativa de, por ser metafísico, nos faz ir para a frente, para além de todo o limite, para além de todos os perigos e para além de qualquer destruição.

Metafísica da Guerra, de Julius Evola

Capítulo II
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Acabamos de ver como o fenómeno do heroísmo guerreiro pôde revestir várias formas e obedecer a diferentes significados, uma vez fixados os valores de autêntica espiritualidade que o diferenciam profundamente.
Por agora, vamos começar examinando certas concepções relativas às antigas tradições romanas.
Em geral, não existe mais do que um conceito laico do valor da romanidade na antiguidade. O romano não foi mais que um soldado no sentido restrito da palavra, e graças às suas virtudes militares, unidas a uma feliz concorrência de circunstâncias, pôde conquistar o mundo.

Antes de tudo, o romano alimentava a intima convicção de que Roma, seu “Imperium” e sua “Aeternitas” eram derivadas de forças divinas. Para considerar esta convicção romana, sob um aspecto exclusivamente “positivo”, é preciso substituir esta crença por um mistério: mistério de como um punhado de homens, sem nenhuma necessidade de “terra” ou “pátria”, sem estarem possuídos por nenhum destes mitos ou paixões, que tanto atraem os modernos e com as quais justificam a guerra e promovem acções heróicas, mas sob um estranho e irresistível impulso, este mistério arrastava os romanos, cada vez mais longe, de país em país, reduzindo tudo a uma “ascese de poder”. Segundo testemunhos de todos os clássicos, os primeiros romanos eram muito religiosos – “nostri maiores religiosissimi mortales” – mas esta religiosidade não ficava só dentro de uma esfera abstracta e isolada, espalhava-se na prática, no mundo da acção e por consequência, abarcava também a experiência guerreira.

Um colégio sagrado formado pelos “Festivos” presidia em Roma a um sistema bem determinado de ritos, que serviam de contrapartida mística a qualquer guerra, desde a sua declaração até à sua conclusão. De uma maneira geral, é certo que um dos princípios da arte militar romana era evitar travar batalhas antes que os signos místicos tivessem, por assim dizer, indicado o “momento”.

Com as deformações e preconceitos da educação moderna não se quererá ver nisto mais que uma super estrutura extrínseca feita à base de superstições. Quanto aos mais benévolos, não será mais que um fatalismo extravagante. Mas não era nem uma coisa nem outra. A essência da arte de adivinhação praticada pelo patriciado romano, assim como outras disciplinas análogas de carácter mais ou menos idêntico no ciclo das grandes civilizações indo-europeias, não era descobrir o “destino” na base de uma supersticiosa passividade. Pelo contrario, era descobrir antecipadamente os pontos de conjugação com influências invisíveis, para concentrar as forças dos homens e torná-las mais poderosas, de multiplicá-las e as induzir a actuar sobre um plano superior, com o fim de varrer - quando a concordância era perfeita - todos os obstáculos e resistências no plano material e espiritual. É difícil pois, a partir disso, duvidar do valor romano, a ascese romana de potência não era só na sua contrapartida espiritual e sacra, instrumento da grandeza militar e temporal, mas também num contacto e uma união com as forças superiores.

Se fosse este o momento, poderíamos citar numerosa documentação para fundamentar esta tese. No entanto, nos limitaremos a recordar que a cerimónia do triunfo tinha em Roma um carácter muito mais religioso que laico-militar, e numerosos elementos permitem deduzir que o Romano atribuía a vitoria dos seus “duces” mais a uma força transcendente, que se manifestava real e eficazmente através deles, no seu heroísmo e inclusive por meio do seu sacrifício (como no rito da “devotio” no qual os chefes se imolavam), que a suas qualidades simplesmente humanas. Desta forma, o vencedor, revestindo as insígnias do Deus capitolino supremo, se identificava com ele, era sua imagem, e depositava nas mãos deste Deus, os louros da sua vitória, em homenagem ao verdadeiro vencedor.

No fundo, uma das origens da apoteose imperial, era o sentimento que debaixo da aparência do Imperador se escondia um “numen” imortal, incontestavelmente derivado da experiência guerreira: O “Imperatore”, originariamente era o chefe militar aclamado sobre o campo de batalha, no momento da vitória, mas nesse instante aparecia também como transfigurado por uma força vinda do alto, terrível e maravilhosa que dava a impressão do “numen”. Esta concepção, por outro lado, não é exclusivamente romana, encontra-se em toda a antiguidade clássico-mediterrânea e não se limitava aos generais vencedores, estendia-se aos campeões olímpicos e aos sobreviventes dos combates sangrentos do circo. Na Helade, o mito dos Heróis confunde-se com as doutrinas místicas, como o orfismo, e identifica o guerreiro vencedor como o iniciado, vencedor da morte. Testemunhos precisos sobre um heroísmo e um valor que emanavam, mais ou menos conscientemente, das vias espirituais, abençoados não só pelas conquistas materiais e gloriosas, mas também pelo seu aspecto de evocação ritual e de conquista espiritual.

Passemos a outros testemunhos desta tradição que, pela sua natureza, é metafísica e, em consequência, o elemento “raça” não pode ter mais que uma parte secundária e contingente. Dizemos isto, pois mais adiante, trataremos da “Guerra Santa” que foi praticada no mundo guerreiro do Sacro Império Romano-Germânico. Esta civilização apresentava-se como um ponto de confluência criadora de vários elementos: um romano, um cristão e um nórdico.

Relativamente ao primeiro elemento, já fizemos alusão a ele no contexto que nos interessa. O elemento cristão se manifestara sob os rasgos de um heroísmo cavalheiresco supra nacional com as cruzadas. Resta o elemento nórdico. Com o objectivo de que ninguém se alarme, assinalamos que se trata de um carácter essencialmente supra-racial, portanto incapaz de valorizar ou denegrir um povo em relação a outro. Para fazer alusão a um plano no qual nos auto excluímos, de momento nos limitaremos a dizer que nas evocações nórdicas, mais ou menos frenéticas que se celebram hoje em dia “ad usum delphini” na Alemanha nazi, por surpreendente que possa parecer, se assiste a uma deformação e a uma depreciação das autênticas tradições nórdicas tal como foram originariamente e tal como se perpetuaram nos Príncipes que tinham por grande honra o poder de se denominarem “romanos” ainda que sendo de raça teutónica. Pelo contrário, para numerosos escritores “racistas” de hoje, “nórdico” não significa mais que “anti-romano” e “romano” teria mais ou menos um significado equivalente a “judeu”.

Dito isto, é interessante reproduzir uma significativa forma guerreira da tradição celta: “combatei por vossa terra e aceitai a morte se for preciso: pois a morte é uma vitória e uma libertação da alma”. Este conceito corresponde, em nossas tradições clássicas, à expressão “mors triumphalis”. Quanto à tradição realmente nórdica, ninguém ignora a parte do Walhalla, reino imortal reservado, não somente aos “homens livres”, de fonte divina, mas também aos Heróis mortos no campo de honra (Walhalla, significa literalmente “o reino dos eleitos”). O Senhor deste lugar simbólico é Odin-Wotan conforme contado na Ynglingasaga, como aquele que, pelo seu sacrifício simbólico na “árvore do mundo”, havia indicado aos Heróis, um modo de esperar o divino descanso, um lugar onde se vive eternamente sobre um cume luminoso e resplandecente, para além das nuvens. Segundo esta tradição, nenhum sacrifício, nenhum culto era tão grato a Deus, nem mais rico em recompensa no outro mundo, como aquele realizado pelo guerreiro que combate e morre lutando. Ainda há mais: o exército dos heróis mortos em combate deve reforçar a falange dos “heróis celestes” que lutam contra o Ragna-rök, ou seja, contra o destino do “obscurecimento do divino” que, segundo os ensinamentos, como no caso dos clássicos gregos, (Hesiodo) pesa sobre o mundo desde as idades mais remotas.

Encontramos este tema sobre formas diferentes nas lendas medievais que concernem à “última batalha” que livrará o Imperador jamais morto. Aqui, para perceber o elemento universal, temos que trazer à luz a concordância de antigos conceitos nórdicos (que, diga-se de passagem, Wagner desfigurou com o seu romantismo empolgado, confuso e teutónico) com as antigas concepções iranianas e persas. Alguns se surpreenderão ao saber que as famosas Walkirias não são quem escolhe as almas dos guerreiros destinados ao Walhalla, mas sim a personificação da parte transcendente destes guerreiros, cujo equivalente exacto são as fravashi que na tradição irano-persa estão representadas como mulheres de luz e virgens arrebatadas das batalhas. Personificam mais ou menos as forças sobrenaturais em que as forças humanas dos guerreiros ”fiéis ao Deus da Luz” podem transfigurar-se e produzir um efeito terrível e turbulento nas acções sangrentas. A tradição iraniana continha igualmente a concepção simbólica de uma figura divina - Mithra, concebido como o “guerreiro sem sono” - que à frente das fravashi de seus fiéis, combate contra os emissários do deus das trevas, até à aparição do Saoshyant, senhor de um reino futuro, de “paz triunfal”.

Estes elementos da antiga tradição indo-europeia, repetem sempre os temas da sacralidade da guerra e do herói que não morre realmente, senão que passa a ser soldado de um exército místico numa luta cósmica, interferindo visivelmente com os elementos do cristianismo: pelo menos do cristianismo que pode assumir a divisa ”Vita est militia super terram” e reconhecer que não somente com a humildade, caridade, esperança e outras, mas também com uma certa violência – a afirmação heróica, aqui – é possível aceder ao “ Reino dos Céus”. É precisamente desta convergência de temas que nasceu a concepção espiritual da “Grande Guerra” própria da Idade Média das Cruzadas e que vamos analisar, debruçando-nos especialmente sobre o aspecto interior individual destes ensinamentos, sempre actuais.
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